A isenção foi uma das conquistas dos caminhoneiros na greve de fevereiro, mas motoristas e proprietários não estão contentes.

Na “Lei dos Caminhoneiros”, sancionada pela presidente Dilma Rousseff (PT) e publicada em Diário Oficial no dia 3 de março, o governo estabeleceu, entre outros benefícios para a classe, a isenção do pedágio para eixo levantado. Isso significa que os caminhoneiros não precisarão pagar por eixos do caminhão que estiverem descarregados e com as rodas erguidas, sem tocar o asfalto.
Segundo o empresário do ramo dos transportes, Humberto Toscan, isso é questão de bom senso. “É coerente não cobrar pelas rodas que não estão tocando o chão”. No entanto, isso não estava previsto nos contratos das concessionárias de rodovias, responsáveis pela manutenção e pela cobrança do pedágio.
A Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR) afirmou que a Lei dos Caminhoneiros pode prejudicar os lucros das concessionárias, por isso, afirma em nota oficial que a lei tornaria necessária a “recomposição concomitante dessas perdas, nos termos da legislação em vigor e dos contratos vigentes, sob pena de descaracterizar o modelo de concessões de rodovias”.
Diante da nova lei, as concessionárias buscam junto ao governo maneiras de reequilibrar os contratos. E o prejuízo, certamente, será dos usuários, com menos investimentos na reparação das rodovias ou aumento nas tarifas de pedágio para todos.
O empresário Denilso Baldo, de Beltrão, que atua no ramo de transportes, afirma que de nada adianta não cobrar o pedágio do eixo erguido, se todos os usuários – inclusive os caminhoneiros – vão ter que arcar com aumento de tarifa. “É só um engodo. Parece que o governo está dando um benefício para a classe, mas no fim quem vai pagar é todo mundo”, critica.
O presidente da Cooperativa de Transportes de Francisco Beltrão (Coptrans), Ezidio Salmoria, reforça: “Considerando as condições das estradas que temos, o preço do pedágio já é abusivo. Agora o governo isenta o eixo erguido e aumenta o resto? É uma palhaçada!”
Além disso, Ezídio comenta que a economia da isenção nem é tão grande. “Geralmente os caminhões passam carregados, é difícil estar vazio e com eixo erguido”. O empresário Humberto Toscan concorda, dizendo que “a economia é pequena. A maioria dos caminhões vão e voltam carregados”.
O motorista Raul Pramio, proprietário de caminhão, comenta que, apesar da economia ser pouca, “a isenção é uma conquista que já ajuda”. Mas quando escuta que essa conquista vai acabar virando aumento na tarifa, a desesperança aparece. “É mais um aumento, mais um gasto… Desse jeito, o transporte no país vai ficar cada vez pior”, lamenta.