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Francisco Beltrão
sábado, 07 de junho de 2025

Edição 8.221

07/06/2025

Neuri Baú

“Vim pra visitar e nem fui mais embora”

Os pais de Neuri trabalhavam como operários no Rio Grande e vieram para o Paraná com a esperança de dias melhores. Em Mariópolis, o pai logo iniciou os trabalhos em uma serraria, mas as oportunidades possibilitaram que a família ingressasse no mundo do empreendedorismo. Tiveram uma mecânica e até uma churrascaria. Viveram em várias cidades da região, incluindo Dois Vizinhos e Francisco Beltrão.Dos quatro filhos do casal Luiz Baú e Ida Merlin, ambos já falecidos, apenas o mais velho nasceu no Rio Grande do Sul, no município de Arvorezinha, onde a família vivia antes de se mudar para o Paraná. Neuri João Merlin Baú nasceu no dia 22 de julho de 1946. Em 1951, a família chega a Mariópolis, no Sudoeste do Paraná, aonde anos mais tarde nasceram seus irmãos: Vilmar, Sérgio e Luiz Baú Filho (falecido).

Mas o que levou Neuri a morar em Salto do Lontra, no ano de 1971, foi o amor, amor mesmo, por dona Marlene Luiza Manfrói, com quem é casado até hoje e juntos tiveram três filhos: Leandro, Maurício e Renata. Dona Marlene é filha de Luiz (falecido) e Terezinha Manfrói, e tem sete irmãos: Melina, Ildo, Lademir, Dilce, Zelir, Marli e Marlei.

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Quando chegou a Salto do Lontra, Neuri sequer imaginava que 30 anos depois seria o prefeito da cidade, ou que por dois mandatos seguidos seria o segundo vereador mais votado. Em uma conversa descontraída, na tarde de segunda-feira, 17, em seu escritório de contabilidade, na Avenida Nicolau Inácio, no Centro de Salto do Lontra, o ex-prefeito, ex-vereador e empresário Neuri Baú, aos 67 anos, contou ao Jornal de Beltrão detalhes de sua história, o orgulho que tem de sua cidade e sua família e o sentimento de vencer e também de ser derrotado em uma eleição.

 

JdeB – Sua família viveu em várias cidades do Sudoeste. Como foi isso?

Neuri Baú – Nós viemos de Arvorezinha (RS), e eu tinha cinco anos de idade. Chegamos primeiro em Mariópolis, onde meu pai trabalhava com serraria. Aí, depois de um tempo, ele teve a oportunidade de comprar uma mecânica, que foi o que acabou nos levando para Dois Vizinhos. Mariópolis era muito pequena e Dois Vizinhos já tinha mais movimento, na verdade o Paraná inteiro estava naquele auge da madeira, e Dois Vizinhos tinha uma boa perspectiva pra se trabalhar com a oficina. Isso foi em 1962, mais ou menos. Lá, eu comecei a trabalhar com um caminhãozinho, um Ford F6, eu tinha uns 16 anos. Então, por volta de 1968, vendemos a mecânica e trocamos por um sítio em Cruzeiro do Iguaçu, mas não fomos morar lá. Mudamos pra Francisco Beltrão e meus pais montaram uma churrascaria, bem no Centro, ali ao redor da praça, no prédio do Soranso.

 

Aí o senhor trabalhava na churrascaria da família?

Eu ajudava na churrascaria de meio-dia, porque a gente só servia almoço. Na época servia uma média de 50 almoços por dia. Então eu fui atrás de uns serviços extras, pra juntar uns trocos. Achei um emprego no primeiro boliche de Beltrão, também ali no centro, do lado do Banestado na época, e eu trabalhava de garçom nas noites de quartas, sábados e domingos. Também durante o dia trabalhava de taxista, na praça, por um ano e pouco.

 

O táxi era do senhor mesmo?

Até um ano antes de eu comprar o meu, eu trabalhava com o carro do seu Aldo Vetorelo, o carro era dele, e ele trabalhava de manhã até as quatro horas da tarde, daí eu trabalhava à noite, finais de semana, era bico também.

 

E estudava também neste tempo?

