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Francisco Beltrão
quarta-feira, 04 de junho de 2025

Edição 8.218

04/06/2025

Ovelhas Lacaune produzem leite e queijo

Ovelhas Lacaune produzem leite e queijo

 
Jorge Baleeiro e Francisco Gaievski observam uma ovelha Lacaune, seguradapelo tratador Guilherme,
na sede do Centergen, na Linha Menino Jesus.

Uma experiência que poderá ser, a médio prazo, de grande importância econômica para o Sudoeste está em fase inicial na Linha Menino Jesus, a 3 km da Sadia, em Francisco Beltrão. Trata-se da criação de ovelhas da raça francesa Lacaune para obtenção de leite e  queijo. O plantel de 132 ovelhas, 55 em lactação, veio de um criador em Anchieta, SC, e foi colocado num cercado de tela de 100 metros por 30 m, chão batido, em que há dois galpões pata abrigo e manejo. Sob a supervisão do veterinário Francisco Gaieviski, cuidam do plantel seo  Claimar  e seu filho Guilherme. O Pai da Cabanha,como dizem no Rio Grande do Sul para o reprodutor, recebeu o nome de seu antigo dono,em Anchieta, “Kleber”. Além da monta tradicional, faz-se inseminação artificial.

O médico-veterinário e empresário rural  Francisco Gaieviski, formado pela PUC- campus avançado de Uruguaiana, RS, acreditou na rusticidade, longevidade e produtividade  da raça Lacaune,  que os franceses vêm estudando  desde 1902 e só em 1942 passou a ter seu Flock-book. A Lacaune vem de três raças Casuarès, Larzac e Lauragarse do Maciço Central Francês. Segundo Gaieveski, essa raça é rústica, longeva, dando até sete criadas (uma por ano) e de excelente produtividade, podendo chegar de  1,5 a 2 litros de leite dia, que se transformado em queijo tipo Pecorino, como  já está sendo feito pela Vêneto (Marmeleiro) e chega a render, nos grandes centros, mais de R$ 100,00 por quilo, o que  torna um plantel de 50 ovelhas produtivas um excelente negócio. Além  da produtividade  de leite, há o aproveitamento da carne do macho, o descarte anual ou semestral. São necessários cinco litros de leite de ovelha para um l kg de queijo pecorino. O litro do leite de ovelha vale quatro vezes o de vaca.

Manejo

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Um dos problemas da ovinocultura com pastagem aberta (não confinamento) é a verminose, que pode trazer imensos prejuízos. No sistema de cercado com chão batido e confinamento total  (silagem de milho, por exemplo), reduz-se bastante a verminose. Há que se ter cuidados especiais para que a cama de estrume não se acumule. O sistema de piso-ripado é uma  das soluções.

O manejo de plantel é muito simples: Colocada a silagem no cocho, verificado o rebanho para ver se não há nenhum animal ferido, doente etc, abastecidos os bebedouros e feita a ordenha em época de lactação, cuidar das crias, o resto do dia o rebanho passa sem dar trabalho. Numa área de 100 metros por 30 ficam 150 cabeças sem nenhum problema.

A ordenha mecânica pode ser feita com o mesmo equipamento usado para a ordenha de bovinos, só trocando as teteiras.

 

Luz e Cio

Como a Lacaune é uma ovelha europeia, seu ciclo de cio é regulado por menor intensidade de luz, daí sua entrada em cio ser inferior a ovelhas cuja origem sejam os Trópicos, como a Santa Inês, que pode produzir três crias a cada dois anos. No caso da Lacaune, o  “Foto Período”  que regula o cio terá que ser induzido ou pela luz artificial ou pelo “efeito macho” – colocação do macho próximo ao abrigo das ovelhas ou incremento hormonal (que dá maior resultado).

O entusiasmo do veterinário Chico Gaieviski é visível. Sua verdadeira paixão pela Lacaune levou-me a falar por telefone com renomados especialistas em ovinocultura  como Otávio Rossi, da Embrapa Caprinos e Ovinos  (em Sobral), que, além de pesquisador, cria  ovelhas de leite em seu sítio de Jaboticatubas, Minas Gerais, Jefferson  Ferreira da Fonseca, do Núcleo de Caprinos e Ovinos da Embrapa (ligado a Sobral) em Coronel   Pacheco, Minas Gerais e  Maria Isabel Carneiro Ferreira, também da Embrapa, em Coronel Pacheco, MG, que fez seu doutorado em ovinos na Universidade da Sardenha. Todos demonstraram  otimismo  em relação ao crescimento da produção de leite de ovelha e  da utilização do leite para a produção de queijo e  sobre a produção científica ligada ao setor. A Embrapa Caprinos e Ovinos (Sobral-Ceará) e seu Núcleo, em Coronel Pacheco (Minas Gerais) está empenhada em ajudar com pesquisa e experimentação o desenvolvimento desse segmento produtivo. Agora mesmo acabou de publicar um livro em que há estudos sobre Ovinocultura  de Leite .

No Estado Rio, por exemplo, o Sítio Solidão, no interior de Miguel Pereira, produz  com leite de ovelha Lacaune um tipo de queijo que lembra o sabor do queijo da Serra da Estrela, em Portugal. A demanda dessa queijo é enorme.

Os estudiosos da Ovinocultura de Leite acham que a luta, agora,  é  ampliar a produtividade e chegar a 3 crias em dois anos, o que implicará em  pesquisa, treinamento de pessoal e manejo adequado. Uma visita à cabanha do Gaieviski, no Menino Jesus, por certo  entusiasmará o pequeno produtor rural sudoestino (e o grande também !) a formar um plantel de Lacaune de leite. Uma conversa técnica com o veterinário e professor  Chico Gaieviski, diretor do Centergen,  será decisiva para  entusiasmar o nosso agricultor pela ovinocultura de leite. 

A   criação de ovinos de leite na fazendinha do Centergen, no Menino Jesus, pelo visto, é uma prova cabal da viabilidade desse investimento. Informações pelo Fax (46) 3527-3788. (Jorge Baleeiro de Lacerda).

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