Mundo Animal: Não se engane, eles não pedem para os donos apagarem o cigarro, mas não gostam da fumaça
A nova lei que proíbe o fumo em lugares fechados chegou a São Paulo, Goiás, Rio de Janeiro e recentemente na capital paranaense, Curitiba. Agora está proibido fumar em locais públicos fechados e até os fumôdromos estão extintos. A legislação mudou pensando no bem-estar de quem não fuma, mas é fumante passivo por conviver de perto com a fumaça dos outros todos os dias. Se o cigarro faz mal aos seres humanos, imagine como vivem os animais de estimação de proprietários que fumam sem parar.
Segundo o veterinário Claudemir Machado Moreira, da Aquarium Pet, mesmo em ambientes abertos, os bichos sofrem com os efeitos nocivos do cigarro, pois a fumaça é leve e se propaga com rapidez pelo ar. Quem fuma perto dos cães, por exemplo, pode induzir o animal a formação de um tumor de narina. ?O nariz do cão é muito mais sensível que o dos seres humanos, sendo mais fácil ocasionar um câncer apenas inalando a fumaça?, salienta. No cão, o cigarro interfere inclusive no processo digestivo. ?O metabolismo é rápido nos animais e por isso o malefício da fumaça atinge-os com mais intensidade.?
Em média, o cão passivo fuma por dia 30% de uma carteira de cigarros. Como não podem falar, os animais dão sinais claros de que a fumaça está incomodando. De acordo com Claudemir, os cães começam a espirrar e a esfregar as patas no focinho. ?É só prestar atenção, geralmente o animal muda o comportamento quando se sente aborrecido em determinadas situações.?
Os gatos também são bastante prejudicados pelo hábito de fumar do dono. O problema aumenta com os felinos devido ao hábito de se lamber para fazer a limpeza dos pelos. Algumas substâncias do cigarro ficam impregnadas no pelo, e gato acaba ingerindo.
Pássaros: fumaça é sinal de perigo
Para os pássaros, o cigarro representa uma ameaça natural. Isto porque, dos animais domesticados, as aves são as que mais mantêm o comportamento nativo. Eles vivem confinados nas gaiolas, caso contrário podem fugir a qualquer momento, salienta Claudemir. Por isso mesmo, a fumaça para esta espécie representa ameaça. ?É como se estivesse pegando fogo na mata, um incêndio. É assim que os pássaros enxergam a fumaça do cigarro.?
Estes animais são totalmente passivos e sofrem de dois males: o psicológico e o fisiológico. ?A fumaça do cigarro é inalada pelos passarinhos e chega até os sacos aéreos, causando aerosacolites, inflamações sérias, que podem desenvolver para quadros mais graves, como pneumonia ou câncer?, ressalta o veterinário. O tratamento é feito com antibióticos e a recuperação não é fácil.
Peixes: o aquário não é seguro
Os aquários estão presentes como peças de decoração em residências, empresas e edifícios. Mas lá dentro, vivendo num mundo aparentemente à parte, estão os peixes. Se nestes ambientes, o cigarro for constante, a primeira peça a se degradar será o aquário e por consequência, seus habitantes, lá dentro. Segundo Claudemir, o objeto será totalmente comprometido. ?A fumaça tóxica do cigarro vai destruir primeiro a flora do aquário. O dono não percebe, porque não fica evidente que algo está acontecendo. Quando notar, os peixes já poderão estar mortos?, avisa.
A água, fundamental para a qualidade de vida dos peixes, pode perder a vivacidade por causa do cigarro. Com isso, o animal poderá apresentar problemas cardíacos, renais, deficiência nutricional e, claro, estresse. ?Outro bicho que fica bastante abalado com a presença de fumaça é o pássaro. Como citamos anteriormente, ele vê aquilo como ameaça, e não consegue sair da gaiola para se salvar do ?aparente? perigo. Imagine a confusão que isto causa ao bicho?, salienta o veterinário. O estresse causado no pássaro afeta a reprodução e o canto. Mas ninguém se salva: o hamster, a tartaruga, enfim, nenhum animal gosta de conviver com a fumaça nociva por perto.
O lado positivo da história
Pesquisadores americanos entrevistaram quase quatro mil donos de cães, gatos ou pássaros em uma área da cidade de Michigan, através de um questionário na internet sobre o comportamento dos fumantes. Entre os entrevistados, 21% declararam ser fumantes regulares, consumindo uma média de 13 cigarros e meio por dia ? cerca de metade deles dentro de casa. Outros 27% informaram conviver em casa com pelo menos um fumante.
O mais interessante da pesquisa foi a descoberta: pessoas que se recusam a parar de fumar, mesmo conscientes dos malefícios do cigarro, podem largar o vício ao descobrir que a fumaça também faz mal a seu animal de estimação. No entanto, não é o que se percebe na realidade, diz Claudemir. ?Muitos proprietários não acham que o cigarro interfere na vida do bicho. Aliás, há pessoas que insistem em fumar na frente dos filhos, em lugares proibidos, imaginem se irão respeitar os animais??, argumenta.
Vale ressaltar que aromatizantes para ambientes e incensos fazem tão mal aos animais quanto o cigarro. Então, de nada adianta fumar e querer disfarçar o mau cheiro, a situação só irá piorar. ?Os proprietários que fumam devem evitar ao máximo ter contato com o animal sem lavar as mãos. E lembrar que como os seres humanos, nenhum bicho é obrigado a conviver com a fumaça tóxica do cigarro. Conheço pessoas que fazem questão de baforar na cara do bichinho, achando que ele está gostando da brincadeira. Isto não faz bem à saúde do seu melhor amigo?, declara o veterinário.