O trajeto até o alto do morro é o mesmo desde 1956.

A história resumida num totem nos pés do Morro do Calvário esclarece como foi o início. “Nos primeiros anos da Vila Marrecas, até 1955, o morro localizado atrás da sede da Cango era uma área de plantio cultivada por moradores locais. Já naquela época, as pessoas subiam o morro para apreciar a linda vista. Em 1954, a madre Boaventura Guess conseguiu a doação dessa área para a construção do Instituto Nossa Senhora da Glória. A construção conhecida como ‘o castelo da floresta’, inaugurada em 1956, tornou-se a primeira sede própria do Instituto Nossa Senhora da Glória.”
Ainda conforme o totem, as irmãs colocaram no topo uma cruz de madeira, ficando conhecido como o “Morro da Cruz”. A partir daí, começou a ser marcada uma trilha até o alto do morro, trajeto mantido até hoje. “Entre 1959 e 1960, as irmãs compraram uma imagem de Nossa Senhora e do apóstolo São João – foram colocadas sobre um altar no pé da cruz. Em visita a São Paulo, as irmãs trouxeram um escultor que moldou em concreto as estações da Via Sacra e a gruta. Após o morro receber esse lindo trabalho, a população espontaneamente passou a chamar o ‘Morro da Cruz’ de ‘Morro do Calvário’, tornando-se o mais importante ponto turístico-cultural-religioso. No seu topo, sobre um pedestal de dez metros de altura, está a imagem do Cristo Redentor com 12 metros, considerada pela população como o mais representativo do município.”
Muitas famílias aproveitam fins de semana e feriados para passear no Morro do Calvário, rezar e tirar fotos, é bonita a área verde. Foi assim no feriado de Nossa Senhora Aparecida, em 12 de outubro, como forma de agradecer as bênçãos: Ivonete Nissel, seu marido Osair Cluzeni e suas filhas Scheila, 14, e Marina, 6, de Francisco Beltrão, estiveram no local.
Também é o caso de Sueli Engster e Ademir Lazzaretti e do filho Guilherme, 8, de Beltrão, que aproveitaram a folga do feriado para visitar o Cristo, motivados pela fé e pela beleza do lugar. “Aqui é muito lindo. O verde das plantas é bonito pra tirar fotos. Desta vez foi o Guilherme que pediu para vir”, comentou Sueli.
A fé também foi a motivação do casal beltronense David Fachi e Mariléia da Silva e do filho Davi Henrique Fachi, de 7 anos. “Viemos umas duas vezes por ano”, diz David.
Os beltronenses Daniela Andregheto e Arlei de Moraes vão, em média, a cada três meses para agradecer pedidos atendidos.

“Fazia quase dois anos que a gente não vinha, por causa da pandemia. Viemos sempre uma vez por ano, na Quinta-Feira Santa”, conta Irene Campos de Paula, que estava acompanhada de Idogenes Colaço Pinto, Rogério Alves Duarte e Daniele Paula Duarte.
Rovania Fernandes de Oliveira e a filha Júlia Alves, de apenas 1 ano e 7 meses, residem em Nova Concórdia; conheceram o local no feriado do dia 12 de outubro. “Aqui é muito bom, traz uma paz”, disse Rovania, com Júlia no colo. A pequena usava uma camiseta com a palavra “fé” estampada.
[relacionadas]
Revitalização em 1992, adeus chão batido
A inauguração das obras de revitalização aconteceu na Sexta-Feira Santa de 1992, dia 17 de abril, como divulgou o JdeB, em matéria dos jornalistas Itamar Pereira e Ivo Pegoraro. Até então, o trajeto era de chão batido e, quando chovia, aumentava o suplício dos fiéis. Muitos pais lembram que levavam os filhos nos ombros, já que o caminho era longo e as crianças não aguentavam caminhar.
Conforme informa o site da Prefeitura de Francisco Beltrão, em 1960, em viagem a São Paulo, a irmã Berta comprou as imagens de Nossa Senhora e do Apóstolo João. “Ambas foram colocadas sobre um altar ao pé da cruz, no Bairro da Cango. Na oportunidade, ela convidou um escultor paulista para moldar em concreto as estações da Via Sacra e a Gruta. Após a instalação da Via Sacra, a população espontaneamente passou a chamar Morro da Cruz de Morro do Calvário. A Gruta Nossa Senhora de Lourdes foi inaugurada em 19 de janeiro 1961.”
Em 1990, o prefeito Nelson Meurer adquiriu uma estátua do Cristo Redentor, que foi inaugurada após missa presidida pelos padres Natalício Weschenfelder e Afonso de Nijs, na capela do pedestal. “Principal atrativo do turismo religioso no município, recebe grande número de visitantes anualmente, mas é na Semana Santa que os peregrinos, de toda a região, sobem o Morro do Calvário, professando assim sua fé.”