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Francisco Beltrão
domingo, 01 de junho de 2025

Edição 8.216

31/05/2025

Jornada Jovem celebra 40 anos de muita fé e histórias

Uma ampla programação foi preparada para este domingo, 25, na Igreja São José.

 

A primeira Jornada Jovem, em janeiro de 1975, reuniu 32 participantes em Beltrão.

 

As boas ideias devem sempre ser copiadas e constantemente melhoradas, e foi mais ou menos assim que aconteceu com a Jornada Jovem. Contudo, talvez nem os freis franciscanos Álido Rosá e Hugolino Becker, da Paróquia Nossa Senhora Aparecida do Navio, na cidade de Lajes (SC), imaginassem que, quase meio século depois, sua ideia de promover um momento espiritual especialmente direcionado para os jovens tomaria a dimensão que tomou.

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“Lá em março de 1972, durante o período da quaresma, os dois freis se perguntavam o que poderiam fazer pelos jovens. Tudo aconteceu de maneira quase espontânea, mas com muita fé e esperança, e eles organizaram um programa para um final de semana. Começava no sábado, depois do almoço, e terminava no domingo à tarde. Deram o nome de Jornada Jovem e tiveram a adesão de 40 jovens. A semente estava plantada”, relata dom Agenor Girardi, bispo auxiliar de Porto Alegre (RS) e um dos principais incentivadores da JJ em Francisco Beltrão.

Amanhã, a comunidade beltronense celebra 40 anos de Jornada Jovem em Francisco Beltrão e é

O bispo dom Agenor Girardi era
ainda seminarista quando a ideia
chegou à região.

impossível falar sobre o início da história sem lembrar a cidade catarinense onde tudo começou. Conforme relata dom Agenor, depois do primeiro passo, os freis perceberam que era um caminho para levar a juventude a Deus e, assim, a jornada foi acontecendo em outras cidades, inclusive em Anita Garibaldi (SC). “Na época, em 1973, os jovens Itamar Pereira e Ledir Regina Petry participaram da criação da JJ em Anita Garibaldi. Mas em janeiro de 1974 eles foram morar e trabalhar em Francisco Beltrão (PR) e levaram o espírito e a experiência da Jornada Jovem em seus corações”, conta dom Agenor.

 

JJ em terras paranaenses

Em Beltrão, Itamar e Ledir logo se envolveram com os grupos de jovens e conheceram o padre Renê Van Looy, assim como o seminarista Agenor Girardi, missionário do Sagrado Coração que fazia estágio no centro pastoral Assesoar. “Logo nos convidaram para participara da JJ em Anita Garibaldi. Fomos pra lá em novembro de 1974, em cinco pessoas. A viagem de 400 km foi feita com uma VW Brasília (do padre Renê), não tinha asfalto, nem pontes, e atravessamos balsas. Foram 15 horas de viagem. Foi um final de semana inesquecível e cheio de surpresas agradáveis. No final do encontro, eu estava muito feliz com tudo o que Deus havia preparado para mim, especialmente pela confirmação de minha vocação para me tornar padre”, recorda-se dom Agenor.

Assim que regressaram, já surgiu a ideia de realizar algo semelhante em Beltrão. E, depois de muito trabalho e dedicação, nos dias 25 e 26 de janeiro de 1975, aconteceu a primeira Jornada Jovem de Francisco Beltrão, reunido 32 jovens vindos também de Marmeleiro, Capanema e Coronel Vivida. “Foi no dia de São Paulo Apóstolo, escolhido como nosso padroeiro. Aconteceu no colégio das irmãs e foi um sucesso, teve muita vibração. E menos de 30 dias depois eu encerrava meu estágio e seguiria para São Paulo, para continuar os estudos, mas com muitos pedidos de jovens e amigos acabamos realizando a segunda edição da JJ, nos dias 22 e 23 de fevereiro.”

 

 Em 40 anos, lideranças da JJ já são da segunda geração. O atual reitor Fábio Girardi é filho de Quintino Girardi, que colabora com os trabalhos desde o primeiro ano de jornada.

 

“Quintino não demonstrou muito interesse”

Na segunda edição da JJ, dom Agenor decidiu convidar seu irmão mais novo, Quintino Girardi, hoje diretor de Produção do Jornal de Beltrão. Na época, Quintino tinha recém-completado 18 anos e decidiu participar por insistência do irmão. “No início, ele não demonstrou muito interesse, mas acabou aceitando meu convite. De fato, se tornou membro da equipe dirigente e nestes anos todos já perdeu a conta de quantas jornadas já ajudou a realizar, sempre com muita alegria e de forma incansável”, destaca dom Agenor.

