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Francisco Beltrão
sexta-feira, 30 de maio de 2025

Edição 8.215

30/05/2025

O trabalho específico da Psicanálise

Neste segundo artigo, são especificadas algumas característica sobre o trabalho clínico e terapêutico da Psicanálise tomado como referência um texto do psicanalista  Roberto Dantas (2014).

1.Sobre quando procurar o psicanalista:
A psicanálise não é um processo somente para quem é diagnosticado com alguma doença mental. Ela é um processo de autoconhecimento e autodesenvolvimento que auxilia quando algumas desestruturações do aparelho psíquico, que percebemos em nós ou não, nos aprisionam, por exemplo, em relacionamentos destrutivos, atitudes autossabotadoras, leves estados depressivos e outras que, com conhecimento consciente, podem resultar num melhor  bem-estar psíquico. Há pessoas que não procuram auxílio psicanalítico por que há uma resistência, um desconhecimento e/ou preconceito por parte dos que as cercam ou por falta de informação. O medo de ser considerado “desajustado/problemático” faz com que muitas pessoas que poderiam receber auxílio  da psicanálise se esquivem dela. 

2 Sobre o procedimento do psicanalista ser diferente:  
O trabalha do psicanalista é diferente  porque a Psicanálise compromete a pessoa  na superação de seu sofrimento. Ela questiona a participação da pessoa naquilo de que esta  se queixa e que só pode  mudar quando se  der conta da problemática, do seu contexto, de seu enraizamento, de seu significado. O psicanalista, pode-se dizer, fica um passo atrás da pessoa – não direciona -, mas não deixa parar: e então? E como? Não deixa  o paciente desistir dele mesmo, desistir de sua busca. Se, por um lado, essa  atitude parece “chata”, ela é profundamente enriquecedora e traz uma  enorme vantagem, pois o psicanalista, como alguém sempre insatisfeito,  procura captar a singularidade, a viagem de  vida e o livro que o paciente está escrevendo. Tal procedimento faz com que as experiências de vida ganhem mais sentido.

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Enquanto o psicólogo procura adequar  a pessoa a um ponto estabelecido como padrão de normalidade em saúde  mental, o psicanalista não tem padrões rigidamente  prestabelecidos como normalidade única.  O psicanalista apoia o paciente na invenção de sua forma de viver, sua forma de buscar  satisfação e a responsabilizar-se por ela. Não se trata de ajuste ou de adaptação ao meio social, porque não é disso que cuida  a psicanálise. Uma análise não é um tratamento normativo em que um sujeito é convocado a enquadrar-se dentro de normas, de costumes, de padrões de comportamento. O tratamento deve mostrar que há coisas do sujeito muito além do meio, além da ‘norma’. Com efeito, a psicanálise abstém-se de simplesmente compactuar com os ditames culturais. Por mais que haja pressões da cultura, o compromisso do tratamento psicanalítico é com o ser  humano em primeiro lugar. 

3 Sobre as sessões:
No trabalho clínico contemporâneo, não há necessidade do divã, conforme apregoado por Freud. As sessões tem duração de 50 minutos e a periodicidade vai depender de cada paciente, de cada caso, geralmente  uma vez por semana. Também o trabalho clínico, hoje, não segue rigidamente o modelo segundo o qual o analista que ficaria fora do campo de visão do paciente, que se deita num divã. Hoje, a sessão é construída junto com o paciente, de acordo com as necessidades. De modo geral, a sessão segue, de um lado, as expectativas do paciente, e, de outro, as linhas de trabalho do analista. 

4 Sobre a duração do tratamento: 
Mudanças internas e profundas, com resultados mais efetivos, como propõe a psicanálise, demandam algum tempo, trabalho e paciência de ambas as partes: analista e paciente. É preciso ter em mente que um compromisso com sua análise é um “contrato” consigo mesmo, com seu amadurecimento emocional e psíquico, e que isso não tem tempo ou momento para terminar. Deve-se, também, considerar que não se pode mudar tão rápido uma coisa que “criamos” e ligados a qual vivemos desde nossa infância. Por isso, a duração varia de pessoa para pessoa, depende do andamento do processo e de até onde se queira ir, ou o que se queira alcançar.  

5 Considerações finais:
A analista junguiana Dulce H. R. Briza  comenta que “a alma não tem fronteiras e o pensamento também não. Sabemos que  pouco sabemos sobre  a vida, o mundo e o ser que habita o mundo tanto na área médica como na psicológica. A compreensão da alma será sempre uma eterna viagem compartilhada por analista e analisando. O  amor e a dedicação são elementos fundamentais na profissão de psicanalista assim como na vida. Não só a teoria, o pensamento, mas o coração deve estar aberto para a  pessoa que está em nossa frente. É preciso que consideremos amorosamente a Psicanálise”. Fazer terapia psicanalítica é um compromisso e um encontro com a verdade e com o amor.

Dra. Gema Bocalon Boneti
Cel. (46) 9926-0525
Psicanalista – abordagem junguiana –  CBP- 01200/PR

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