Novo método não é invasivo e otimiza o processo.
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Para muitos doadores de sangue, um dos momentos mais incômodos, se não o mais, é a hora da “picadinha” no dedo para a triagem hematológica antes da doação. Mas agora, com o novo equipamento recebido pelo Hemonúcleo de Francisco Beltrão, essa etapa não será mais invasiva e ainda otimizará o processo, diminuindo o tempo da triagem.
O dispositivo chamado VSM possui tecnologia israelense e foi trazido ao Brasil pela Cnoga Medical. O aparelho portátil é um medidor de sinais vitais de bioparâmetros, que usa a espectrofotometria — é composto por câmeras e eletrodos.
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“Quando a gente encaixa o dedo do doador no dispositivo e fecha, ele começa a fazer a leitura, uma combinação numérica de coloração das células, e daí ele vai me dar os parâmetros. Ele me dá seis parâmetros: três hemodinâmicos e três hematológicos”, explica a enfermeira Allyne Barbato, representante da Cnoga.
Na parte hemodinâmica, saem resultados de frequência cardíaca, pressão e saturação e, na hematológica, informações de hemoglobina, hematócrito e eritrócitos, que são os glóbulos vermelhos. Os índices desses dados definem se o doador está apto ou não para a doação. De maneira simplificada, também é conhecido como o teste da anemia.

O fim da picadinha
“Como ele faz uma leitura não invasiva, a gente não precisa de amostra sanguínea do doador e esse é o diferencial do atendimento dos bancos de sangue que utilizam essa tecnologia”, complementa Allyne.
Segundo ela, a Cnoga oferece o mesmo serviço a outros bancos de sangue referência no Brasil, como a Fundação Pró-Sangue, do Governo de São Paulo, e o Hemocentro de Ribeirão Preto (SP).Quem também comemora o fim da picadinha é o enfermeiro Fábio Marcelo Ebert, diretor do Hemonúcleo.
“Esse método já foi adotado por inúmeros hemocentros no Brasil e uma coisa bem importante que eles colocaram, e a gente compartilha dessa ideia também, é que a etapa da triagem hematológica é uma das mais, se não a mais, temidas pelo doador, que muitas vezes acaba levando à desistência de uma doação por ser invasiva e dolorosa”, comenta.
O processo será feito pelo médico ou profissional supervisionado por médico e os dados coletados no aparelho vão diretamente para o sistema do Hemonúcleo, evitando também o preenchimento de papéis.
“Nós vamos interfacear com nosso sistema. Enquanto o médico está fazendo a entrevista, as primeiras questões, um minuto e meio, ele já vai estar vendo a pressão arterial, hemoglobina, deu algum problema, ele precisa abrir e fechar, ele vai abrir e fechar de novo, posicionar melhor o dedo, porque a triagem demora de 12 a 15 minutos, normalmente, então vai ter tempo suficiente para o profissional”, acrescenta Fábio. Após o uso por um doador, o VSM passará por higienização, seguindo protocolos sanitários, para ser novamente utilizado com segurança.
Destaque
Além de Beltrão, somente outros quatro hemonúcleos do Paraná receberam o aparelho — os cinco com mais doação de sangue da Rede Hemepar —, são eles: Campo Mourão, Toledo, Ponta Grossa e o biobanco do Hospital de Clínicas de Curitiba, e os hemocentros de Cascavel, Foz do Iguaçu e Maringá. A intenção do centro é expandir o uso da tecnologia para as 23 unidades do Estado.
Neste ano, o Hemonúcleo beltronense já recebeu uma máquina fracionadora (filtragem do sangue), que também melhorou o processo da captação e destinação do sangue. “Estou muito satisfeito, o momento que a gente está vivendo tem sido de captar doador, como garimpador, por conta da pandemia. Faz um ano que a gente está assim, os nossos números não têm caído muito, mas por conta de todo esse trabalho de garimpeiro mesmo, e agora, com essa tecnologia, a gente pensa que isso tende a aumentar, porque essa picadinha realmente era uma coisa incômoda”, completa Fábio.