Geral
Os pedágios mais caros do Paraná estão no Norte Pioneiro. Na praça de Jataizinho, o preço chega a R$ 26,40. A tarifa na praça de Jacarezinho custa R$ 24,40. Os altos valores têm impactos profundos na produção agrícola da região, que influencia no desenvolvimento social e econômico dos municípios. Esta foi a grande queixa dos representantes do agronegócio e da sociedade civil organizada de Cornélio Procópio, durante a audiência pública realizada no município, pela Frente Parlamentar sobre os Pedágios, da Assembleia Legislativa do Paraná, sexta-feira, 12.
O encontro reuniu deputados e representantes de diferentes setores da sociedade contra a nova modelagem de concessões rodoviárias proposta pelo Governo Federal.É unanimidade entre os participantes de que o modelo de leilão híbrido de outorga onerosa é prejudicial para a região. O prefeito de Cornélio Procópio e presidente da Associação dos Municípios do Norte do Paraná (Amunop), Amin José Hannouche, explicou que a região foi penalizada durante 24 anos com os preços praticados. “A praça de Jataizinho, por exemplo, onera demais os cofres de quem luta pelo desenvolvimento da região. O sofrimento é grande demais. Por isso, gostaríamos que a praça fosse extinta”, clamou.
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Travou o desenvolvimento
Já o presidente da Associação dos Municípios do Norte Pioneiro (Amunorpi) e prefeito de Carlópolis, Hiroshi Kubo, afirmou que as tarifas travaram o desenvolvimento do agronegócio regional.
“Todos querem o progresso. A região precisa de desenvolvimento, principalmente do agronegócio. O custo do Norte Pioneiro é muito grande. As empresas desistem da região. Como escoar nossa produção? Como receber turistas com um pedágio de R$ 26?”, indagou.
João Ataliba Rezende, presidente da Sociedade Rural de Cornélio Procópio, lembrou o impacto do pedágio para os agricultores. “O frete fica caro por causa do pedágio e prejudica o preço da produção agrícola da região, interferindo na competitividade. Para nós, agricultores, que estamos escoando a produção, o custo é alto. Não podemos aceitar a concessão onerosa. Queremos a menor tarifa. Não podemos nos sujeitar mais a isso”, disse.
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Eduardo Kero, presidente da Associação Comercial de Cornélio Procópio, completou: “Nos foi vendida a ideia de que estradas modernas trariam o desenvolvimento. Não foi o que aconteceu. É um pedágio muito caro, que influencia no preço das mercadorias. Nós, que geramos empregos, precisamos do apoio dos parlamentares”.
O representante do Sindicato Rural Patronal de Cornélio Procópio, Cristiano Ribeiro, também lembrou a influência do pedágio no custo da produção. “Tarifa de pedágio e custo de transporte compõem o custo do produto agrícola. Precisamos de tarifas justas que atendam o escoamento da safra. Precisamos disso para que o produtor, tanto o grande quanto o pequeno, possa garantir sua sustentabilidade”.
“Temos dificuldade de levar nossas frutas e verduras por causa do preço. Não devemos mais aceitar isso. Temos que nos unir”, complementou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Luiz Castilho.
Sociedade civil
O representante do Ministério Público de Cornélio Procópio, Erinton Dalmasso, mostrou a preocupação da entidade com o modelo proposto. “Não é possível haver desenvolvimento social sem o desenvolvimento econômico. E isso não é possível com estes preços. O degrau tarifário de 40% também é preocupante. Parece um prêmio ao empresário e uma peça ao usuário.”
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Já o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) seção Cornélio Procópio, Henrique Servilha, focou sua fala na necessidade de acompanhar a licitação. “Os moradores do Paraná foram reféns de uma taxa abusiva. Como podemos mudar isso? Com informação e transparência. Temos de exigir transparência durante todo o processo”, alertou.
Os pedidos da região
Já Fabiano Inoue, presidente da Confederação das Associações Comerciais do Norte do Paraná, falou em nome de 28 associações. Para ele, o valor do pedágio acrescenta um custo alto aos produtos.
“Temos de discutir tudo o que compõe a precificação dos produtos da região. O pedágio é uma delas.” O presidente do Conselho de Desenvolvimento Econômico de Cornélio Procópio, Luiz Eduardo Araújo, entregou um documento elaborado pelo Conselho sobre as reivindicações da região.
“Podemos fazer melhor e mais barato”, encerrou.Após quatro audiências realizadas, em Cascavel, Foz do Iguaçu, Londrina e Cornélio Procópio, o deputado Luiz Claudio Romanelli (PSB) fez uma avaliação dos debates que, para ele, “têm sido de altíssimo nível. A sociedade civil se preparou muito para essas audiências”.