Sim, eu estudei no colégio das irmãs, no Nossa Senhora da Glória, por uns dois anos. Eu cursava o técnico em Contabilidade. Daí, quando eu vim pra Salto do Lontra, as oportunidades eram poucas, raríssimas, e na verdade aqui em Salto faltava praticamente tudo, tinha só essa rua aqui, a avenida, poucas casas, aqui na frente era um atolador até na frente da lotérica, demorava pra secar o atoleiro. Daí eu completei meus estudos em Santa Izabel D’Oeste. Era tudo estrada de chão, o caminho não era longo, mas era difícil, estrada sem cascalho, nós pagávamos um carro e íamos em seis ou sete companheiros. Foi onde concluí o técnico em Contabilidade, que é a atividade que faço até hoje. Na época, em Beltrão, além de estudar, tirava minhas horas pra jogar bola, gostava bastante de futebol, como todos os ‘piazotes’ da época. Eu lembro que em Beltrão eram dois times rivais, o Real e o União. Aí eu joguei um tempo pro Real, até hoje de vez em quando nos reunimos pra relembrar aquela época.

 

Como o senhor decidiu morar em Salto do Lontra?

Ali por 1968, 1969, foi quando eu trabalhava de garçom no boliche. E a Marlene, a família e os amigos dela frequentavam o boliche. Era um local de encontro da juventude, era coisa nova, diferente, e foi quando conheci ela. Então eu vinha pra Salto a cada quinze dias, vinte dias, pra fazer uma visita. Não era fácil. E, em 1971, vim pra visitar ela e na ocasião me surgiu a oportunidade de colocar um pequeno comércio, um açougue, e já fiquei. Nem fui mais embora. Já fazia uns dois anos que estávamos namorando e no final daquele mesmo ano casamos. E tô até hoje aqui.

 

Seus pais vieram também?

Não, eu vim sozinho, meus pais continuaram em Beltrão um tempo e depois foram de volta pra Dois Vizinhos, onde hoje é Cruzeiro do Iguaçu, pra viver no sítio que eles tinham negociado pela mecânica uns tempos antes. Depois que eles faleceram, meu irmão Vilmar foi cuidar do sítio da família.

 

E naquela época, dona Marlene trabalhava com o quê?

Ela trabalhava na prefeitura, e logo em seguida ela iniciou o curso de Pedagogia, em União da Vitória. Depois transferiu -se para Palmas, pra ficar mais perto, e daí conseguiu concluir e foi pra sala de aula. Foi professora e se aposentou como professora. Na verdade ela parou um tempo em Beltrão antes de nos conhecermos, daí lá ela trabalhava num escritório, tudo coisa de notas, era tudo manual, não existia computador.

 

Ela se formou depois que vocês já tinham casado?

Sim, foi professora aqui em Salto do Lontra, ensinou até se aposentar. Hoje está sossegada, e às vezes ela auxilia meu filho que é engenheiro na parte de finanças, ele cuida só da engenharia, das construções, e tem uma lojinha de materiais de construção ali também que é a mulher dele, Luciane, que cuida. O Leandro também, junto com o Maurício, eles tem uma fábrica de pré-moldados.

 

Antes disso, o senhor contou que chegou aqui e comprou um açougue. Trabalhou muito tempo com isso?

Eu fiquei um ano e pouco no ramo, quase dois anos. Era bom o setor, e eu trabalhava sozinho. Naquele tempo eu terminei o curso de técnico em Contabilidade, e daí eu já estava parando com o açougue e, por fim, vendi. E bem nesse tempo abriu por aqui uma agência bancária, do antigo Banco Comercial do Paraná (Bancial). E como eu tinha um pouco de estudos, o pessoal por aqui era muito simples, muito carente de tudo, então o gerente do banco foi lá e me convidou pra trabalhar, fazer carteira agrícola. E eu aceitei, fiquei uns cinco anos naquele banco, não tinha concurso nem nada, era contratado. Depois o Bancial foi incorporado pelo Bamerindus e depois comprado pelo HSBC. Quando houve a incorporação, eles mandaram muita gente embora, trouxeram um pessoal deles, e eu também acabei saindo.

 

Mas aí já tinha uma experiência com banco para o currículo, né?

Exatamente. Depois que eu saí do banco, eu fui trabalhar no Hospital Nossa Senhora de Fátima, que era aqui nessa avenida também. Eu era funcionário do Dr. Wilson, que foi o primeiro prefeito de Salto do Lontra. Fiquei seis anos ali, até 1981. Trabalhei na parte administrativa e financeira até setembro de 1981, quando saí do hospital e logo em seguida comprei esse escritório de contabilidade que hoje trabalho. O escritório já existia, era do seu Aldir Hoback. E com esse escritório, por anos sem férias e sem ‘arredar’ o pé, criei os filhos e sustentei a família. Hoje os filhos estão encaminhados.

 

Os seus filhos são todos empresários? E os netos, já chegaram?

