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Francisco Beltrão
domingo, 25 de maio de 2025

Edição 8.211

24/05/2025

Padre Harry: meio século de sacerdócio

Padre Harry: meio século de sacerdócio

Harry ?Ari? Van Briel
Quando me falaram isso, pensei: deve ter algum erro de cálculo, não é possível que se passaram 50 anos comigo de padre. Mas tudo indica que é, e verificando as datas, não tem como escapar: 30 de agosto 1959 ? 30 de agosto 2009.
Daí comecei olhar para trás e vi que muita coisa se passou, fatos que vou tentar relatar de maneira resumida. Minha infância (21/12/1934) e juventude transcorreram como as de qualquer criança da época, só que nós, da Bélgica, nos vimos às voltas com a ocupação alemã na Segunda Guerra Mundial.
Como adolescente, lia muitas narrativas de aventureiros entre os quais se encontrava uma boa parte de missionários em todos os continentes; mas me chamava a atenção um parente que há muitos anos trabalhava no Brasil e escrevia suas peripécias em cartas dirigidas à nossa numerosa família.

Como seria o Brasil?
Minha índole irrequieta e aventureira, em conjunto com minha farta fantasia, me fazia sonhar com este imenso e pouco conhecido país ao ponto de eu mesmo querer verificar in loco essas maravilhas descritas. Procurei a Congregação dos Missionários do Sagrado Coração, ao qual pertenço desde então, que me garantiu a possibilidade de realizar meu sonho.
Desde 1953 percorri o currículo de todo candidato a sacerdote na época: 1 ano noviciado, 2 anos filosofia, 4 anos teologia. Para viajar para o Brasil só faltava eu cumprir meu serviço militar como cidadão belga; como já era padre, podia prestar serviço social por um ano no Congo, antiga colônia belga.

O embarque na Bélgica
Em fins de 1961 terminei essa missão e chegou então o momento de embarcar para o país de meus sonhos, o Brasil, onde cheguei em 22/11/61 pelo porto de Santos, depois de 14 dias no mar. 
Minha primeira nomeação foi como auxiliar na paróquia de Capanema, principalmente para visitar as 40 capelas que abrangiam as atuais paróquias de Capanema, Planalto e Pérola D?Oeste, em substituição ao padre Valério, que estava de férias.
Em agosto de 1962 fui nomeado para a Paróquia de Francisco Beltrão para atender 50 das 100 capelas; esta minha região abrangia as atuais paróquias de Ampere, Santa Izabel e Realeza; a outra metade, atendida pelo padre José Bosmans, se constitui hoje nas paróquias de Eneas Marques e Salto do Lontra.
 Encurtando, vai aqui a lista dos meus sucessivos trabalhos: 4 anos nas capelas, 8 anos no seminário São José, em Francisco Beltrão, como professor e responsável, 1 ano gerente de cursos da Caritas Diocesana. Em 76, a Congregação abriu uma missão entre os colonos brasileiros no Paraguai, os brasiguaios, e indicou a mim para começar a paróquia de Mbarakayu.

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Trabalho na UPMO
Dois anos depois o prefeito de Francisco Beltrão, sr. João Arruda, me convidou a assumir a recém-conquistada UPMO (Unidade de Formação de Mão-de-Obra), onde comecei em maio de 1978. Por razões políticas, fui substituído em 1986, para voltar ao mesmo posto em 1992. Neste intervalo, atendi durante um ano e meio o economato do Seminário de Palmas, onde ficava durante os dias úteis. Até 1996 fiquei ligado à UPMO, quando a política, de novo, achou por bem me substituir.

O apoio às Monjas Concepcionistas
Em 1988 chegaram em Francisco Beltrão as Irmãs Concepcionistas em número de seis. Tive a graça e a tarefa de durante 21 anos acompanhá-las, até a sua retirada em junho de 2009. Neste período, mais precisamente de 1996 até 1999, pude coordenar os trabalhos da construção do novo mosteiro. Também durante o tempo da minha permanência em Beltrão, desde 1978 até o presente, estive ligado à paróquia de S. José, da Vila Nova, como ?ajudante para toda tarefa?.
Como beltronense, me orgulho de ter participado da fundação e organização de várias entidades civis em prol da nossa comunidade : (1) em 1964 o DMEA (Departamento Municipal de Esportes Amadores); (2) em 1980 a Amarbem (Associação Marrecas do Bem-estar do Menor); (3) em 1981 a Guarda Mirim; (4) em 1992 a Escola Integral Adelíria Meurer, destinada aos meninos de rua da cidade; (5) desde o começo dos anos 1990, esporadicamente o acompanhamento da Associação dos Catadores de Papel; (6) em 1991 a instalação e iniciação do Conselho Tutelar.
Viagens? Muitíssimas! Atravessei 16 vezes o Atlântico, duas vezes vim da Bélgica de navio, em 1961 (14 dias) e em 1967 (31 dias, pois era navio de carga que fez várias aterragens) e as outras vezes sempre de avião.

As viagens pela América do Sul
lE pela América do Sul em todos os cantos e por todos os sentidos, exceto nos três pequenos países do Norte, as Guianas. Aproveitando as férias, reunia uma turminha de mais três, quatro ou até cinco e nos aventurávamos em viagens seja de Brasília com reboque que servia de hotel e restaurante, seja de Kombi Diesel que também era hotel-restaurante, seja de Renault Trafic ou de VW Eurovan, sempre em trajetos de 9 mil km até 16 mil km e sempre passando os Andes, perfazendo esses giros em período de 24 até 31 dias.
Fomos assim conhecer Caracas e Maracaibo, no Norte, e Ushuaia, Punta Arenas e Natales, no extremo Sul.
Faço questão de mencionar que a proto-viagem desse tipo pude fazer no Congo, onde o bispo local e o Superior da Congregação me solicitavam como motorista; assim me foi possível visitar todos os postos da nossa missão (exceto um) e fui participante de uma festa de neo-sacerdote africano no centro da selva da bacia do rio Congo, onde o churrasco era carne de elefante.

O agradecimento a Deus e à Congregação MSC
Me sinto feliz por ter chegado até aqui, agradeço a Deus que me fez seguir esta vocação e quero expressar o meu reconhecimento à nossa Congregação, promovendo as suas obras e dando minha parte na divulgação da devoção ao Sagrado Coração de Jesus, através das intronizações do Sagr. Coração que frequentemente realizamos nas famílias que a solicitam.
Obs: a celebração referente ao jubileu será no domingo, 23 de agosto, na Igreja Matriz São José, da Vila Nova, com missa às 10 horas e churrasco de adesão ao meio-dia (e não no dia 30/08, que é o dia de aniversário).

Harry ?Ari? Van Briel, padre dos Missionários do Sagrado Coração e vigário na Paróquia São José, da Vila Nova, em Beltrão.

Padre Ary com alguns de seus amigos partindo para uma de suas viagens pela América Latina.

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