Caminhoneiro há três anos, Vilmar Maieski diz que a pandemia mostrou a fragilidade na profissão ao mesmo tempo que revelou sua importância

Vilmar Maieski, de 48 anos, deixa Francisco Beltrão ao menos três vezes por semana com destino aos portos do Paraná e de Santa Catarina. Caminhoneiro há três anos, vê a pandemia desnudar as fragilidades da categoria, ao mesmo tempo que mostrou sua força. “Como todas as profissões da linha de frente, nós, caminhoneiros, mostramos que estamos aqui para servir e que estamos disponíveis para tudo que necessário for”, diz enfático, reiterando em seguida: “É lógico que precisamos de estímulo e condições para que possamos realizar nosso trabalho de forma digna e segura”.
Maieski não tem uma opinião distinta da de outros profissionais da estrada. Assistiu, ao mesmo tempo, o fechamento de comércios, seguido de sua reabertura, além da exigência de uma nova rotina de cuidados e higiene. Mas na sua área, o que identificou de forma mais direta e que revela até um gargalo econômico, foi a baixa dos produtos que transporta.
“Todos os setores, de alguma forma, foram afetados pela pandemia. Uns mais, outros nem tanto. Na minha área sofremos com a falta de contêiner, devido à baixa circulação de mercadorias e navios”, pontua. “Nós trabalhamos diretamente com produtos tipo exportação, então dependemos que as vendas fluam de forma consistente. Isso, antes, mantinha um nível. Lógico que, às vezes, devido a casos de doenças, diminui um pouco, mas não tanto quanto agora. Esperamos que esta pandemia finde logo e assim possamos voltar à normalidade.”
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Novo normal
No novo normal, expressão tão difundida desde março, estão o uso da máscara de proteção facial, álcool em gel, isolamento na cabine, o fim das rodas de chimarrão em qualquer parada e mais aferição de temperatura.
Infelizmente, diz Maieski, uma prática que ele não vê em todos. “O que mais me preocupa é o desleixo de alguns, a falta ou a má informação de outros, menosprezando a gravidade do problema. Como toda profissão, há alguns que se acham blindados e acabam por se contaminar, dando margem para que outros generalizem de forma preconceituosa”, aponta.
Maieski não contraiu a doença. Tampouco teve sintomas. Diz que toma cuidado em tudo o que faz, uma vez que, com o crescimento de casos entre a categoria, a profissão “caminhoneiro” se tornou também um grupo de risco. “E isso nos leva a sermos mais responsáveis e atentos a toda forma de zelar por nossa saúde”, frisa.