17.3 C
Francisco Beltrão
sábado, 31 de maio de 2025

Edição 8.216

31/05/2025

Jarbas Passarinho gostava de ler Baleeiro

Desde que fossem cartas datilografadas, porque as manuscritas eram “intraduzíveis”

Jorge Baleeiro de Lacerda entrevistando o então bispo auxiliar da Diocese, dom Luiz Bernet, em Francisco Beltrão.

Jorge Baleeiro de Lacerda, o maior estudioso do Brasil, de norte a sul e leste a oeste, estaria completando nesta semana 71 anos. Paraense de nascimento, beltronense de coração, residiu aqui por mais de quatro décadas, entre 1975 e 2016, quando faleceu.

[relacionadas]
Nesta semana, o Jornal de Beltrão recorda Baleeiro com cartas que ele recebia de ilustres personalidades brasileiras, como Alaôr Eduardo Scisínio, Murilo Melo Filho, David Carneiro e Vilas Bôas Corrêa. A carta de hoje é do ex-ministro Jarbas Passarinho.

Brasília, 5 de abril de 2006

- Publicidade -

Meu caro Baleeiro

Estou preparando o caixote de livros. Gosto de ler-te. Mas assinei o AI-5 consciente de que, sem ele, o Exército não venceria as guerrilhas comunistas. Teve que aprender a combatê-las.

Meus escrúpulos provinham de que, em 31 de março de 64, entrei nele para defender a democracia ameaçada (ver o livro Gorender, Combate nas Trevas. Honesto marxista) e em 68 enveredava pela ditadura. Foi assim, ditadura, que referi no meu voto. Fui contestado na reunião. Lê, na internet, todos os votos e tira tuas conclusões. Nada tenho de que arrepender-me, entretanto, não usei o AI-5 contra ninguém.

Ao contrário, defendi pessoas e até consegui evitar cassações. Prefiro quando me mandas cartas datilografadas. Tua letra é quase intraduzível. Dá saudades do Pero Vaz no quinhentismo dele. Saudades também tenho da D. Dita, apesar de achar-me meio vaidoso. “Meio” é pouco…
Abraços
Jarbas Passarinho

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Destaques