Dificuldades de respiração, alteração do sono e irritabilidade podem ser consequência da ansiedade.

A pandemia trouxe uma série de impactos negativos para a saúde mental das crianças, com muitos medos e incertezas, explica Natielle Santos, psicóloga infantil. “A mudança brusca e o isolamento social aumentaram muito o estresse e a ansiedade das crianças. O reflexo são irritabilidade e alteração no sono. Não poder ir à escola tem sido um grande desafio, justamente num momento da vida em que as experiências físicas e sociais são tão importantes.”
Natielle cita ainda o uso excessivo de telas proporcionado no momento atual. “Certamente, isso vai trazer prejuízos que já nos fazem pensar soluções. Aumentou muito o número de casos de ansiedade e depressão na infância e não podemos menosprezar isso. É importante que os pais e cuidadores orientem as crianças com um diálogo honesto, com muita atenção aos comportamentos e acolhimento.”
Além de procurar ajuda profissional sempre que houver qualquer tipo de sofrimento. Sabrina (nome fictício), 5 anos, estava com dificuldades de respiração, por isso estava respirando pela boca, como se estivesse sufocada, ou seja, estava ansiosa. Natielle alerta que hoje as informações são de fácil acesso e é muito melhor que o diálogo venha de uma figura de confiança, para que o impacto seja menor para a criança, que às vezes acaba tendo contato com notícias falsas.
Crianças podem se tornar adultos mais ansiosos em virtude da pandemia? “Depende. Se a ansiedade for tratada com estratégias importantes pra amenizar o sofrimento, acredita-se que a longo prazo consiga diminuir; porém, se ela for menosprezada, acontece de termos adultos cada vez mais ansiosos, porque o momento trouxe muita ansiedade pela incerteza, pelo isolamento, por não se conviver com a faixa etária, com amigos, ter vínculos construtivos. E por isso sempre precisamos ficar atentos pra que não venha a se tornar um problema maior a longo prazo.”