Dr. Ronivan Gobbi, da Clinicão, ressalta a importância de identificar as causas.

O odor da boca de alguns pets, que provoca tanto desconforto para o tutor, é sinal de que há algo errado. Dentre as principais causas de mau hálito estão a placa bacteriana, o tártaro e a gengivite. Dr. Ronivan Gobbi, da Clinicão, destaca que outras possíveis causas são processos inflamatórios como glossite, que é inflamação mais profunda na transição da boca com a faringe, e alguns tipos de tumores.
“Infecções de garganta e faringite também podem provocar mau hálito; que pode ainda estar associado a problemas digestivos mais profundos, como alterações gástricas relacionadas ao estômago e intestino ou algumas doenças sistêmicas, como diabetes e insuficiências renais.”
O tratamento vai depender da causa, por isso o primeiro passo é investigar, para somente então eliminar o motivo do mau hálito. “É importante identificar outras causas que podem estar concomitantes, às vezes, o paciente é diabético ou insuficiente renal e possui alterações bucais, como gengivite, tártaro e placa bacteriana. Precisamos fazer a investigação clínica geral.”
Quando a causa é bucal e é gengivite, o tratamento é a remoção do tártaro, sendo necessário passar por uma anestesia geral. Antes disso, recomenda-se fazer um exame pré-anestésico, exames de sangue e até eletrocardiograma, garantindo mais segurança na cirurgia. “Geralmente, dependendo do estágio, se houver retração acentuada de gengiva, com exposição de raízes de dente e se esse dente tiver bastante mobilidade, às vezes há necessidade da extração de dentes. Há casos em que há outras complicações e até fístolas oronasais, em que há comunicação entre a boca e a narina; esses animais têm desconforto muito grande, espirros constantes e infecções nos ossos nasais”, acrescenta Ronivan.
Ele destaca que cada caso é um caso, pois depende do hábito alimentar e do manejo deste paciente. Quando o tutor consegue fazer escovação pelo menos uma vez por semana, a tendência é evitar a placa bacteriana e o tártaro, bem como retardar a reincidência. Há pacientes com necessidade de profilaxia semestral, mas pode ser até anual, dependendo da raça e do tipo de alimento que consome. Há brinquedos e biscoitos que ajudam a evitar o tártaro e a retardar os intervalos de profilaxia.
Ronivan ressalta: “Dependendo da origem do mau hálito, sendo que o principal causador é o tártaro, as consequências são gengivite, inflamação intensa na gengiva, retração da gengiva, exposição das raízes dos dentes e, consequentemente, perda dos dentes. O animal apresenta dificuldades para se alimentar, perda de apetite, dor, desconforto ao mastigar e as consequências são perdas espontâneas dos dentes ou no momento da execução da profilaxia”.
De acordo com Ronivan, outras consequências são sistêmicas, animais que possuem muito tártaro têm predisposição de infecção de outros órgãos, pois as bactérias que estão na boca podem ganhar a corrente sanguínea e se alojarem em outros órgãos, como coração, provocando endocardite; rins, provocando uma nefrite; ou fígado.
Como prevenção, é importante levar o pet ao veterinário a cada seis meses, para fazer uma avaliação bucal. Outras recomendações são escovação dental pelo menos três vezes por semana, com escova e pasta dental próprios para cães; há brinquedos e biscoitos que contribuem para eliminar a placa bacteriana, por causa do atrito mecânico. A profilaxia dentária deve ser feita na clínica, com ultrassom e polimento dentário.