Geral

Para registrar o fato de minha presença na inauguração do Ecomuseu que leva o nome de Jorge Baleeiro de Lacerda, enumero algumas situações que provavelmente me deram a honra e privilégio de representar a família Baleeiro de Lacerda neste ato.
É explicável talvez pela proximidade de nossas famílias e por muitos outros motivos que fizeram de nós um apego ímpar e de valores imensuráveis até então desconhecido para muitos.
Somos vizinhos da família Baleeiro há décadas e quando eu e minha esposa, Sandra Regina, casamos e tivemos a nossa primeira filha, Waleska Regina, Sueli e Jorge tiveram a sua primeira filha, Lígia. Sueli e Sandra trabalhavam em horários alternados e no momento em que uma estava afastada de casa a outra dava seu seio para amamentar as pequeninas e vice-versa. Waleska e Lígia, quando crianças, as chamavam de “mãe de teta”. Este é um dos fatos que muitos não conheciam, mas que muito nos uniu, pois Jorge e Sueli são padrinhos de nossa filha Waleska Regina.
Outro fator que nos fez andar lado a lado, na cultura, aconteceu pelos idos da década de 1980/1990, desempenhei junto à Fundação Artística e Cultural Grupo de Teatro Afoxé algumas atividades artísticas onde, era de praxe, sempre antecedendo uma estreia de um espetáculo, Jorge e Sueli faziam-se presentes como nossos honrosos convidados para assistirem à pré-estreia de nossas peças, analisarem o conteúdo e opinarem a respeito, nos ajudando a dar um bom direcionamento às apresentações.
Jorge e Sueli, assim como seus filhos, sempre estiveram ligados às nossas famílias de uma maneira simples e imperceptível, mas de uma forma acesa para nós.
Sempre trocamos informações sobre inúmeros temas de ordem política, social, cultural, ambiental e, enfim, universal, de onde sempre tentávamos aproveitar o máximo um do outro daquilo que poderíamos acrescentar em nossos conhecimentos.
Em simples explicação destaco que “Jorge, em suas dicas, sempre nos dizia que era preciso quebrar os paradigmas de “algumas figuras que se dizem donas da verdade e nunca abrem espaços e oportunidades para novas mentes, novos projetos que poderiam vir a ajudar no crescimento sócio-cultural de um todo, achando-se sempre verdadeiros donos e dominadores das verdades, impedindo, assim, pessoas simples e humildes e inibindo-as de mostrar o que tem de bom para somar, sufocando-as e obrigando-as a suportar algumas de suas pífias decisões ”. De uma maneira simples sentimental, e que me deixou muito honrado quando Sueli, de pronto, devido a sua ausência repassou-me tão respeitosa missão de representá-la diante desta solenidade, e percebi, ali, como todos aqueles que têm a espiritualidade um pouco mais elevada também o perceberiam, que teve um dedo de Jorge indicando-me telepaticamente para representá-los e deixar exatamente essa indagação de porque ele e não outrém de nível social mais elevado… pois percebi dessa forma que o Jorge mostrou que ali estaria quebrando mais um de seus paradigmas”.
Sempre que pude prestei atenção em sua maneira simples e forma atenciosa de elaborar suas pesquisas, e muito me enaltece tê-lo, e sem um dia ter imaginado que no encerramento de meu livro (Guarda Rural. Um benfeitor entre jagunços e posseiros). Onde ele, num de seus artigos redigido em apenas duas páginas, contempla com maestria e reduz “em poucas palavras“… tudo aquilo que levei anos pesquisando e rabiscando para compor um livro de umas 200 páginas.
Não desmerecendo com essa explanação a ninguém, apenas registrando esses detalhes e deixando a minha gratidão por ter sido surpreendido e escolhido para estar presente junto à inauguração desta tão importante obra que servirá de estudos e pesquisas para as atuais e futuras gerações, e que leva o nome, merecidamente, de meu amigo e compadre Jorge Baleeiro de Lacerda.
João Francisco Sanczkoski, Francisco Beltrão, agosto de 2020.