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Francisco Beltrão
domingo, 08 de junho de 2025

Edição 8.221

07/06/2025

O que são os cabelos diante de tanto amor?

 

 “Foi muito divertido. Raspei o meu e ela logo falou que também 
queria. Então passei a máquina e rimos muito.”
A foto registra o  momento em que as irmãs aderiram
ao mesmo visual. 

 

Elas são irmãs. Mas não é apenas o DNA que as deixa tão próximas. Carla e Débora Algayer não escondem que são completamente apaixonadas uma pela outra. Têm essa união desde pequenas, e até hoje não se desgrudam. Mas o fato de serem irmãs não é algo que mereça destaque em página de jornal, afinal, há milhares de outras irmãs por aí. O que as diferencia é a história de amor e luta que ambas enfrentam juntas, lado a lado, sem deixar o bom humor.

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Como uma forma de dizer “mana, vá em frente, não desista”, Débora raspou a cabeça. Foi um ato solidário diante do inevitável. Carla descobriu um câncer e trava uma batalha contra a doença. É sabido que, devido ao tratamento, visualmente, os cabelos deixam de ser como antes. Ficam finos, enfraquecidos e caem.

Carla contou ao Jornal de Beltrão que seu cabelo não caiu por completo. Foi justamente passando por este processo: ficou mais fino e ralo. Ela então optou por raspar de uma vez. “Sentei na frente do espelho, peguei a máquina e raspei sem problema algum. Confesso que me sinto muito melhor.” Sempre sorridente e de bem com a vida, Carla brinca e diz que agora não precisa mais se preocupar com o cabelo toda vez que sai de casa. “Ele está incrivelmente sempre arrumado.”

Eterna Miss Beltrão

Carla teve que encarar desde cedo vários desafios. Um dos que mais marcaram sua vida talvez tenha sido a experiência de subir na passarela e ser julgada por sua beleza. Ela desfilou e venceu: foi coroada Miss Beltrão em 1997. Depois, por muito pouco não venceu o concurso estadual. No ano seguinte, conquistou a faixa de 1ª Princesa do Miss Paraná. 

Referência de estilo e beleza. Parece que Carla nasceu para estar conectada a este universo que valoriza a autoestima de mulheres e homens. Atualmente, é proprietária e cabeleireira no Studio Cor. Débora seguiu os passos da irmã e atua no mesmo negócio. Quando a reportagem quis saber se a atitude de raspar a cabeça impressionou a irmã mais velha, Débora não hesitou: “Acho que não foi surpresa para minha irmã eu querer raspar a cabeça, pois isso é o mínimo do mínimo da demonstração de afeto que temos uma com a outra. Não sabemos dormir sem dizer uma a outra que nos amamos”.

Além de trabalharem no mesmo lugar, Débora e Carla passam o dia juntas e também depois do expediente. E adivinhem onde tudo se encerra? Uma na casa da outra. 

O dia D

Ousada. É assim que Débora se considera em relação a mudanças visuais. Por isso, quando Carla raspou o cabelo, ela garante que não pensou uma única vez em não acompanhá-la nessa experiência. “Sempre fomos como uma só e quero viver toda esta batalha grudadinha nela.”

De tão parceiras, não foi Débora quem raspou. Foi a própria Carla. E ela assegura: “Foi muito divertido. Raspei o meu e ela logo falou que também queria. Então passei a máquina e rimos muito”.

Cabeça raspada, sensação de liberdade

Livre. É assim que Débora se considera após a raspar os cabelos. E ainda declarou ao JdeB: “Vou contar uma coisa, durmo meia hora a mais todos os dias e meu cabelo não desarruma com o vento (risos)”. O fato é que ambas estão curtindo o novo visual, que rendeu muitos elogios e manifestação de carinho de pessoas até desconhecidas. Na rede social, a foto de Carla e Débora carecas teve mais de 200 curtidas e outra centena de comentários.

Mas Débora vai além. Dia desses, enquanto acompanhava Carla durante um exame e aguardava na sala de espera, tirou um tempinho para tomar um café e se deparou com uma cena triste: na recepção da clínica, uma moça chorava muito acompanhada de sua mãe, que estava com um lenço na cabeça. “Quando ela me viu, fixou os olhos em mim. Eu sorri pra ela como quem diz: “você não precisa deles para ser feliz”. Ela, depois do meu sorriso, parou de chorar na hora. É gratificante mostrar às pessoas que não é o fim do mundo ficar sem cabelo.”

Vivendo um dia de cada vez

Carla leva tudo com muito bom humor, sempre alto astral. Tanto é verdade que, para ela, o fato de estar careca não é algo que lhe incomode. “Não sei por quanto tempo precisarei ficar com este visual, mas não estou me importando com isso no momento”, enfatiza. O que muda não é a falta dos cabelos, de deixar de usar secador e escovas, ou fazer aquele penteado especial. Ter que enfrentar uma doença séria é algo que motiva novos horizontes e valores. Para Débora, a atitude de raspar a cabeça lhe fez repensar a vida. “Aprendi que posso deixar tudo pra depois, menos viver. Temos que viver o agora, o hoje com as pessoas que amamos e fazendo aquilo que nos faz bem. Muitas vezes as pessoas vivem o hoje em função do amanhã e de bens materiais. O amanhã acontece no tempo dele, não no nosso.” Carla, que encara dia a dia a batalha contra o câncer, garante que vive hoje um dia de cada vez, fazendo o que tem vontade. “Tenho pessoas maravilhosas ao meu redor, um marido maravilhoso que vive cada segundo ao meu lado.” Sobre o aspecto profissional, ela diz estar totalmente segura e despreocupada. “A equipe Studio Cor me deixa muito tranquila com a competência demonstrada a cada dia, voltar a trabalhar não é algo que me perturba hoje. Quero viver o agora, pois a árvore que plantei 15 anos atrás está dando frutos maravilhosos”, declara. Aliás, a irmandade de Débora e Carla se mistura em todos os campos. “Minha irmã, que é minha metade, está na supervisão de tudo”, diz Carla, referindo-se ao comando do salão. Mas a declaração de amor vai além do profissional e pessoal, transcende qualquer corte de cabelo ou carequice. “Os olhos dela são os meus olhos”, resume Carla Algayer.

 

 

 

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