Até os 22 anos ele morou no Jacutinga, depois migrou para a cidade e dirigiu vários tipos de veículos.
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Nascido em Indaial (SC), seu João Petri veio com a família para Francisco Beltrão com 15 anos de idade. Ele era filho de Maria Hoffmann e Aluísio Petri. O casal fixou residência com os filhos na comunidade de Jacutinga em 1951. Ali, várias famílias da serra catarinense se estabeleceram no fim da década de 1940 e início da década de 1950 em busca de maiores áreas de terra para produção de grãos – feijão e milho – e criação de suínos.
Como funcionário de empresa, uma situação que o surpreendeu foi um dia sair de viagem em Beltrão e chegar no destino, em Curitiba, trabalhando para outra empresa. João morou e trabalhou no interior até os 22 anos. Foi agricultor e começou a trabalhar de motorista num caminhão que pertencia ao irmão, José Laurentino Petri. Ao migrar para a cidade passou a trabalhar de motorista de caminhão. Ao longo de sua carreira como motorista, foi funcionário de empresas de transporte de cargas e coletivo e também teve seus caminhões.
Começou com porcadeiro
Petri dirigiu para as empresas Supermercado Frimesa, Penso, Zanchett, Reunidas, Cattani e Vale do Iguaçu. No Supermercado Frimesa ele trabalhava de motorista de caminhão porcadeiro. Puxava suínos de Beltrão para Medianeira, para entrega no frigorífico. Levava os porcos de safra. “Era porco grande, era mais Duroc”.
Seu João ia a Medianeira por Capanema e tinha de passar a balsa e a Estrada do Colono. Nos dias de chuva ele mudava a rota, seguindo pela BR-158-373, de Pato Branco a Três Pinheiros/Guarapuava e dali a Medianeira. “Dia de chuva era brabo, tinha muito barro”, lembra. Viajava com um caminhão Mercedes Benz. O Supermercado Frimesa pertencia ao irmão, José Laurindo Petri.
Também puxou suínos para a empresa Florindo Penso e passou a viajar com um caminhão Scania. Saía de Beltrão ou Realeza carregado com suínos em direção a Curitiba ou São Paulo. Tinha que vencer a estrada de chão entre Beltrão e Pato Branco: dias de sol o problema era a poeira, nos dias de chuva o barro. Na empresa Zanchett, dos irmãos Romano e Hermes, João primeiro dirigiu um caminhão FNM e depois um Scania. Puxava cargas de madeira plainada para o interior de São Paulo, Rio de Janeiro, Paranaguá e São Francisco do Sul.
Motorista de ônibus
Depois de trabalhar alguns anos como motorista de caminhão, surgiu a oportunidade de migrar para o transporte coletivo, com ônibus da empresa Reunidas. A entrada na Reunidas ocorreu em 1976. A primeira linha que atuou foi entre Beltrão e Joaçaba, por seis meses. Depois passou a dirigir os ônibus que faziam a linha Beltrão-Curitiba. Foram dez anos fazendo esta mesma rota. Se antes trabalhava de dia, na linha de ônibus tinha que trabalhar à noite. João diz que não sentiu problema e que se acostumou a dormir de dia e trabalhar à noite. Naquela época a linha era feita com dois motoristas durante o trajeto de aproximadamente nove horas. Seu João acabou deixando a Reunidas e foi admitido na Cattani, também na mesma linha Beltrão-Curitiba.
Pela nova empresa, passou a dirigir o ônibus leito e lembra de passageiros que viajavam com frequência para a capital: dr. Kit Abdala, Juca, que foi chefe da Agência de Rendas, dr. Eneas, promotores de Justiça, advogados. “Eram passageiros certos”, lembra. Cisão da empresaNa Cattani, João Petri viveu um momento insólito. Ele lembra que numa noite saiu com ônibus de Beltrão para Curitiba e no dia seguinte, já na capital, ficou sabendo da cisão da Cattani. Com a cisão, surgiram a Viação Vale do Iguaçu, Zecatur, Pato Branco, San Genaro e, mais tarde a Viação Sudoeste. Sobre a mudança no nome da empresa e a cisão do grupo Cattani, seu João afirma: “Pra nós foi uma surpresa, a gente não sabia”.
Na Vale do Iguaçu, ele ficou até 1989; e voltou a dirigir caminhão para a Zanchett. Primeiro dirigia um Volvo seminovo, depois recebeu um novo. Pouco tempo depois, ele acabou comprando o caminhão da empresa e passou a ser caminhoneiro autônomo. Ele conseguiu pagar o veículo e anos depois comprou outros caminhões, já com empresa constituída. Como motorista autônomo fazia vários trajetos, primeiro entre Mato Grosso e São Paulo, para o transporte de madeira. Também fez rotas no Mato Grosso transportando grãos. Um dos filhos já tinha crescido e também passou a ser motorista de caminhão no Mato Grosso.
Só um acidente
Na profissão, ele sofreu somente um acidente. Foi no interior de São Paulo, na Rodovia Raposo Tavares. Era fim de tarde – 18 horas –, ele seguia entre 60 a 70 km/hora, chovia bastante no momento, e um carro que vinha no sentido contrário aquaplanou e veio na direção do seu caminhão. O motorista do carro acabou falecendo. Na época, seu João tinha um Volvo e com a forte batida arrancou o eixo dianteiro. Em 2019, o motorista parou de dirigir caminhão devido à hipertensão. Na época ele tinha três caminhões: o dele, do filho André e do genro Dego. Ele está se desfazendo dos veículos e agora fica mais por casa, com a esposa e dois os netinhos. Sobre tantos anos na boleia, ele disse que nunca foi de viajar em alta velocidade, na correria. “Eu respeitava bastante a velocidade”, diz.