O pai foi motorista até se aposentar, mas foi piorando muito após a morte do filho, num posto.

A história da relação de Gentil e Gilberto Kupkowski, pai e filho, com os caminhões é semelhante à de muitas outras famílias. O pai caminhoneiro vai despertando o interesse do filho pela profissão. “Desde que meu irmão conseguiu subir no caminhão, nunca mais saiu. Ainda era bem pequeno, mas era ele que batia o arranque e esquentava o motor antes do pai sair”, relembra Gilmar ao falar do irmão, Gilberto.
O patriarca, seu Gentil, sempre sustentou a família dirigindo caminhão. Começou puxando para a antiga Foletto, em Francisco Beltrão, e por anos transportou suínos e cereais para a empresa — puxava no interior e ia para grandes centros. Depois, comprou o
próprio caminhão, prestou serviços para a Perdigão, e nos últimos anos estava aposentado. O filho Gilberto seguiu o mesmo caminho, mas
com distâncias e máquinas maiores:

viajava com carreta graneleira para uma empresa de Mato Grosso e tinha várias capacitações sobre condução. A cunhada Sônia gaba que ele “era um ótimo motorista, dirigia nove eixos”.
[relacionadas]
O que separa a história dos Kupkowski da de outras famílias foi a perda repentina dos dois referenciais quando o assunto era a boleia. Numa manhã de maio, num posto em Coxim (MS), Gilberto foi ajudar um colega a destravar o freio da carreta, o caminhão deu um tranco e uma barra de ferro o atingiu. Ele chegou a ser socorrido, mas não resistiu. Tinha 45 anos.
Com a morte dele, seu Gentil, que tinha recém se recuperado da Covid-19, sentiu o abalo: foi definhando, surgiram novos problemas de saúde e partiu nove dias depois de perder o filho, aos 80 anos. “Acho que a morte do Gilberto o abalou e, como estava fragilizado pela Covid, foi piorando. Sabe quando parece que a pessoa se entrega?”, exemplifica Sonia ao falar do sogro.
Para a família, apesar do abalo, ficaram os bons momentos, os exemplos e a saudade. “A gente fica meio perdido, tinha contato direto com o pai e com o Gilberto era mais por telefone, mas são perdas irreparáveis”, finaliza Gilmar.