O livro Sudoeste Político (publicado pelo Jornal de Beltrão em 2010, com reedições em 2014 e 2018 – e terá nova edição em 2022) publica alguns tópicos sobre o início do município de Ampere. Também dá um resumo das disputas pela Prefeitura, desde a primeira eleição, em 1961.

Ampere virou Distrito de Capanema em 1957. Quando foi elevado à condição de município, em 1961, havia em toda a região extensas áreas de matas nativas, com muita madeira de lei e palmitos nativos, que eram explorados comercialmente. O novo município precisava arrecadar e uma das primeiras leis, a número 06/1961, criava o “imposto sobre a exploração de palmito”.
O vereador eleito Elízio Folamiotti (PL) fazia campanha contra a criação de impostos, dizendo que eram ilegais. Mas ele não desempenhava seu papel de vereador, tanto que não compareceu à solenidade de posse, dia 28 de novembro de 1961, e depois não comparecia às sessões da Câmara. Acabou sendo cassado, na sessão de 22 de fevereiro de 1962. O suplente que assumiu, José Marcolino Zanchi, também do PL, disse que o vereador cassado era “um câncer” para Ampere.
O primeiro prefeito, Augustinho Gnoatto (PTB), também perdeu a motivação para continuar no cargo, no último ano do mandato. Depois do dia 14 de agosto de 1965, não apareceu mais na Prefeitura. O pior é que o vice-prefeito, Arcebílio Antônio da Silva (PTB), também não se motivou para assumir, tanto que em um mês e meio, até o dia 29 de setembro, havia comparecido na Prefeitura somente duas vezes.
Os vereadores foram buscar informações na sede da Comarca, Santo Antônio do Sudoeste. O cargo de prefeito não podia ficar vago, por isso foi empossado o presidente da Câmara, João Maria Lerias (também do PTB), que respondeu pelo Executivo até a posse do segundo prefeito eleito, José Arnoldo Dresch (PDC).
Augustinho Gnoatto, que não concluiu seu mandato de prefeito, elegeu-se vereador em 65, mas não compareceu no dia da posse, 4 de abril de 66, e foi substituído pelo suplente Nelson Parizotto.
A segunda gestão também foi tumultuada. Começou com a desistência do vereador Abrão Fantin. Ele propôs que os vereadores passassem a ser remunerados e, como ninguém deu apoio ao seu pedido, deixou de comparecer às sessões.
Dia 2 de agosto de 1968, o vereador João Maria Lerias pediu uma CPI para apurar denúncias administrativas contra o prefeito José Arnoldo Dresch. E na sessão do dia 5 de novembro de 1968, o vereador João Ribeiro de Farias (suplente do PSD que assumiu no lugar de Raulino Bockemeyer) apresentou um relatório de 16 itens de irregularidades que teriam sido cometidas pelo prefeito.
Desta vez a CPI foi constituída, mas, para a decepção geral, a resposta a um ofício enviado ao juiz da Comarca foi que era “desconhecida na lei brasileira a exoneração de um prefeito municipal eleito na forma da legislação vigente”. E que “uma simples cópia da ata da Câmara não pode terminar em exoneração do prefeito”.
Em 25 de novembro de 1988, houve a cassação do vereador Antelmo Luiz Fistarol (PDS), por não comparecer a cinco sessões consecutivas da Câmara. Muitos outros episódios aconteceram ao longo dos primeiros 53 anos de história do município, sempre contando com vitória ou derrota de um ou de outro dos dois grupos que têm se alternado no domínio da política amperense.
Na primeira eleição, dois candidatos a prefeito, mas em 1982 teve seis
Ampere chegou a lançar seis candidatos, em 82, quatro em 76 e três em 88. Predominou a disputa entre dois candidatos a prefeito (sete vezes) e duas eleições foram de candidato único.
Em 1961, na primeira eleição, Augustinho Gnoatto (PTB) fez 878 votos e derrotou Lino Rochemback (UDN), 484 votos, e Albino Ranzolin (PDC), 184.
Em 1965, José Arnoldo Dresch (PDC) venceu Antônio Detoni (PTB) por 729 x 684 votos.
Em 1969, só deu candidatos da Arena, tanto na disputa da Prefeitura como da Câmara. Para prefeito, Nelson Parizotto fez 1.873 votos e venceu João Maria Lerias, que fez 786.
Em 1972, novamente todos os candidatos a vereador eram da Arena e para prefeito um único candidato, Romildo Debortoli, que se elegeu com 2.222 votos (73,69%).
Em 1976, quatro candidatos. O ex-prefeito Nelson Parizotto (Arena) voltou a se eleger, com 1.782 votos. Izair Antônio Favretto (MDB I) fez 1.092; Ariovaldo Baccin (Arena), 852; e Cláudio Luiz Dettoni (MDB), 830.
Em 1982, seis candidatos. Izair Favretto insistiu no PMDB e se elegeu com 2.630 votos. Flávio Penso (PDS), 1.147; Orlando Dettoni (PMDB), 1.003; Marino Delani (PDS), 799; Laurindo Francisco Sartori (PMDB), 555; e Elson Gonçalves Viana (PDS), 159.
Em 1988, Flávio Penso (PDT) se elegeu com 2.640, apenas 12 votos a mais que o segundo colocado, Fábio de Toni (PMDB), com 2.628. José Augusto Amatneeks (PT) fez 697. Em 1992, Rui Luquini (PDT) venceu Izair Favretto (PTB) por 4.014 x 3.502 votos.
Em 1996, candidato único, Flávio Penso se elegeu pelo PP com 5.720 votos.
Em 2000, Roberto Dettoni, candidato da coligação PDT, PT, PMDB e PPS, venceu Flávio Penso (PPB, PTB e PFL), por 5.232 x 3.693 votos.
Em 2004, Roberto Dettoni se reelegeu com vitória de 4.820 x 4.250 sobre o ex-prefeito Rui Luquini (PFL).
Em 2008, nova eleição de Flávio Penso (PP). Ele derrotou Nereu Perondi (PMDB) por 5.585 x 4.930, tendo Leonir José Corá, do PPS, como vice.
Em 2012, três candidatos. Hélio Alves, que já tinha sido vereador por cinco gestões (89-92 e 1997 a 2012), sempre pelo PDT, elegeu-se com 5.966 votos (54,32%), tendo Luiz Carlos Grzebieluckas (PSL) como vice. Em segundo ficou o prefeito Flávio Penso (PP), que fez 4.730 votos (43,06%) e não se reelegeu, tendo Leonir José Corá (PSDB) como candidato a vice. Em terceiro, Dirceu Luiz Sirtoli (PSB), com Dary Antônio Follmann (PPS) como candidato a vice, 288 votos (2,62%).
Em 2016, três candidatos a prefeito. Ildo Marchiori, PPS (André Peres, do PPS, como vice), fez 2.416 votos; Jeferson do Nascimento Lourenssi (Edson Fagundes, do PSDB, como vice), PDT, 4.331 votos. O eleito foi Disnei Luquini, PP, com 4.437 votos, com Leonir Corá, PTB, como vice.
Em 2020, o prefeito Disnei Luquini, agora no PSDB, foi para a reeleição com um novo vice, Celso Sagioratto, do MDB. Foi reeleito com 7.314 votos, derrotando outros três candidatos: Flávio Penso (PP), com Ederson dos Santos Cora (PSD) para vice, fez 2.671 votos; Terezinha Reichert (PSC), com Leonel Martini (PSC) para vice, fez 1.284 votos; e Dary Antonio Follmann (Podemos), com Eunice Vendrusculo Potrich (Podemos) para vice, 369 votos.