Laboratório da Unioeste de Francisco Beltrão tem fóssil de preguiça gigante com mais de 19 mil anos
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Região de estudo em uma cacimba em Pernambuco. |
O laboratório de ensino de Geologia do campus da Unioeste de Francisco Beltrão adquiriu uma peça rara para estudo. Trata-se de um fóssil com mais de 19.400 anos, encontrado no semiárido nordestino. O professor doutor Júlio César Paisani esteve no mês de março, em Pernambuco, participando de mais uma etapa do projeto de estudo desenvolvido em cooperação entre a Unioeste e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) que visa estudar a característica da paisagem do semiárido, qualificando relevo, solo e vegetação.
Segundo ele, em uma cacimba — depressão no terreno — foram encontrados vários fósseis do período pré-histórico. “Os paleontólogos da UFPE separaram algumas partes e tivemos a oportunidade de trazer esse pedaço. Consultamos um médico veterinário e essa peça, possivelmente, é parte da tíbia (canela) direita de uma preguiça gigante, que tinha mais ou menos 1,65 metro e chegava a pesar mais de 100 quilos”, afirma. Estes animais foram extintos da Terra há cerca de 10 mil anos. Para se ter uma ideia das dimensões da preguiça gigante, o atual bicho-preguiça pesa de quatro a seis quilos e mede aproximadamente 70 centímetros. O material, com o tempo, calcificou e está bem preservado, permitindo análises microscópicas dos acadêmicos e professores. “A região de Pernambuco é rica em fósseis, mas pela primeira vez eles foram encontrados dentro de cacimbas.”
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Pedaço da tíbia (canela) de uma preguiçagigante com mais de 20 mil anos. |
Projeto
O projeto é financiado pela Fundação Araucária e tem como objetivo comparar dados da região Sudoeste do Paraná com o semiárido nordestino. O professor salienta que o objetivo é identificar se o Sudoeste foi, no passado, semiárido. “A pesquisa está no começo, mas é possível que há mais de 10 mil anos nossa região tenha tido características semelhantes às do Nordeste.” Conforme disse, estudos através de pólens — partículas liberadas pelas plantas — são sugestivos de que os campos de Palmas já chegaram até a região do Arie Buriti de Pato Branco. Já foram realizadas três excursões para reconhecimento do terreno e coleta de dados. Depois do levantamento de dados, as técnicas de comparação serão aplicadas com os resultados da região Sudoeste.
A presente proposta dá continuidade aos trabalhos realizados desde 2008 pelo grupo de pesquisa “Genêse e Evolução de Superfícies Geomórficas e Formações Superficiais” no planalto de Palmas/Água Doce. Com apoio do professor doutor Antônio Carlos Corrêa (UFPE), está sendo realizada uma pesquisa para verificar se processos sedimentares e de intemperismo identificados em ambiente semiárido nordestino são semelhantes ao que ocorre na área estudada.
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Paisagem do semiárido onde está sendodesenvolvido o estudo comparativo. |