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domingo, 25 de maio de 2025

Edição 8.211

24/05/2025

Olga Fernandes enfrentou a luta contra dois cânceres com coragem e determinação

Geral

Olga Fernandes e as filhas Dayane e Lenise, ainda mais unidas.

Católica devota de Nossa Senhora de Lurdes, Olga Leonilde Fernandes lutou e venceu dois cânceres. De 2012 até hoje, reza todos os dias um terço em prol de todos aqueles que a ajudaram a lutar, como conta a filha Lenise. “Ela vem de uma família numerosa e de uma linhagem de mulheres fortes. Passadas essas tempestades, perguntei a ela se alguma vez achou que não iria resistir, ao que ela respondeu com firmeza que nunca achou que o câncer (nenhum deles) seria mais forte.”

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Lenise entende que o diagnóstico é ponto de partida: “Em 2012, partimos e nunca mais voltamos para o mesmo lugar. Fomos para um lugar melhor, onde somos mais fortes, mais sensíveis ao sofrimento alheio, mais maduras e, acima de tudo, mais humanas”.

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Em 2012, após uma infecção de garganta que não melhorava, uma série de sintomas e exames, foi diagnosticada com leucemia mieloide aguda, com tratamento em Cascavel. Ao seu lado, as filhas Lenise e Dayane e o marido Gilberto. Lenise conta: “Partimos do porto seguro da convivência familiar diária para a possibilidade de ver a vida física materna interrompida; rompemos aquela ‘inocência’ de quem nunca se defrontou com uma dificuldade gigantesca. Partimos da percepção da mãe invencível, que cuidava de todos, para a constatação de que ela era como nós: estava totalmente indefesa e necessitando de cuidados; partimos do papel de filhas para sermos cuidadoras; partimos do medo para a coragem”.

De acordo com as filhas, Olga passou de cuidadora a paciente; de uma pessoa com rotinas definidas, para o dia a dia desconhecido, pois nada dependia dela, a não ser a vontade de viver; de uma mulher forte, para outra que vivia dentro dela e era frágil, e precisava ser acolhida. Ela precisou ficar sozinha, tendo em vista sua idade, à época, não permitindo acompanhantes. Além disso, parte do tratamento requereu que permanecesse em total isolamento, diante do sistema imunológico muito debilitado.

Olga Fernandes.

“Esse foi nosso segundo ponto de partida: com a mãe sozinha, num hospital, em poucos dias, uma fortaleza surgiu em nós. Aprendemos a administrar a ansiedade e a preocupação. Aprendemos sobre a rotina de um tratamento oncológico. Aprendemos a distância entre Francisco Beltrão e Cascavel, todos os trajetos e horários. Aprendemos o valor de uma boa noite de sono, um agasalho em noites de vigília, aprendemos o valor da solidariedade, aprendemos sobre paciência e o valor de uma família”, diz Lenise.

Olga partiu do controle da própria vida para o aprendizado da resignação, sendo cada dia mais grata por cada pequena conquista. “Partir dos momentos de desânimo para o aprendizado de seguir em frente, porque existe ainda vida para viver. Aprendizado de que mesmo sem vontade de se alimentar, é preciso, e faz toda diferença. Aprendizado de que mesmo quando tudo parece perdido, surge uma solução. Aprendizado sobre desapego, porque o cabelo cai, mas ele volta a crescer”, relata a filha.

Câncer de mama
Em 2019, novos exames, novo diagnóstico: câncer de mama. “Como da primeira vez, junto das filhas, no momento decisivo de receber a notícia desafiadora. O quadro era outro, o momento outro, fisicamente ela estava bem, mas nem por isso a situação é menos complexa. Parece um caminho conhecido, mas não é: cirurgia, quimioterapia, radioterapia em Cascavel, que requereu residir provisoriamente em uma pensão, onde também residiam outros pacientes em tratamento semelhante”, lembra Lenise.

Esse foi o terceiro ponto de partida: “Partir do que achávamos que sabíamos, para o aprendizado de seguir com leveza, mesmo diante da incerteza. Aprendizado de novos cuidados de enfermagem. Aprendizado sobre esperança, sobre esperar, e sobre o quanto é bom voltar para casa e é tão bom, que só o fato de ver Francisco Beltrão de longe (as primeiras casas), já faz os olhos marejarem”, comenta Lenise.

Olga precisou partir da segurança da saúde para a constatação de um novo diagnóstico. “Partir da segurança da própria casa para a incerteza de uma cidade e uma casa estranha. Revisar as lições sobre desapego, porque o cabelo caiu novamente; mas, dessa vez, ela decidiu cortar antes que os fios se desprendessem. Lição aprendida.”

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