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Francisco Beltrão
quinta-feira, 29 de maio de 2025

Edição 8.214

29/05/2025

Nelson Meurer, um amigo, uma boa lembrança

Se constituiu no maior homem público que carreou maior volume de recursos e meios ao município de Francisco Beltrão e região, como registra a nossa história — e aí está materializado o seu legado!

Matheus Ferreira Leite, então vereador, dando entrevista para o jornalista Itamar Martins Pereira. Registro de 30 anos atrás, quando da constituinte municipal,

e o prefeito era Nelson Meurer e Matheus foi o relator da carta.

Foto: Ivo Pegoraro/JdeB

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Matheus Ferreira Leite
Conheci Nelson Meurer na década de 60. Francisco Beltrão, apesar de ser uma das maiores cidades do Sudoeste, estávamos na última região a se desenvolver no Paraná. Pouquíssimas eram as chances de emprego naquela época (éramos, no Paraná, o “Nordeste brasileiro”). Depois de trabalhar na Comercial Lopes, Nelson depois trabalhou na Cibrazem, onde chegou à  gerência. A liderança, como agente de produção, foi tanta, que, em épocas de sáfra, a fila de caminhões carregados de cereais chegava entre 400 a 800 metros, imagem memorável!Na década de 70, eu próprio trabalhei com meu irmão na Cibrazem. Depois, quando fui marceneiro ao fazer uns móveis ao pai do Nelson, quando ele veio pagar, lembrei que ele havia emprestado um dinheiro a meu pai, sugeri em pagá-lo e ele disse que nada cobraria.Pouco tempo depois, em 1979, ele me convidou para trabalhar no Sindicato Rural, onde continuou seu trabalho pelos agricultores e suas comunidades. Sua primeira reunião do Sindicato, na comunidade do Jacaré, teve indisposição por ter que falar em público e eu o representei.Lembro da primeira homenagem que o Nelson recebeu, por importar-se na reivindicação da reforma da ponte da Rua General Osório (alvenaria, duplicação e elevação). Lembro também, e estava junto, em Brasília, quando reivindicou de uma vez só três novas pontes para a cidade. Enfim, entre cinco ou seis pontes, que temos hoje em nossa cidade foram, todas, viabilizadas graças ao empenho dele.

Scalco, Itaipu, MeurerEstando com ele em Brasília, em seu primeiro mandato, e eu participei em reunião com todos os deputados federais do Paraná, os quais diziam: O Scalco é a menina dos olhos do presidente [Fernando Henrique], mas é você, Nelson, que decide, se ele será ou não presidente da Itaipu!? E, ele respondeu: Sem problema, porém vocês e o presidente terão que me apoiar na pauta das reivindicações que tenho para meu município e região!Lembro que, em Brasília, eu adquiria as obras da atuação de Aleomar Baleeiro, Rui Barbosa — expoentes do Parlamento brasileiro —, e ele me perguntava: vai ler tudo isso? Eu falava: sim, eu vou ler, e vou esperar a obra que você vai deixar aqui em Brasília!Efetivamente, o Nelson trabalhou muito em Brasília pela nossa cidade e região. Levantava às 6 horas, se exercitava no apartamento funcional, tomava café e, às 8 horas, estava no seu gabinete no Congresso, lendo publicações no Diário Oficial, organizando pauta e audiências em ministérios para formalizar reivindicações para o município e região, encerrando sua jornada diária em média às 23 horas.Suas reivindicações eram equânimes entre todos os municípios que representava – escolas, postos de saúde, creches, pontes, ambulâncias, tratores, pavilhões sociais, anfiteatros, pavimentações e uma gama de outros recursos, importando em bilhões de reais, reivindicados e trazidos para nosso município e toda região.

MudançaAquela Beltrão de outrora que não tinha emprego, opção de formação superior, onde todos migravam em busca de ocupação e formação, hoje é a região da maior bacia leiteira, grande produtora e de frigoríficos de aves, com a oportunidade de empregos, e várias opções de formação superior e profissionalização públicas e privadas.E assim, no tempo em que cumpriu seus seis mandatos (1995 a 2018), depois de ter sido prefeito municipal de 1989 a 1992, se constituiu no maior homem público que carreou maior volume de recursos e meios ao município de Francisco Beltrão e região, como registra a nossa história — e aí está materializado o seu legado!Efetivamente, se o deputado não brilhou no Congresso como os notáveis Rui, Baleeiro, Brossard, Simon, Álvaro, Paim, Tancredo etc., foi reconhecidamente um representante decisivo nas conquistas de resultados econômicos e sociais ao município e região, com o maior relevo que a história registra.Nelson citava Arnaldo Busato como um político exemplar de presença e atuação nas comunidades, mas seguramente o Nelson foi superior neste quesito, ante à frequência e constante atendimento a todas as localidades. 

Meurer no grupo de riscoSobre sua condenação pelo STF, respeito, mas lamento a incúria dos doutos ministros em seu elevado dever, pois, Nelson estava com quase 78 anos, quadro safenado, diabético e detento entre 1.200 presidiários, integrava um grupo de grave risco da Covid-19, e, reincidentemente, teve negado o pedido de proteção domiciliar, assumindo a regressiva responsabilidade pela morte do ex-deputado Nelson Meurer — primeiro condenado pela Lava Jato na Suprema Corte do Brasil —e a pena de morte é vedada constitucionalmente!  Sou muito grato a esse grande cidadão que dedicou sua vida, lutando e morrendo pelo município e região do Sudoeste do Paraná!Pêsames à família, amigos, município e região.
Mateus Ferreira Leiteadvogado, ex-vereador

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