Há um ano, JdeB entrevistava Joel Rodrigues, que lamenta a falta de consciência da população.

Joel Rodrigues está há 16 anos na cadeira de rodas, consequência de um acidente de moto. Apesar da limitação, Joel é bastante independente e consegue levar uma vida praticamente normal: trabalha, dirige e sai passear. Na realidade, muitas dificuldades enfrentadas extrapolam sua capacidade, como transitar pelas calçadas, já que a maioria está irregular. A falta de acessibilidade ainda é o maior problema.
O JdeB publicou matéria com Joel há um ano, em 3 de dezembro de 2020, Dia Internacional do Portador de Deficiência, mas ele garante que pouco alterou neste período. O que comemorar nesta data?
“Até esse momento nunca parei para pensar no que comemorar. No meu caso, como deficiente físico adquirido através de um acidente, o que eu tenho para comemorar não só no Dia da Pessoa com Deficiência, mas todos os dias, é que estou vivo. Comemoro que a minha cabeça ficou boa e consegui adquirir minha independência.”
O que mudou nesses últimos 12 meses?
“Não mudou nada, a não ser sua boa vontade de sempre estar nos ajudando a tentar mudar. A inclusão social depende de cada um de nós deficientes, por exemplo eu, eu não tenho problema algum com a inclusão social, sou aceito em todos os lugares que vou, recebo convites para participar da sociedade e aceito sem nenhum problema, como está acontecendo agora, você me pedindo para participar de uma matéria, nem todos os deficientes aceitam e ainda reclamam da inclusão social.”
Em busca de acessibilidade
Joel lamenta que a falta de acessibilidade ainda seja o maior empecilho para levar uma vida mais digna. “A acessibilidade não é utilizada só por mim, é utilizada por uma pessoa idosa, que usa bengala ou não, é utilizada por uma mãe, que está empurrando um carrinho de bebê; eles precisam da mesma acessibilidade que eu preciso na cadeira de rodas. A porcentagem de lugares com acessibilidade ainda é muito pequena no comércio e em geral. Isso dificulta para que a gente comemore o Dia da Pessoa com Deficiência como seria com acessibilidade.”
Ele faz um apelo: “Eu ficaria mais feliz ainda se nesta matéria, que vai sair, as pessoas enxergassem com olhos um pouquinho diferentes, principalmente na questão da acessibilidade, porque assim todos nós vamos conseguir nos incluir melhor na sociedade. Acessibilidade não é só para quem está na cadeira de rodas.”