Quintino, que já foi reitor da JJ por dezenas de vezes e ajudou a iniciar o projeto em muitas outras paróquias, admite que já perdeu as contas das vezes que participou, mas garante se orgulhar de cada momento dedicado. “No começo, era um tempo mais rígido, tinha umas palestras um pouco mais pesadas, era até agressivo pra juventude. E a jornada foi evoluindo, é um encontro de formação, um encontro que ajuda realmente os jovens. O jovem que vai pra jornada tem que estar engajado na comunidade, tem que participar de grupo, porque é uma formação que está ajudando muito esses jovens hoje”, ressalta.

 

Mais jovens,

novas gerações

Com 40 anos de atividades, a segunda geração já começa a assumir os trabalhos e a participar fielmente da JJ. Os pais que participaram da jornada 40 anos atrás agora veem os filhos atuando. E um exemplo disso é a própria família Girardi.

Depois de acompanhar o trabalho do pai por tantos anos e participar de inúmeras jornadas, Fábio Girardi, junto com Sandra Bonfatti Contini, é o atual reitor da Jornada Jovem de Beltrão para o ano 2014/2015. “É muito gratificante ver este trabalho cada vez mais edificado, cada vez mais jovens buscando. E tem muitos pais que fizeram e incentivam os filhos a participarem, continuar isso. Muitos não continuam, mas os que entendem a mensagem que a JJ quer passar conseguem mudar suas vidas, ela apenas mostra os caminhos, guia para uma vida no caminho de Deus”, comenta Fábio.

Marcos Paulo Rossi de Moraes, de 18 anos, foi um dos jovens que decidiu experimentar a jornada pela primeira vez no ano passado, em agosto. Seminarista, ele se prepara para estudar filosofia em Curitiba. “Foi meu reitor, padre Edison, que me incentivou a participar. Num primeiro momento, não me senti muito motivado, mas decidi ir, com a intenção de conhecer. Depois, entrando no clima, foi muito bom, um momento inesquecível, de espiritualidade, três dias de muita oração, convivência e aprendizado para levar pra toda a vida e vocação. Para mim, ressaltou muito o chamado, contribui para dar ainda mais certezas do caminho a seguir”, observa.

A jovem Débora Apolinário, de 21 anos, também conta que a participação na JJ transformou sua vida. “Eu ia à igreja porque minha mãe pedia, mas não via a hora de sair com os amigos para beber. Então comecei a sentir falta de algo, sentia um vazio. E eis que surge uma luz: três dias que não tenho como explicar. Naquele fim de semana, pude abraçar as pessoas que eu mais amo e agradecer pela vida que tenho. Depois da jornada, minha vida foi outra e junto com isso nasceu uma família de amigos que hoje não vivo sem”, conta Débora.

 

O desafio é constante

Durante estes anos todos, a semente da JJ foi levada para muitos lugares. Entre tantas cidades do Sul, a ideia foi copiada também no Mato Grosso, nas cidades de Primavera do Leste, Lucas do Rio Verde e Tangará da Serra, além de Juína, Comodoro e Sapezal. Na Diocese de Palmas/Beltrão a jornada tem jovens em todas as paróquias. No Paraná, são dezenas de cidades, com destaque para Curitiba, Campo Largo, Cascavel e Foz do Iguaçu. Com a ida de dom Agenor para Porto Alegre, a JJ também tem acontecido por lá e para este ano já estão agendadas a 3ª e 4ª edições.

Na avaliação de dom Agenor Girardi, o jovem que participa da JJ se torna sempre uma liderança qualificada e de referência na sociedade. Contudo, é preciso se reinventar constantemente. “O mundo hoje está mais complexo. No início da JJ, não se ouvia falar em tanta violência, em tanta droga. Hoje a situação se tornou bem diferente, as famílias não são mais tão estruturadas e os desafios são grandes. O jovem, quando é desafiado, ele responde, mas quando é solicitado ele atende. O desafio maior é de quem coordena, quem trabalha na JJ tem que se preparar mais, ir revendo os temas, conteúdos e dinâmicas que atendam as necessidades de hoje”, afirma.

 

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