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Francisco Beltrão
sábado, 31 de maio de 2025

Edição 8.216

31/05/2025

Opinião: Não precisamos de Jesus!

Marcio Geron é Juiz de Direito Aposentado

Por Marcio Geron 

 

Admito: Ele (Jesus) possui uma linda história. Assumo que foi um homem bom e grande mestre de sua época.

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A fábula de seu nascimento é encantadora. Um corajoso pai adotivo, uma mãe devotada e virginal, pastores trabalhadores, magos (sábios), anjos, estrelas, gruta, manjedoura e adoráveis animais do campo. Que cena antiga e bela (que sempre aparece no final do ano). Mas, verdadeiramente, é algo incompatível com a evolução humana. Pergunto, por exemplo, você acredita em anjo?

Mais importante é outra indagação: você acredita que há um espírito (que é tido como santo/deus) e que ele poderia gerar uma criança? 

Vamos ser sinceros: será que um filme hollywoodiano, com naves espaciais grandiosas, sons exuberantes, heróis e grandes aventuras, montado em um bom roteiro moral, não falará mais para os homens e as mulheres de hoje do que uma criança nascida na pobreza do oriente médio? 

No máximo, no mundo atual, poderíamos depurar a sua história e, principalmente, as suas palavras. A propósito, há muito tempo temos feito isso de modo imperceptível (para muitos). Ou seja, afastamos pontos ultrapassados de sua fala (ficamos com o que é bom). Quem acredita nisso: “E os escribas que tinham descido de Jerusalém diziam: ‘Ele tem Beelzebul em si’ e: ‘É pelo chefe dos demônios que ele expulsa os demônios’. Ele os chamou e lhes dizia em parábolas: ‘Como é que Satanás pode expulsar Satanás? Se um reino está dividido contra si mesmo, este reino não se pode manter… Em verdade eu vos digo que tudo será perdoado aos filhos dos homens, os pecados e as blasfêmias, por mais que as tenham proferido. Mas se alguém blasfema contra o Espírito Santo, fica para sempre sem perdão: é réu de pecado sempre’”.

Beelzebul, demônios, reinos, espírito santo, pecado e atos imperdoáveis.

Nós, do tempo do conhecimento científico e da tecnologia, não podemos aceitar um mundo não conectado à realidade humana (o conto de seu nascimento e o texto acima “não nos representa” – como é dito nas nossas ruas).

O que importa para nós é o mundo concreto. São as despesas diárias, as conexões de internet e suas perspectivas ilimitadas, o universo das artes livres de dogmas, a potencialidade máxima da ciência e do homem, a total liberdade sexual e o pleno consumo ao alcance de todos.

E o melhor de tudo. Ao contrário do proposto por Jesus, com seus sermões (coisa antiga, né?), mandamentos (ultrapassados em sua maioria) e leis, somos tolerantes em qualquer matéria. Somos uma sociedade evoluída, pois aceitamos os cristãos e outras tradições religiosas.

Em resumo, temos uma “regra dominante” para tratar de assuntos abstratos: deus, caso exista, qualquer deus, é amor! Por isso, Jesus, como um dos deuses existentes, ou como um bom líder espiritual, nunca fica ofendido com suas últimas representações: bêbado, amante, homossexual e débil.

Do outro lado, um prestigiado pensador moderno escreveu: “Deve ser possível manter-se como um ateu resoluto e, não obstante, esporadicamente, considerar as religiões úteis, interessantes e reconfortantes, e ter uma curiosidade quanto à possibilidade de trazer algumas de suas ideias e práticas para o campo secular”.

Assim, temos, no mundo contemporâneo, uma espiritualidade flexível e um ateísmo receptivo.

Jesus, realmente, é irrelevante. Meus irmãos cristãos, em que momento nós descartamos Jesus? Em que momento nós o abandonamos de maneira tão vergonhosa?

O que os pais cristãos falam a respeito do seguinte poema infantil de Olavo Bilac: “Homens, Jesus nasceu! Natal! Natal! Sobre esta palha está quem salva o mundo, Quem ama os fracos, quem perdoa o Mal!”

