Nas 25 edições já realizadas dos Destaques do Ano em Francisco Beltrão, muitas marcas já desfilaram. Centenas, com certeza; talvez milhares. O destaque maior é para aquelas que persistem e voltam fortalecidas, a cada nova edição do evento.
Ao falar em nome das empresas promotoras dos Destaques 2014, o jornalista Ivo Pegoraro informou que, daqueles 14 homenageados na primeira das 25 edições já realizadas, estava presente somente uma pessoa, entre os homenageados: Claudiney Del Cielo. Ele foi Destaque Imprensa em 1990 e estava presente em 2014, como apresentador (junto com Luiz Carlos Bággio) e também como homenageado entre os sete fundadores do Jornal de Beltrão, que neste ano comemorou um quarto de século.
Pegoraro lembrou que nas sete primeiras edições eram premiados somente os destaques apontados pela comissão de entidades, número que variava de 14 a 16 por ano. Se for considerado todo aquele período, estavam presentes mais nomes, ou marcas, junto com Claudiney: Nelson Behne (Marel), Carmes Franciosi, Nelson Meurer, Mirna Pécoits, Colégio Glória, Jornal de Beltrão, Raul De Carli, Itamar Pereira, Idalino Menegotto, Acefb e João Giacobo (Maqgill).
Em 1997 foi aplicada a primeira pesquisa com voto popular, entre os setores, e aí passou-se a premiar mais marcas e pessoas. Dos premiados em 1997, estavam presentes em 2014: Churrascaria Marabá, Dispeçal, Revesul, Tic-Tac, Maqgill, O Boticário, Rádio Educadora, Center Sudoeste, Sonata Escola de Música, Grafisul, Wilmar Reichembach (em 97 como vereador do ano, em 2014 como político do ano), Laboratório Exame, Inviolável e Free Sport.
Quanto custa para construir uma marca?
É difícil avaliar uma marca porque, se sua administração está bem, a marca não é colocada à venda; se a administração vai mal, a marca já pode ter perdido valor. Mas mesmo após a falência de empresas há marcas que permanecem com valor. Tanto que são realizados até leilões de marcas, como forma de pagar parte das dívidas deixadas pela empresa.
Para se ter uma ideia de valores estimados, hoje, pelas marcas mais famosas do mundo, a mais valiosa, a Coca-Cola, criada nos Estados Unidos em 1886, valeria em torno de R$ 43 bilhões. A marca mais cara do Brasil, apesar de todo o desgaste que sofreu nos últimos anos, ainda seria a Petrobrás, criada em 1953: R$ 8,4 bilhões.
São números muito altos para nossos padrões. Mas a história mostra que, mesmo numa região jovem como a nossa, o Sudoeste do Paraná, há marcas de grande valor, como se pode ver pelo histórico delas.
Marcas de Francisco Beltrão
As entrevistas que seguem, com alguns dos Destaques 2014, dão uma ideia.
Vera Franciosi Schmitz hoje administra duas marcas muito conhecidas, a Tic-Tac, como diretora-proprietária, e a Rádio Educadora, como diretora geral. A Educadora, que foi destaque em todas as pesquisas, desde 1990, como emissora de rádio AM, foi criada em 1978. Nestes 36 anos, diminuiu o número de sócios (de 20 para 9), mas cresceu em todos os sentidos: adquiriu sede própria, ampliou a faixa de ouvintes com a instalação da Continental FM, consolidando-se como empresa de comunicação de massa. Há outras emissoras com o nome Educadora, no país, mas em Beltrão esta marca é inconfundível. “O nome ajuda, as pessoas procuram pra anunciar”, resume Vera.
Sobre a Tic-Tac, “quando nós casamos, o Ivo (Antônio Ivo Schmitz) já tinha, mas era só Tic-Tac Relojoaria”. Com o tempo, diversificou com eletromésticos, brinquedos, presentes, celulares, tornou-se uma loja de departamentos. Mas a marca foi mantida.
Vera percebeu, nas viagens que fez, que Tic-Tac é uma marca difundida pelo mundo afora. Mas em Beltrão, no início, era ligada a relógios e hoje lembra aquela loja de muitas ofertas.
