Ele começou na atividade quando tinha 15 anos.

José Antônio Dias, 45 anos, morador do Jardim Itália, em Francisco Beltrão, levanta cedo diariamente para encarar o trabalho como calceteiro. Há 30 anos na profissão, ele não sabe quantos trechos já ajudou a construir. Terça-feira, 25, ele foi o primeiro trabalhador a iniciar a construção do trecho que vai interligar a PR 180/Contorno Leste à Linha Macagnan, numa extensão de 2,2 quilômetros e que vai beneficiar cerca de 100 famílias.
O primeiro trecho em que ele trabalhou como calceteiro foi entre os bairros Pinheirinho e Jardim Floresta, nas proximidades da fábrica de rações da Perdigão. A última obra foi um loteamento no Bairro Água Branca. Mas também ajudou a construir os calçamentos na Rua Paula Freitas, nos loteamentos nas linhas São Marcos, São Paulo, Santa Bárbara e Triton, em Francisco Beltrão.
O filho Mateus, de 24 anos, segue a profissão do pai. “Ele vai vir de tarde me ajudar”, contou José, na manhã fria de terça-feira. E sobre como é lidar com pedras nos dias de frio – carregar e assentar –, José Antônio diz que “não é muito ruim, o cara começa a trabalhar e já esquenta”. Nesta profissão, com o tempo, as mãos ficam calejadas. José Antônio conta que os trabalhadores mais novos hoje usam luvas. “Eu gosto de trabalhar sem luvas”, ressalta.
Sobre a profissão, ele diz que está acostumado. Há muitos anos trabalha para um empreiteiro do Jardim Floresta.
Famílias beneficiadas
Euclides Kidinho dos Santos, ex-vereador, está gerenciando a obra na Linha Macagnan para a empresa que venceu a concorrência realizada pela Prefeitura de Beltrão. A previsão é que esta construção beneficie de 13 a 16 famílias e esteja pronta em poucos meses.
Kidinho há muitos anos atua neste segmento. Na primeira gestão do prefeito Vilmar Cordasso (2001-2004) ele conta que construiu 400 mil metros² de calçamentos em ruas e também em loteamentos. São mais de 20 anos de experiência neste ramo. Tem muitos trabalhadores que acompanham Kidinho, nestas obras, há mais de duas décadas.
Segundo Kidinho, não há muita rotatividade neste segmento. “São pessoas humildes, trabalhadoras”, destaca. Ele acredita que no município 176 famílias sobrevivam desta atividade.
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Renda x produtividade
A renda do pessoal que atua na construção de calçamentos depende da produtividade. Os valores médios são os seguintes: cancheiro R$ 2 por metro², calceteiro R$ 3 m², marrueiro R$ 10 m².
Os pagamentos aos trabalhadores são quinzenais. “Se você promete o pagamento, tem que fazer”, ressalta o administrador. As empreiteiras fazem a medição e pagam o pessoal.
As pedras são pegas em potreiros ou pedreiras e é preciso licença ambiental. Nos dias de chuva não há como trabalhar e o retorno só ocorre depois que o solo estiver seco. “Tem que esperar secar o chão, senão, não tem como ser feito”, ressalta Kidinho.
No Paraná, o programa de calçamentos em estradas rurais começou em 1985, com o primeiro trecho entre a cidade de Verê e Águas do Verê. Dali em diante centenas de calçamentos foram construídos por todo o Paraná.