Maior autoridade da vila, sofreu perseguição política.

Há 66 anos, dia 15 de janeiro de 1955, uma quinta-feira, falecia em Curitiba, com apenas 57 anos de idade, o engenheiro agrônomo Eduardo Virmond Suplicy. Após a morte, seu nome foi dado à principal praça pública de Francisco Beltrão, aquela do Calçadão, no centro da cidade.
Motivo da homenagem? Suplicy foi o primeiro administrador da Cango (Colônia Agrícola Nacional General Osório), de 1943 a 1955, período de formação do povoado que virou sede do município e cidade polo regional. “Tudo que se fazia em Marrecas era em função da Cango ou para a Cango”, escreveu o autor do livro “Entre Jagunços e Posseiros”, dr. Rubens Martins, que foi médico da Cango a partir de março de 1949. É como se ele tivesse sido o primeiro prefeito.
Eduarco Virmond Suplicy era paranaense da cidade da Lapa. Nasceu em 18 de novembro de 1897 e se formou engenheiro agrônomo em Piracicaba (SP), no ano de 1922. Casou em 1935, com Regina de Faria Afonso da Costa.
Conforme o Jornal de Beltrão publicou na edição especial dos Pioneiros (13-12-1991), dr. Suplicy “teve comércio e várias atividades, no Paraná, até ser nomeado administrador da Cango, de fins de 43 até 26-6-50, quando foi exonerado por motivos políticos, mas voltou em 19-3-1951 e ficou até 22-11-54, quando se afastou por motivo de saúde. Faleceu em Curitiba”.
Campo de futebol e campo de batalha
No início, o local da praça tinha um campo de futebol de terra e uma casa. Em 1957, foi o principal palco da Revolta dos Posseiros, assim como em 1963 recebeu muita gente para o início da entrega de títulos de propriedade fornecidos pelo Getsop. São incontáveis os eventos já realizados nesta praça.
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Cartão postal
Nos anos 60, na primeira administração do prefeito Antonio de Paiva Cantelmo, a quadra toda foi rebaixada e formada a praça, com passeios calçados, canteiros de grama, flores, árvores e um obelisco no centro.
Ficou tão bonito que virou cartão postal, como se vê em um deles, enviado por Gilda Virmond para sua amiga Sirlei Geremia, que estava estudando em Curitiba, em 1969: “Querida Sirlo- ca, como vês, por incrível que pareça, já existem postais de nossa cidade circulando por aqui. Como vai a Marlene? E a Pô? E você, como vai de cursinho? Será que em novembro para a festa da Fenafe você estará por aqui?”
Espaço de registro histórico e cultural
Para seu trabalho de conclusão de uma pós em Educação pela Unioeste, a então mestranda Bruna Kisathowski Fiss escolheu como tema a Praça Eduardo Virmond Suplicy (EVS), com o título “Praça espaço de registro histórico e cultural”. Belo trabalho. Buscou muita informação e ilustrações.

Na conclusão de seu trabalho, Bruna anotou:
“A região Sudoeste do Paraná foi território de disputas, espaço de luta, que culminou com a Revolta dos Posseiros. A Praça EVS surgiu com a própria constituição do município de Francisco Beltrão, juntamente com a igreja católica, demarcaram com este local o centro da cidade, que se desenvolveu ao seu entorno. Ali está registrada a materialidade histórica e resguardada a sua representação processual, nos monumentos, nos símbolos e na estrutura de uma sociedade que se desenvolveu pela origem cultural, dos imigrantes que pra cá vieram e preservaram suas origens culturais e religiosas. Entretanto, a presença dos monumentos está relacionada às instituições das quais reproduzem a originalidade e a identidade hegemônica de uma sociedade que se formou neste território.”
E mais:
“A materialidade da Praça EVS está evidenciada como espaço de lazer, de trabalho, de referência de localização geográfica e de turismo. O eventual que ocorre é a procura, pelas instituições escolares, para desenvolvimento de ações sociais com a comunidade. Esta pesquisa demonstra o potencial educativo a ser desenvolvido, também evidenciado nesta dissertação pelos marcos históricos e geográficos do território.”