Os poucos lançamentos imobiliários ocorridos no ano de 2019 sofreram com o desaquecimento da economia e a desconfiança de investidores.

Empreendedores preferiram investir em prédios e novos loteamentos em 2019.
Foto: Leandro Czerniaski
Em 2019, o Governo Federal utilizou seu principal ente econômico, a Caixa Econômica Federal, para tentar aquecer o mercado imobiliário do País através da redução dos juros. As taxas para financiamento habitacional, que em dezembro de 2018 estavam em 8,75%, chegaram em dezembro de 2019 em 6,5% a.a +TR (que estava zerada), uma queda de 26%. Contudo, este esforço não foi suficiente para a retomada dos investimentos no setor em Francisco Beltrão. Conforme balanço apresentado por empresários e corretores de imóveis ligados ao NIFB (Núcleo Imobiliário de Francisco Beltrão), 2019 para o mercado imobiliário foi um ano de cautela por parte dos investidores.
Mesmo com déficit habitacional, o mercado reagiu muito pouco aos estímulos, que tinham sido reduzidos desde 2015, quando começou a estagnação ou pouca movimentação registrada na área comercial imobiliária.
Segundo o empresário e corretor de imóveis Ivo Sendeski, coordenador do NIFB, uma das causas foi a desaceleração dos estímulos aos financiamentos da primeira casa própria, projeto do Governo Federal Minha Casa Minha Vida, “que vem aos poucos caindo em descrédito por parte da população devido à qualidade dos imóveis produzidos para esta linha de crédito, localização, tamanho e preços praticados pelo mercado”.
Ele ressalta que os poucos lançamentos imobiliários ocorridos no ano de 2019 sofreram com o desaquecimento da economia e a desconfiança de investidores, mas mesmo assim não deixaram de acontecer, tanto nos empreendimentos de loteamentos quanto na construção de prédios.
Na avaliação do corretor, o segmento não deixou de crescer, apenas diminuiu o ritmo em função de alguns empreendedores pisarem no freio, como sinal de alerta, “aguardando algumas definições e ações do Governo Federal na área da economia”.
Sendeski salienta que os negócios no segundo semestre do ano passado reagiram pouco com o anúncio de redução de juros e novas fórmulas de correção nos empréstimos. Para o coordenador do NIFB, é necessário a conscientização da população em geral, que o mercado desaquecido gera queda de preços, impulsionados pela concorrência oferecida, “pelo grande número de ofertas e a pouca procura, que por natureza puxa os preços pra baixo e regula o mercado”.
Há recurso para investir
O gerente da agência central da Caixa Econômica Federal de Francisco Beltrão, Idemar Scalssavara, diz que a redução dos juros foi significativa e aos poucos os investimentos estão sendo retomados. Ele ressalta que o banco percebeu um aumento de procura por crédito imobiliário no decorrer do ano e há orçamento para investir na cidade. A Caixa também oferece, à escolha do cliente, a possibilidade alternativa dos financiamentos para imóveis residenciais com recursos do SBPE corrigidos pelo IPCA e a concessão de financiamento habitacional com recursos do FGTS, incluindo, nesse contexto, o Programa Minha Casa Minha Vida. “A projeção é que a inflação se mantenha estagnada, então a opção pelo IPCA se torna muito interessante”, avalia. Neste caso, os juros podem cair a 2,95% a.a. De acordo com ele, quem tiver interesse pode procurar os correspondentes bancários para fazer simulações de financiamento. “Tem recurso para aplicar no município. Basta procurar e ver qual modalidade se encaixa melhor para cada perfil de cliente.”
Em 2018 foram contratadas 184 unidades habitacionais em Francisco Beltrão com valor investido na casa de R$ 21 milhões, beneficiando com habitação 736 pessoas. Ao longo dos anos foram firmados 5.459 contratos habitacionais, abrangendo 21.836 pessoas. Os números de 2019 ainda não foram divulgados.
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Preços fora da realidade em Beltrão?
Muitas pessoas dispostas a comprar imóveis na cidade reclamam que os preços praticados em Francisco Beltrão estão fora da realidade, se comparados com outras localidades. O coordenador do NIFB salienta que este fator, inclusive, também contribuiu para a retração na área negocial. “Pois altos valores nos terrenos e do metro quadrado da construção (imóveis em geral) dificultam o surgimento de novos empreendimentos comerciais e prejudicam o crescimento da economia local.”
Ivo Sendeski relata que, após o anúncio da queda de juros e o anúncio do índice de inflação pelo governo no mês de novembro/2019, o mercado mostrou sinais de reação, pelo aumento da procura e ânimo dos interessados.
Na avaliação dele, um fator que dificulta a retomada dos negócios é que os agentes financeiros vêm se protegendo muito na avaliação e aprovação de cadastros do público interessado nas linhas de crédito. “Grande parte do público que procura imóvel não possui renda compatível para financiar o imóvel desejado, continuando na fila do contingente que faz parte do déficit habitacional do País.”
Os imóveis mais procurados/negociados em 2019 foram os lotes e apartamentos, que lideraram a preferência no mercado de imóveis. A maioria dos compradores não utilizou financiamento e sim recursos próprios. Para 2020, o representante das imobiliárias acredita numa retomada maior de investimentos por parte de empreendedores no setor da construção civil.