Sim, sim, é muito bom ver isso, todos bem. O Leandro é engenheiro, tem o escritório com a construtora e uma loja, LB Materiais de Construção. Daí junto com o Maurício, eles têm a LB Fábrica de Pré-Moldados. E o Maurício é prefeito hoje, né? A Renata é farmacêutica e bioquímica e tem um laboratório de análises. E também já tenho netos sim (risos). O Leandro e a Luciane tiveram duas meninas: a Amanda, com oito anos, e a Luíza, com quatro.

 

E no escritório, o senhor trabalha sozinho?

Não, sempre tive funcionários. Hoje tem a Elisandra me auxiliando, faz uns dois anos, a gente sempre se virou com um ou dois funcionários. O escritório tinha muito movimento de contrato de aluguel, de arrendamento de terra, principalmente, de compra e venda, e isso virou uma euforia para vim fazer contrato comigo. É que eu nunca fui muito chegado em dinheiro, então sempre dava uma mão pra um ou pra outro. Até hoje tem essa mania, alguém humilde chega e pede “quanto é que custa, tô sem dinheiro”, e eu já digo “me traga uma cozinhada de milho verde, uma cozinhada de batata doce”. E assim foi encorpando aquela amizade, muita gente amiga, e sempre se dando bem com todos.

 

E com isso percebeu que poderia entrar para a política?

Foi em 1988, quando tinha aquele negócio da constituinte, sabe? Então tinha que fazer a constituinte, a nova Constituição na Nação e depois do Estado, e depois do Município, e daí já tinha assim uma conversinha, um fuxico por aí, o pessoal falando que o Neuri Baú ia ser vereador. Mas eu nunca tinha pensado nisso, na minha família não tinha ninguém envolvido com a política. E eu dizia “eu não quero esse troço, vamos deixar, não tô muito afim, não é comigo”. Mas a gente vê as pessoas assim, com muito agrado, com amizade, e aí pensei que podia dar a minha parcela de contribuição com o município. Então decidi: vou ser candidato mesmo, isso em 1988, e fui o segundo vereador mais votado do município naquele ano.

“Não queria ser candidato, mas percebi que poderia dar minha contribuição para o município”

 
Em recente homenagem aos ex-prefeitos do município, Neuri recebe
uma placa entregue pela nora Suzana e o filho Maurício. 

JdeB – Até então o senhor não pertencia a nenhum grupo político? Ou era filiado a algum partido?

Neuri – Foi naquela época que me filiei ao PDT, e só tive um partido, nunca mudei. Então me candidatei pela primeira vez em 1988 (gestão 1989-1992), e fui o segundo vereador mais votado, com 444 votos. E então sempre trabalhei ajudando a pedir coisas pro prefeito, melhoria de estradas, bueiros, enfim, o que pudesse fazer pra ajudar o povo sempre fazia, principalmente buscando beneficiar mais o agricultor.

 

E percebeu que poderia tentar novamente em 1992?

Na eleição seguinte teve um fato, foi quando desmembrou parte de Salto do Lontra pro município de Nova Esperança do Sudoeste. Quando eu me elegi pela primeira vez, era junto até no Gavião, e quando eu fui candidato pela segunda vez, daí uma parte ali do Varanda tinha desmembrado, que era as comunidades São Carlos, Gavião, Varanda, Varandinha e Linha Felicidade, ali pra baixo. E ali era um lugar grande de votos pra mim, até porque o meu falecido sogro Luiz Manfrói morava ali, e gostava muito da política e me apoiou bastante. Daí com isso começou a especulação. ‘Vai ser vereador?’, me perguntavam, e eu dizia que não, que já estava de bom tamanho, já havia dado minha parcela de contribuição pro município. E na época, um advogado, muito meu amigo até hoje, ele disse pra mim: “Mas é bom que você não vá, porque você nem se elege dessa vez”. Aí simplesmente eu falei: “Tu vai ver como eu me elejo”. E decidi ir de novo. Então, mesmo tendo perdido uma grande parcela dos meus eleitores, que eram daquela região que virou Nova Esperança, fui novamente o segundo mais votado do município, com 386 votos, em 1992 (gestão 1993-1996). Acho que eu tinha muita amizade com todo mundo.

 

Assim tudo se encaminhou para a candidatura a prefeito em 96?

