Francisco Beltrão está distante da Copa. As pessoas prestigiam os jogos pela TV, a não ser os mais privilegiados ou sortudos que conseguiram comprar ingressos no site da Fifa. Porém, de um jeito ou de outro, os beltronenses encontram uma maneira de participar do evento. Durante dia dos jogos do Brasil, as lojas, empresas e funcionários se vestem de verde e amarelo.
A onda de manifestações e o medo de possíveis conflitos pelo Brasil, com risco de violência e depredação, eram eminentes antes do início da Copa. Alguns manifestantes até iniciaram um movimento na estreia do Brasil, mas o que se vê nesse momento são manifestações dispersas, nada concentradas. Mesmo assim, na abertura da Copa, no jogo entre Brasil e Croácia, a presidente Dilma Rousseff declinou do uso da palavra, se esquivando das vaias dos torcedores. Porém, quando a câmera focava nas expressões de Dilma, a torcida do estádio reagia vaiando ela e o presidente da Fifa, Joseph Blatter.
Aproveitando a Copa do Mundo no Brasil, o Jornal de Beltrão perguntou, através do facebook: Independente de partido político, mas como cidadão brasileiro, de que forma você considera as vaias contra a presidente na abertura da Copa do Mundo? E as manifestações contra o evento no Brasil?

“Protestos civilizados são válidos simplesmente pela liberdade de expressão. O erro é misturar estes problemas políticos com futebol, em um ambiente esportivo pertencente a outro contexto totalmente alheio a esta situação. Insistir em um coro de xingamentos não gera grande validade na hora de definir o futuro do país. Esses protestos só irão ter efeitos verdadeiros e permanentes se forem realizados na hora do voto nas próximas eleições. Protestar em estádios ou nas ruas causa uma sensação de “olhos abertos”, porém estas manifestações só terão real validade quando ocorrerem nas urnas.”

Eu penso que a Copa do Mudo e todas as questões envoltas são importantes momentos para refletirmos sobre algumas questões sociais: 1º As vais (que, todo mundo sabe, veio de uma minoria burguesa) foram caladas com o estupendo coral popular entoando o Hino Nacional Brasileiro. Esta manifestação do “ser brasileiro” não foi vista somente no estádio, mas nas praças, casa e ruas de todas as cidades brasileiras – mais uma vez, isso frisa que quem desaprova a Copa é a minoria. 2º Esta minoria insatisfeita, que tem como lema “vai tomar no c…” pra resolver tudo, não sabe que alguém lutou pra que ele tivesse a liberdade de expressão, da participação na Copa, do voto, entre outros. 3º Ficar analisando aprovação ou reprovação do governo através de um fato isolado e minoritário nos coloca a repetir a história, onde somente os “heróis” fazem história – os heróis ricos. Alguém pediu ao trabalhador, que nessa década conseguiu adquirir sua casa própria, seu filho está na faculdade pública, tem um carro popular e comida, se este “vaia” o governo? 4º Só quem não faz nada, não recebe nada, nem vaias e muito menos elogios. Minha avaliação sobre esta mediocridade é que: os desprovidos de conhecimentos sobre movimentos sociais esperam eventos grandiosos para que homogeneízem: “os torcedores do Brasil vaiaram a presidenta”, “o povo do Brasil está insatisfeito”, porque não tem força e muito menos coragem de fazer “manifestações” com pautas reivindicatórias coerentes, estão na sociedade apenas para “avacalhar”, “quebrar”, “denegrir”, “desrespeitar” e não para propor mudanças.
Samara Thaís: “As manifestações são um direito dos cidadãos, porém eleger o evento “Copa do Mundo” como o motivo principal da má administração, desvio de verbas, corrupção e falta de respeito com o povo é algo exagerado, pois se fizermos um retrospecto histórico da política em nosso país, chegaremos à conclusão que isso se construiu ao longo do tempo, principalmente partir do momento em que o voto passou a ser obrigatório para todas as pessoas, pois votavam nos candidatos que prometiam mais, e nem sempre essa escolha era sadia para o desenvolvimento do país (cidades, estados). Portanto, acredito que o maior ato de manifestação seja no próximo mês de outubro, quando, durante as eleições, os cidadãos terão em mãos o poder de reverter ou se tornar cúmplices dessa deturpação ocorrente na sociedade contemporânea de nosso país.