Grafisul, nome fantasia da Gráfica Sulina, criada em 1969 por Antonio Busato e Clodoveu Franciosi, é marca registrada no INPI. Outras gráficas que pretendiam usar este nome tiveram que mudar. E esta marca também mudou de dono. Em 1998, Antonio Busato transferiu-se para Curitiba e alugou a gráfica para um grupo de seus funcionários. Eles não só mantiveram a marca como a registraram, e continuam até hoje faturando com um nome que abre portas em Beltrão e região. Clóvis Maziero é o gerente de produção, Jaime Trentin o gerente de atendimento e o casal Vlademir e Edenilde dos Santos os gerentes administrativos-financeiros. Por que não trocaram de marca? “Pela importância do nome, já tinha uma tradição de 30 anos”, resume Edenilde.
Mirna Pécoits conta que, em 1977, ela criou a Escola de Ballet de Francisco Beltrão. “Aí todo mundo dizia o Ballet da Mirna, o Ballet da Mirna, mudei o nome, mas uns oito anos depois”, conta a professora Mirna Pirih Pécoits, que acrescentou ao seu nome o sobrenome da família do marido, que também é marca forte na cidade e ficou Escola de Ballet Mirna Pécoits, uma marca colecionadora de títulos.
Mirna lembra, porém, que a marca se fortaleceu a custo de muito trabalho e persistência. “Nós estamos em outra realidade, porque teve toda uma evolução cultural, hoje tem uma cultura de dança que nós criamos.” Ela conta que nos primeiros anos “as pessoas nem sabiam o que é balé, tivemos que ensinar balé, jazz; havia preconceito, confundiam dançarina com bailarina; jogavam coisas no palco, gritavam, mas hoje tem um público que compreende e sabe analisar”.
A arte da dança que Mirna ensinava 37 anos atrás é a mesma, mas a marca é outra, hoje, em Beltrão e região, Mirna Pécoits lembra Ballet e vice-versa.
Uma marca que persistiu, mesmo tendo mudado de produto-base, no decorrer dos anos, é a Maqgill. Seu criador e, ainda hoje, diretor-proprietário, João Giacobo, diz que Maq era de máquinas e Gill de Giacobo. Em 1992, a loja vendia também móveis, mas o forte eram as calculadoras e as máquinas de escrever, que sumiram, ainda naquela década, com o advento do computador.
Além de continuar com móveis para escritório, a empresa passou a vender também móveis residenciais, hoje seu carro-chefe. Mas o nome foi mantido. E, segundo Giacobo, as pessoas que uma vez ligavam Maqgill com máquinas e moveis hoje ligam com móveis para escritório e residenciais.
Ainda sobre a construção de uma marca, João Giacobo destaca o trabalho, a persistência e o foco onde se quer chegar. “Eu nunca tive dúvidas, sempre tive certeza, que tinha que trabalhar muito pra criar uma marca forte e é o que temos hoje, Maqgill virou tradição em móveis.”
A história da Inviolável, marca que hoje atua no Brasil e no exterior, é interessante. Segundo o diretor de recursos humanos e novos negócios, Idalino Mengotto, no início, em 1984, a empresa era conhecida como Atendimento 24 Horas e, bem discreto, aparecia o nome Inviolável. A partir de 1997, as posições se inverteram, Inviolável foi registrado como marca no INPI e de lá para cá passou a constar em todas as empresas do grupo.
O que representa a marca Inviolável? Segundo Idalino, primeiro é a credibilidade do negócio. Segundo, carrega uma característica que ele diz ser de Francisco Beltrão: “A massa cresceu porque fizemos que nossos colaboradores desenvolvessem essa filosofia de serem donos de seu negócio”.
As várias empresas, de segurança e logística, transporte de valores, desenvolvimento de software e outros tipos de prestação de serviços levam a marca Inviolável.
A Inviolável Administração e Participação está hoje em 15 estados brasileiros, com 286 franqueados, atuando em 330 cidades, além do Paraguai.
Qual a marca que mais divulga Francisco Beltrão?
Uma sugestão do presidente da Acefb (Associação Empresarial de Francisco Beltrão), Marcos Guerra, é premiar, nos Destaques do Ano, a marca que mais divulga Francisco Beltrão fora de Francisco Beltrão. Falta confirmar a metodologia. A proposta que existe, já para o próximo ano, é incluir esta pergunta no questionário que é respondido pela população beltronense.