Isso me segurou lá em cima, continuei bem, e confiante. Mas daí, quando chegou a eleição de 1996, o prefeito Dalvo Koerich (PST – 1993-1996) não preparou ninguém, não se preocupou e quando chegou a hora ‘H’, quando ele viu a coisa feia, disse: “O candidato vai ser o Baú!”. E eu já disse que não queria, enfrentei o grupo, resisti, enfrentei a família e insistia em não aceitar. Por fim, acabaram me convencendo e fui, com o Luiz Pedroso como vice da chapa. Enfrentei o Nery Maria, que tinha como vice o Martinho da Silva. Só que aí, o PT e o PSDB, os dois não se bicavam de jeito nenhum, e não sei como é que foi que o Nery convenceu o Martinho, que era presidente do PT, a unir PT e PSDB pra disputar contra o PDT e o PST. O Nery também tava tentando, ele perdeu em 1992 pro Dalvo. Ele tinha dinheiro, tinha tudo. E dessa vez eu não consegui e perdi com 1.063 votos de diferença.

 

Mas não desanimou e decidiu tentar de novo…

Na verdade, em 2000, a candidatura surgiu naturalmente. O povo não estava muito contente por aí e eu, praticamente, nem precisei fazer campanha. Sem nenhum tostão no bolso, sem nada, sem apoio de deputado, só eu e os ‘lambari’ (risos). Então, perdi em 1996, mas em 2000 (gestão 2001-2004) venci com 1.024 votos de vantagem. Fiz 4.115 votos. Era eu e o Altair José Eduardo “Vierinha”. Concorremos contra o Luiz Carlos Gotardi (PSDB). Esse cara tem um poder de convencimento muito grande. Ele conseguiu até convencer meus companheiros que eu iria perder a eleição, que ia ser difícil, que iríamos gastar muito dinheiro. Daí em 2004 não fui mais, ele convenceu até os líderes do meu partido e se elegeu por dois mandatos como candidato único. Daí eu fiquei quieto, e começamos a pensar na candidatura do Maurício, meu filho.

 

O senhor acredita que seu trabalho contribuiu para a vida política de seu filho?

Eu acho que sim, que incentivou de alguma forma. O Maurício decidiu se candidatar pelo PPS a vereador em 2008 (gestão 2009-2012), e foi o vereador mais votado da história do município, com 1.291 votos. A gente sempre esteve mais do lado dos humildes, no meio do povo. E eu decidi parar, deixar pra ‘piazada’. E assim, em 2012, o Maurício se lançou a prefeito, com o Fernando Cadore de vice, e se elegeu, com 3.326 votos.

 

Então tem tudo para continuar?

É, o pessoal tá falando bastante que ele vai de novo e tal. E o pessoal diz ‘não mude, Maurício, não mude, continue assim’. Ele desencalhou muitas coisas boas pro município, ele observa as coisas, sabe como ir atrás. Um exemplo foi um trecho de asfalto que liga a comunidade São Jorge ao município. Enrolaram por anos aquilo ali e o Maurício, certa vez, encontrou o Beto Richa numa visita, e com aquele jeito dele falou bem assim: “ô Beto, dá uma forçinha aí pra gente”. E assim consegue as coisas, fez amizade com o governador e é sempre bem recebido por ele. E daí quando o Beto vem pra região ele sempre vai junto, e já enxerga ele de longe, com aquela camisa vermelha que ele sempre usa (risos).

 

Não tem jeito de mudar a cor da camisa, né?

E faz tempo isso, e depois que entrou pra política, então, foi de vez. Uma vez dei uma camisa verde pra ele e ele me devolveu, e disse que não ia usar (risos). E daí quando ele vai nesses eventos, o Beto, os deputados, já enxergam e gritam “ô Bauzinho, vem cá”. E ele é desse tipo, vai fuçando, xeretando com os outros, ele é metido, e daí consegue as coisas pro município.

 

E como é a sensação de saber que o senhor passou por isso, e agora seu filho está tomando conta?

A gente não tem palavras pra expressar o que é isso, sabe? É uma sensação estranha, claro, é uma coisa muito gostosa, muito alegre, mas você não consegue dizer. As quatro vezes que eu fui candidato, me elegeram três, a sensação de perder também é complicado, claro que ganhar é muito melhor do que perder. O Maurício, as duas vezes que ele foi se elegeu, e a gente esteve lá, tivemos uma parcela de ajuda pra ele. Então é muito bom isso tudo.

 

O senhor deixou Beltrão, que já era uma cidade maior, e decidiu morar aqui, acreditou numa cidade que estava começando a se estruturar. O senhor viu um futuro aqui, que podia crescer junto com o município?

