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Francisco Beltrão
quarta-feira, 28 de maio de 2025

Edição 8.214

29/05/2025

Mercado Imobiliário: luz no fim do túnel brilha novamente

Depois de uma fase épica para o setor, o mercado imobiliário sentiu o drama da estagnação econômica e a falta de confiança dos investidores. Foram longos meses de retração e vendas mais tímidas, entre 2016 e o primeiro semestre de 2017, até que, finalmente, os corretores conseguiram respirar um pouco mais aliviados. A expectativa é para um 2018 em ritmo de retomada.

 

A partir do segundo semestre de 2017, o mercado imobiliário voltou a dar sinais positivos
e as construções avançaram com mais força na região.
Foto:Ivo Pegoraro/Gente do Sul

 

O pior já passou! Essa expressão é comum – e quase unânime – entre os corretores de imóveis, construtores e profissionais da construção civil. Foram longos meses de vacas magras, com vendas tímidas e investidores inseguros, à espreita de bons negócios, e assim permaneceu até o primeiro semestre de 2017. Contudo, nos últimos seis meses, a classe já começou a respirar um pouco mais aliviada e viu a luz no fim do túnel brilhar novamente. 
Com relação a 2016, houve uma leve reação e, na opinião de alguns corretores, ocorreu uma diminuição no ritmo de valorização dos imóveis. O corretor de imóveis José Carlos Vieira, da Vieira Imóveis, conta que no início do ano houve uma significativa diminuição de investimentos na área da construção civil. “Isso foi por conta da rentabilidade que muitos investidores pensavam em ter e agora estão voltando para uma realidade mais concreta. Mesmo assim, comparando com 2016, este ano foi melhor de uma forma geral, mas não foi um ano tão bom”, analisa Vieira, que também é coordenador do Núcleo Imobiliário de Francisco Beltrão (Nifb).
A menor movimentação do mercado imobiliário afetou todos os profissionais e negócios ligados ao setor. O arquiteto e urbanista Fernando Medeiros confirma que sentiu uma pequena queda na procura por projetos em função do momento econômico que o País enfrentava. Mas ele destaca que, independentemente disso, os investimentos não pararam. “Este ano foi bom, mas poderia ter sido melhor. As pessoas estão investindo, sempre tem pessoas criando novos negócios, gerando novas oportunidades. As próprias instituições financeiras criaram projetos diferentes, para baixar os juros da obra, para auxiliar na renovação da casa. O mercado deu uma amornada, mas para ano que vem nós estamos prevendo algo bem melhor, com a expectativa de liberar mais financiamentos e uma economia mais estável”, projeta Fernando. 
Vieira também fala sobre a intenção do Governo Federal em disponibilizar mais recursos para financiamentos em 2018, fato que pode contribuir muito com a movimentação do mercado da construção. Na opinião do corretor, se houver maior liberação de crédito imobiliário, pode ocorrer uma melhora considerável para todo o setor. 

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José Carlos Vieira, corretor de imóveis em Beltrão:
“O pior já passamos, agora é só avançar”.
Foto:Alex Trombetta/Gente do Sul

Valorização fictícia atrapalha o setor
Um ponto abordado por Vieira e que, na opinião dele, atrapalha muito o setor imobiliário e ajuda a frear as negociações é a valorização exagerada ou fictícia, baseada em informações irreais ou análises improváveis sobre o real valor de mercado. Ele afirma que existe uma falsa sensação de que os valores dos imóveis estão baixando, mas, na verdade, o que aconteceu foi que muitas negociações ocorreram dentro do preço real de mercado. “E os produtos que ainda estão fora do preço do mercado, esses não estão vendendo e não vão vender, por causa dessa valorização fictícia”, alerta o corretor.
O preço de mercado, explica Vieira, é avaliado conforme o valor médio que os imóveis do entorno estão sendo vendidos. Ele conta que, normalmente, são utilizados como referência os imóveis vendidos em um raio de 200 até 500 metros, com parâmetros parecidos, para ter uma base mais real. 
Vieira costuma orientar que, quando o cliente vai colocar um imóvel para vender, ele contrate um corretor e pague uma avaliação por escrito. Essa avaliação será baseada numa série de informações e dados que serão capazes de revelar um valor real de mercado. “O corretor, por mais que tenha o conhecimento, vai falar o valor aproximado do imóvel, agora quando ele faz uma avaliação, ele usa informações que darão um preço bem real. Com isso, a maioria consegue ter êxito na venda do seu imóvel, porque fica num preço realmente dentro daquilo que o mercado está disposto a pagar, e não aquilo que a gente acha que seria o correto ou que tem um sentimento envolvido.”