Sim um poeta, não é um teólogo. O antigo escritor coloca a grande indagação para os cristãos (infelizmente não só para crianças): vocês aceitam a verdade do Natal?

A verdade que Jesus Cristo não é um homem ou mestre, Ele é Deus que veio ao mundo para a nossa salvação. Os cristãos, é preciso ficar claro, que rejeitam os Evangelhos negam a Deus. Por dois motivos: a Bíblia contém as palavras de Deus e elas são verdades absolutas. Ao cristão, tristemente, é preciso recordar: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para ensinar, refutar, corrigir, educar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito, qualificado para qualquer obra boa”.

Portanto, Jesus Cristo nascido em Belém, na pobreza e no sofrimento, é o nosso salvador!

Assim fala o Texto Sagrado: “O que foi gerado nela provém do Espírito Santo, e ela dará à luz um filho a quem porás o nome de Jesus, pois é ele que salvará o seu povo dos seus pecados”.

Não é fábula ou conto de final de ano. Deus pleno de amor e justiça perdoou os nossos pecados e entregou o seu filho amado. Novamente, o Texto Sagrado é transparente: “Deus, com efeito, amou tanto o mundo que deu o seu Filho, o seu único, para que todo homem que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.

Natal é uma noite de amor! Jesus é Deus de amor! Mas devemos tomar cuidado, com o “amor” professado pelo mundo, desconectado das palavras santas: “Se me amais, observais os meus mandamentos”. O “amor” do tempo presente, por óbvio, é preso a coisas do corpo e do mundo. É a satisfação de desejos pessoais. Na verdade, não é amor, pois amor é fazer bem ao próximo (nós cristãos aprendemos com Jesus Cristo – que deu a sua vida por nós –, é serviço humilde para o irmão que sofre).

Aliás, é por isso que “o mundo” que despreza, diminui, ofende e zomba de Jesus Cristo e dos cristãos acredita que é o reino “do amor e da tolerância”. O “amor do mundo” fere e machuca. Nós temos outros mandamentos: “Estar disposto para toda boa obra, não injuriar ninguém, evitar as rixas, mostrar-se benevolente, dar provas de constante mansidão para com todos os homens”.

Infelizmente, o mundo não percebe que quando despreza o menino Jesus descarta o amor. Mas o assustador não é o comportamento do mundo, é o nosso. Nós, cristãos, esquecemos: que o nascimento de Jesus é declaração de amor de Deus por toda a humanidade; que o nascimento numa gruta é o ensinamento perpétuo de humildade (orgulho e avareza humana são revelados); na manjedoura já carregava a cruz da pobreza e da limitação; naquela noite Jesus revelou o verdadeiro poder (ele ficou pobre para ficarmos ricos – ele morreu para vivermos; é amor total); que Natal é salvação; e que Jesus é Deus que salva e liberta (ele está conosco – ele está presente).

Contudo, há esperança. O próprio Jesus garantiu: “E lembrem disto: eu estou com vocês todos os dias, até o fim dos tempos”. Verdadeiramente, como negar a sua presença ao admirar um poema tão terno:

 “O nosso menino

Nasceu em Belém.

Nasceu tão somente

Para querer bem.

Nasceu sobre as palhas

O nosso menino.

Mas a mãe sabia

Que ele era divino.

Vem para sofrer

A morte na cruz,

O nosso menino. 

Seu nome é Jesus.

Por nós ele aceita

O humano destino:

Louvemos a glória

De Jesus menino”

 

(Dedico a todos que sofrem de enfermidades mentais e físicas. Deus nos protege! E a todos os líderes espirituais e médicos que zelam pela nossa cura física, mental e espiritual. Muito obrigado! Que Deus os proteja sempre. Louvado seja o Nosso Senhor Jesus Cristo! Citações: Mc 3, 22-24; 28 e 29; Alan de Botton – Religião para Ateus; Olavo Bilac; 2Tm 3, 16 e 17; Mt 1, 20 e 21; Jo 3, 16 e 14, 15; Tt 3, 1 e 2; Mt 28, 20; e Manuel Bandeira)

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