Aquela coisa de você ver um lugar novo, pessoas honestas, pessoas boas, trabalhadoras, então isso aí até despertou uma atenção pra gente. Eu não tinha praticamente nada em vista, e surgiu essa oportunidade de colocar um açougue, um investimento pequeno. E aí tudo foi se ajeitando. Teve uns tropeços, como na vez que tentei colocar uma fábrica de madeirite e compensados, mas não deu muito certo. Mandei a primeira remessa lá pro Nordeste e até hoje não recebi. Mas depois, com a ajuda de uns amigos, me emprestaram uma serra fita e comecei de novo com uma serraria, depois comprei uma serra própria e estamos até hoje com atividade de serraria. Também com o trabalho aqui do escritório consegui comprar um sítio aí no interior. A ideia do sítio era ter uma garantia pra quando os filhos fossem estudar, e eu pudesse ajudar eles. Se precisasse, vendia um alqueire por vez e ia pagando tudo. A gente tem aquela coisa de ser seguro, de ser pão duro. Depois as coisas foram mudando, melhorando, e no fim consegui estudar os filhos, pagar a faculdade pra eles, e não vendi a terra (risos). Eu também quase cursei duas faculdades.

 

É mesmo? Mas chegou a concluir alguma?

Fiz quase até o final, daí abandonei. No primeiro ano que abriu o curso de Administração em Palmas, na Facepal, eu passei no vestibular. Era vestibular de inverno, e eu já morava em Salto e ia caçar lá. Tinha um amigo nosso que morava aqui e os pais dele moravam lá e daí a gente ia caçar todo ano. E eu tinha marcado pra ir pra lá, e os caras naquela semana estavam se preparando pro vestibular, que era sexta, sábado e domingo as provas. Eu nunca tinha feito um vestibular e todo mundo falava que era um diabo de ruim, que era desgraçado, que era difícil e não sei o quê, a gente fica com aquela coisa. Aí tinha um pessoal aqui, uma porção de amigos, que convidaram pra fazer. Então me organizei pra ir caçar lá e já fazer as provas. Na sexta-feira de manhã já fiz uma prova, saí da prova e fui caçar. Na sexta-feira de noite mais uma prova, sábado de manhã outra prova e depois caçar, e domingo de manhã a mesma coisa. No domingo de tarde saiu o resultado, tinha 50 vagas e eu fiquei em 49º, mas entrei. Fiz até o último ano, mas começou aquele negócio de estágio e tal, e daí desisti de ir. Eu já tinha aprendido o que precisava. Depois disso, em 2004, quando aconteceu um acidente com a minha filha e nós estávamos na Policlínica, em Beltrão, eu estava lendo, por coincidência, o Jornal de Beltrão, e tinha uma notícia que era o último dia para as inscrições do vestibular da Unipar.

 

E dessa vez qual foi o curso?

Fiz pra Direito. Eu não falei nada pra ninguém. Fui na Unipar e pedi o que precisava para a inscrição do vestibular. Já entreguei os documentos e pronto. Daí ainda a moça me disse que, pela minha idade, eu ia entrar num programa e só pagava metade da mensalidade. Fiz as provas, pra Direito, e daí eles me deram os papéis, pegaram meu telefone e disseram que se eu passasse eles iriam me avisar. E eu não falei nada pra ninguém, fiquei bem na minha. E passei, sem me preparar, e fiz quatro anos. Eu queria me inteirar da situação do advogado por causa do serviço aqui no escritório, que ia me ajudar muito. Daí, quando terminei o quarto ano e no outro ano que tinha só estágio e não sei o quê, decidi parar de novo. Não precisava do diploma, o que eu precisava tá gravado na memória, e já me ajudou bastante.

 

Enfim, como o senhor vê o município hoje?

Mas, olha, pelo tamanho da cidade, pelo poder aquisitivo das pessoas, tanto da cidade como do interior, por aquilo que eu acompanhei nos meus 43 anos de Salto do Lontra, no meu ponto de vista tá muito bem, um povo muito chegado às tradições, o Salto está progredindo. Sempre foi uma cidade pacata, gostosa de viver, povo muito bem dado, todo mundo conhece todo mundo, e isso aí é um dos pontos principais, e daí pra frente é só crescer, e como falou o prefeito no dia da homenagem aos políticos e aos pioneiros (realizada no dia 14 de fevereiro), cada um no seu tempo teve a sua participação. Quando eu fui eleito, foi o primeiro ano da Lei da Responsabilidade Fiscal, muito difícil, e a gente conseguiu colocar o município em ordem. Me orgulho disso, e também me orgulho dos seis barracões que foram construídos pra instalar indústrias aqui, e até hoje é uma das alegrias que a gente tem, na hora da saída dos funcionários, passar por ali e ver aquele ‘mundarel’ de gente saindo do trabalho e indo pra casa. Esperamos que o nosso prefeito atual faça e continue fazendo pelo município o que deve ser feito, não é por ser meu filho, mas eu acho que ele tá no caminho certo.

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