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A desvalorização do minério de ferro na China, os estoques altos no mercado nacional e a produção com capacidade quase que total das siderúrgicas brasileiras estão ajudando a conter a alta no preço final de ferragens diversas. O material é um dos principais insumos da construção civil e um dos maiores responsáveis pelo aumento de custos do setor, já que está presente desde a fundação até os acabamentos.
“Temos percebido uma redução, em média de 8%, nas últimas compras. E tem uma série de fatores internos e internacionais influenciando essa retração após o período de aumentos que tivemos neste último ano”, comenta Otavio Dalpubel, proprietário da Bertovel, especializada na distribuição de diversos itens de aço, alumínio e inox. Otávio cita que na última Expobel a telha de aluzinco era vendida a R$ 22 e hoje, 18 meses depois, está R$ 55. Uma loja de materiais de construção consultada pelo JdeB pagava R$ 27 na barra de ferro em 10 em junho do ano passado e chegou a pagar mais que o dobro deste valor nos primeiros meses deste ano. De agosto para cá, a mesma barra já foi adquirida com valor 5% menor.
O empresário Leonides Lotici, da Difer, tem percebido uma queda ainda mais acentuada em alguns produtos. “Houve redução de até 20% e a tendência é que o preço caia mais uns 10% até o final do ano, porque há muito produto no mercado, consequência de grandes importações feitas quando houve falta de aço”, comenta. O JdeB mostrou que entre o fim de 2020 e início de 2021 muitos itens em aço, como ferragem para construção, estavam em falta no mercado e afetavam desde os pequenos compradores até as grandes construtoras. Para se precaver em cenários como esse, a Difer investiu em maquinário para fazer a finalização de itens e reduzir a dependência de outras distribuidoras.
Mercado imprevisível
Outros fatores, como o câmbio desfavorável e a alta do frete marítimo, continuam pressionando o preço do aço. O empresário Léo Bertolini, da Léofer, ainda aponta que o mercado está muito imprevisível, mas já considera a normalização do fornecimento positiva neste momento. “Com aquele bloqueio do Canal de Suez, infelizmente, o frete triplicou e não baixou mais. Com a alta do dólar, algumas usinas estão preferindo a exportação, fazendo com que os preços fiquem elevados e sem previsão de baixa. Porém tivemos um avanço: a falta de matéria-prima está normalizando”, diz.