Entre as mulheres na faixa dos 12 aos 17 anos, 29% já usaram maconha

O consumo de álcool ocorre cada vez mais cedo entre os brasileiros. Recentemente o representante da AMP (Associação dos Municípios do Paraná) no Conesd (Conselho Estadual de Políticas sobre Drogas) e secretário Antidrogas da Prefeitura de Cascavel, Eugenio Rozetti Filho, o Geninho, fez um alerta sobre os perigos da bebida alcoólica entre os jovens.
Segundo ele, entre as drogas, o álcool é o maior problema da sociedade. Para agravar o quadro, o consumo de bebidas alcoólicas cresceu entre os jovens, sobretudo as mulheres. Pesquisa divulgada por Geninho aponta que, dos jovens com idade entre 12 e 17 anos, 79% já experimentaram álcool e 49% usaram outras drogas (maconha, crack, etc).
“O álcool causa muitas tragédias. O que complica tudo é que as pessoas só procuram ajuda quando estão na última fase do vício. Outro problema é o consumo cruzado, quando a pessoa consome crack e maconha também”, diz o representante da AMP no Conesd.
O problema também cresce entre as mulheres. 29% delas, nesta faixa etária, fazem uso regular da maconha e 9,5% usaram crack e cocaína.
De 2005 até o ano passado, ainda de acordo com a pesquisa, o consumo do álcool entre os jovens cresceu 14,5% e, entre as jovens, 35,5%. “O agravante é que a mulher tem um sistema enzimático mais eficiente que homem e são mais resistentes. Provavelmente, no futuro, teremos mais mulheres alcoólatras que homens”, diz.
Prejudica o cérebro
De acordo com o Centro de Informações sobre Saúde e Álcool, o consumo de álcool por adolescentes, além de prejudicar a formação do cérebro, aumenta o risco de consequências negativas como gravidez precoce e indesejada, violência, e acidentes. Quanto mais cedo ocorre o primeiro contato com uso de álcool, maiores os riscos de problemas. Por exemplo, consumir a primeira dose antes dos 15 anos aumenta em cinco vezes o risco de desenvolvimento de dependência e em sete vezes o risco de se envolver em acidentes de trânsito ou luta física.
Em 2010, cerca de 14 mil mortes de jovens com menos de 19 anos foram atribuídas ao álcool. O Brasil apresenta, entre os países das Américas, o maior índice de mortes relacionadas ao consumo de álcool por adolescentes com idade entre 15 e 19 anos, seguido por Guatemala e Venezuela. Constatou-se que os jovens das Américas costumam ingerir uma ou duas doses a mais por ocasião quando comparado aos adultos.
Cinco ou mais doses
Mais de 60% dos adolescentes homens em sete países (inclusive o Brasil) apresentaram perfil de BPE (Beber Pesado Episódico) – padrão de consumo de álcool que corresponde à ingestão de cinco ou mais doses para homens e quatro ou mais para mulheres, em um período de duas horas. Já para adolescentes mulheres os valores são menores; porém ainda elevados em alguns países, chegando ao máximo de 40% no Canadá. A frequência de BPE entre adolescentes na região das Américas só fica atrás da Europa, tanto para mulheres (7,1% versus 22%) como para homens (29,3% versus 40%).
O presidente do Conselho Tutelar de Francisco Beltrão, Deivid Ouriques, afirma que o problema do álcool não é encarado com tanta seriedade pela sociedade como deveria. Em Beltrão, durante 21 dias de trabalho em janeiro, foram atendidas 231 ocorrências, muitas delas têm o álcool relacionado, se não direta pelo menos indiretamente. É uma informação que não temos precisa, mas acredito que mais de 15% dos atendimentos foram direcionados à dependência com álcool e outras drogas. O alcoolismo entre menores de idade só chega ao Conselho Tutelar em casos extremos. “Beber passou a ser algo normal, muitas vezes a própria família incentiva ou então omite o problema para evitar um constrangimento.”
* Com informações da assessoria
Histórico familiar facilita dependência
JdeB – O médico psiquiatra Cícero Bezerra de Lima, que atende no Centro de Atenção Psicossocial – Álcool/ Drogas (Caps AD) de Francisco Beltrão, afirma que é muito mais provável o jovem desenvolver dependência ao álcool se já tiver um histórico familiar. De acordo com ele, os jovens não têm “o insight” (noção) de que o álcool lhes causa problema. “Sabe-se que jovens que toleram mais o álcool e necessitam de maiores quantidades para se embriagarem, têm uma chance maior para se tornarem dependentes. Se tiver uma história familiar positiva, associado a um ambiente permissivo, a chance de tornar-se dependente é alta.” Ele salienta que apenas 1% dos usuários de álcool morrerão de cirrose, contudo, o álcool mata mais quando associado a violência física, homicídios, acidentes de trânsito, etc.
O psiquiatra cita ainda que a grande maioria dos acidentes ocorrem da noite da sexta-feira à madrugada do domingo, envolvendo jovens do sexo masculino, com idade entre 18 e 30 anos, e que fizeram uso de álcool. Além disso, ele lembra que o álcool também é porta de entrada para outras drogas. “Geralmente na entrevista com pacientes que possuem vício em crack, eles contam que começam usando álcool, pois dá a coragem que o sujeito necessita para experimentar outras substâncias.” (*Com assessoria de imprensa)