“Correm da gente que nem o diabo da cruz.”

Antônio Aparecido dos Santos, o motorista que veio de sua cidade, Jaguariaíva (PR), com uma carga de papel descarregada neste sábado no Jornal de Beltrão, não parou de trabalhar nesta crise do novo coronavírus. Continuou fazendo viagens para o Rio de Janeiro e, principalmente, para São Paulo, que é a cidade com mais gente atingida do Brasil pela pandemia que estamos vivendo.
Antônio conta que em São Paulo e no Rio todos que o atendem usam máscaras e luvas (ele também) e deixam os motoristas completamente isolados. “Eles não se misturam com a gente, só vêm, carregam e tchau! Correm da gente que nem o diabo foge da cruz.”
Todos os cuidados para uma viagem segura
Antônio dos Santos acredita que não é por falta de vontade de atender bem que os paulistas e cariocas evitam os motoristas; é que “tá todo mundo conscientizado” e por isso evitam contatos. Sabendo disso, ele viaja com sua geladeira abastecida. Leva comida e até a água que bebe. Dorme na cabine do caminhão. Sua única necessidade é de banheiros para as necessidades fisiológicas e banho, o que ele encontra nos postos de combustíveis. “Mas tá tudo vazio, não tem risco de aglomerar gente.”
Antônio está com 57 anos. Conta que trabalha com caminhão há 36 anos, mas começou como ajudante de motorista “ainda guri” de 14 anos. Casado com uma professora, tem um casal de filhos e três netos; já encaminhou sua aposentadoria e está pensando em parar com o caminhão e “ir pro sítio cuidar de umas vaquinhas”.
Sobre a crise da Covid-19, ele diz: “Isso logo vai parar, mas até parar vai cair muita coisa ainda”.