Faltam modalidades imobiliárias na região
Mesmo com o mercado mais calmo e a sensação de que a oferta de imóveis é significativa, os profissionais do setor garantem que a demanda ainda é grande e que faltam imóveis com algumas características específicas, as quais o mercado tem buscado.
Na Imobiliária Casaril, o consultor e gestor Gilson Carneiro possui um caderninho com uma lista de espera de pessoas procurando imóveis de vários modelos, mas, principalmente, em busca de casas de alto padrão. Ele acredita que a elevada demanda por casas, seja para aluguel ou aquisição, deve-se ao fato de Francisco Beltrão ser classificada como uma cidade calma e segura, se comparada com grandes centros ou até mesmo outras cidades de porte semelhante em outras regiões.  
Segundo Gilson, a procura é em todos os bairros da cidade, por todas as formas e valores, mas a maior carência são casas de padrão elevado, com piscina, área verde e amplo espaço. “São imóveis de aluguel em torno de R$ 3 mil a R$ 5 mil, e eu não tenho muitas opções destas casas para alugar. A demanda é realmente grande, e em muitos casos não conseguimos atender o cliente na hora”, comenta. 
O corretor José Carlos Vieira revela que, em um levantamento realizado há cerca de quatro anos no município, o deficit habitacional em Francisco Beltrão era de aproximadamente 3.500 moradias. Atualmente, ele acredita que este número possa ser até maior. “Beltrão tem uma situação diferenciada, por ser o maior município do Sudoeste, é um atrativo para as demais cidades, para o pessoal que busca investir em imóveis. E esse interesse em investimento cresce porque a cidade cresce, nossa estrutura se desenvolveu, as universidades estão cada vez maiores e isso movimenta a cidade, assim como as grandes empresas, como a BRF, Marel, Flessak, Alcast, que movimentam muito nossa economia e trazem pessoas para trabalhar”, avalia Vieira.

Expectativas positivas para 2018
É tradicional, todo início de ano, pessoas e empresas fazerem planos e projetos, sempre com as melhores expectativas para o ano que se inicia. Para o mercado imobiliário, as esperanças para 2018 são bastante positivas – apesar de muitos profissionais defenderem a ideia de que o aquecimento mais expressivo deva acontecer somente em 2019. 
O arquiteto Fernando Medeiros acredita que, por se tratar de um ano de eleições presidenciais, o governo possa adotar algumas estratégias positivas que favoreçam a construção civil. “Acho que programas como o Minha Casa, Minha Vida devem melhorar, ter mais opções e recursos. A expectativa é boa, a gente sente que o mercado está crescendo novamente, indo aos poucos, mas melhorando”, diz Fernando. 
Vieira também aposta num bom ano e acredita que a força das universidades e do setor de saúde pode colaborar muito para o aumento na demanda de moradias e, consequentemente, em maior movimentação do setor. “Tem também a questão das taxas de juros, que estão mais baixas, e com taxas menores as pessoas começam a investir novamente, a ver a luz no fim do túnel, e buscam comprar sua casa própria ou investir. O pior já passamos, agora é só avançar”, afirma o corretor. 

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