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Francisco Beltrão
quinta-feira, 29 de maio de 2025

Edição 8.214

29/05/2025

Lupus Eritematoso Sistêmico: uma doença famosa, mas pouco entendida

Geral

Dr. Tiago Malucelli: o tratamento tem evoluído.

Foto: José Delmo Menezes Júnior

Manchas na pele (principalmente nas áreas expostas à luz), aftas na boca, dor nas articulações, cansaço, perda de peso e até febre são alguns dos sintomas mais frequentes do Lupus Eritematoso Sistêmico, também conhecido como LES. Rotulado por alguns como ‘o grande imitador’, por causar sintomas parecidos com os de outras doenças, o LES predomina em mulheres — dez vezes mais afetadas que os homens – e pode ter manifestações diferentes de paciente para paciente, desde um quadro leve em alguns, afetando a pele e articulações, até quadros graves em outros, afetando os rins e o sistema nervoso central.

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“A grande variedade de sinais e sintomas fazem do LES uma patologia que pode ser facilmente confundida com outras doenças, sendo comum o atendimento de pacientes que pensam ter a doença, mas que sofrem por outros motivos”, informa o médico reumatologista Tiago Malucelli.

Nos casos mais graves, o LES pode ser fatal
O LES pode afetar órgãos vitais como os rins, o coração, os pulmões e até o sistema nervoso central. “Em geral, os casos mais leves se limitam à pele, mucosas e articulações. Os mais complexos acometem órgãos internos e podem ser fatais. É uma doença pouco frequente, mas, quando confirmada, exige atenção e acompanhamento médico constante”, frisa dr. Tiago.

A doença ocorre devido a uma falha no sistema imunológico, que, em vez de produzir anticorpos protetores, gera anticorpos que atacam os tecidos do próprio corpo, causando inflamações e lesões diversas. Conforme o reumatologista, as causas da doença resultam da combinação de tendências genéticas com fatores ambientais, como infecções virais prévias, exposição a raios ultravioleta (UV) e até o uso de alguns medicamentos.

Diagnóstico
A confirmação do LES se dá por uma combinação de sinais e sintomas clínicos, juntamente com diversos exames laboratoriais, como num verdadeiro “quebra-cabeças”. O teste sanguíneo do FAN (Fator Antinuclear), que mede alguns anticorpos intracelulares e é positivo em praticamente 100% dos pacientes com a doença, pode estar alterado mesmo em pessoas saudáveis, sendo, portanto, um dos exames que mais causam confusão diagnóstica. A verificação de alguns anticorpos específicos pode auxiliar no diagnóstico e alertar para o risco aumentado de complicações como inflamações renais e formação de coágulos no sangue, que podem levar a trombose, embolia pulmonar e acidentes vasculares cerebrais (AVCs).

Não tem cura, mas os tratamentos evoluíram
O LES é uma doença sem cura e, dependendo do caso, mesmo o seu controle pode ser desafiador. Nos últimos anos, porém, novos tratamentos surgiram e a qualidade e expectativa de vida das pessoas acometidas aumentaram significativamente. As decisões de tratamento, explica o dr. Tiago Malucelli, são baseadas nos sintomas e gravidade de cada caso: “Pacientes que apresentam problemas graves, como inflamação nos órgãos internos, demandam tratamentos mais agressivos, com medicamentos que diminuem a imunidade. Infelizmente algumas terapias ainda são muito caras e não estão disponíveis pelo SUS”.

Vivendo com LES
Por se tratar de uma doença inflamatória que facilita a aterosclerose (entupimento das artérias), o LES aumenta o risco de eventos cardiovasculares como infartos cardíacos e AVCs. É vital, portanto, que os pacientes tenham uma alimentação saudável e controlem fatores de risco como tabagismo, pressão alta, obesidade e colesterol.

A prática de atividades físicas leves e moderadas é recomendável, pois mantém o organismo ativo e ajuda na flexibilidade e estabilidade das articulações, além de reduzir o risco das complicações cardiovasculares. “A melhor abordagem é o exercício aeróbico gradual, associado ao fortalecimento muscular, com períodos de descanso e relaxamento”, orienta o dr. Tiago.

Outro fator de extrema importância para os pacientes com LES é a proteção solar. Os raios UV penetram através da pele causando lesões celulares que podem estimular a produção de mais anticorpos agressivos, reativando a doença sistêmica. É recomendável a utilização de chapéus e roupas com mangas longas, e de protetor solar de três a quatro vezes por dia. O reumatologista lembra ainda que lâmpadas comuns e telas de computadores e televisores também emitem raios UV, sendo recomendada a substituição por LED sempre que possível. “Quando confirmado o diagnóstico de LES, automaticamente são necessárias várias mudanças no dia-a-dia do paciente para que se consiga, juntamente com o tratamento medicamentoso, o controle da doença”, pontua dr. Tiago Malucelli.

 

 

– O Lupus Eritematoso Sistêmico (LES) tem sintomas parecidos com outras doenças:
– Perda de peso e febre são alguns dos sintomas mais frequentes
– O LES ataca dez vezes mais as mulheres do que os homens
– Os casos mais leves se limitam à pele
– Os casos mais graves podem ser fatais
– O LES se origina por uma falha no sistema imunológico
– É uma doença sem cura, mas os tratamentos têm evoluído
– Exercícios físicos leves são recomendados aos pacientes de LES
– É preciso proteger-se do sol

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