Valor da cesta básica apresentou queda em Francisco Beltrão e aumento em Pato Branco.

Em setembro, o valor da cesta básica em Francisco Beltrão apresentou uma queda de quase meio por cento (-0,40) com relação ao mês anterior. O montante gasto para atender as necessidades básicas de alimentação para uma pessoa foi de R$ 307,67. Apesar de relativamente tímida a queda, há que se observar que desde junho a redução vem sendo uma constante, o que não omite o fato de que se pagou mais em setembro que em janeiro pela alimentação básica. Em setembro, um salário mínimo comprou 2,56 cestas, em janeiro comprava 2,67.
Em Pato Branco, o movimento observado foi o oposto do verificado em Francisco Beltrão, já que naquele município a ocorrência em setembro foi uma alta de 2,91%. Em termos monetários, o valor da cesta básica em tal município ficou em R$ 301,62. Há que se observar, no entanto, que apesar desse comportamento, o cidadão beltronense seguiu no referido mês gastando mais com a alimentação que o pato-branquense.
A redução no valor da cesta básica observada em Francisco Beltrão, em setembro, seguiu o comportamento expresso por 13 das 18 cidades nas quais o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) faz a coleta de preços para a definição mensal do valor da cesta básica.
Preço nas capitais
A pesquisa mensal da cesta básica, realizada pelo Dieese apontou que em setembro houve redução no valor da cesta básica de alimentação em 13 das 18 cidades nas quais é efetuada, mensalmente, a coleta de preços. As maiores reduções foram apuradas em Belém (-4,56%), Fortaleza (-3,88%), Recife (-3,50%) e Goiânia (-2,96%). As altas, por sua vez, aconteceram em Curitiba (0,40%) e Belo Horizonte (0,23%).
Análise produtos
Dos treze produtos que compõem a cesta básica do cidadão beltronense, cujo valor é acompanhado mensalmente pela equipe de pesquisa coordenada pela professora Roselaine Navarro da Unioeste, câmpus de Francisco Beltrão, sete itens apresentaram, em setembro, aumento de preço: a batata (14,43%), o feijão (5,43%), o arroz (3,78%), o trigo (2,98%), o óleo de soja (0,79%), a carne (0,77%) e o açúcar (0,74%). Por outro lado, os seis produtos que tiveram retração de preços foram: o tomate (-7, 92%), o leite (-4,67%), a banana (-3,94%), o pão (-3,71%), a margarina (-2,58%), o café (-1,45).
Em Pato Branco, oito itens da cesta tiveram alta de preços: a batata (27,22%), o tomate (7,54%), a banana (5,77%), o café (3,58%), o trigo (2,31%), a margarina (2,06%). Os produtos que tiveram redução em seus preços foram: o açúcar (-3,07%), o feijão (-2,66%), o leite (-2,62%), o óleo de soja (-0,78%) e o pão (-0,16%).
Pão aqui não subiu
O pão foi um dos produtos que na maioria das cidades alvo da pesquisa do Dieese apresentou elevação de preço, mais precisamente em 16 das 18. As taxas variaram entre (0,15%) em Vitória e (3,96%) em Belém. O comportamento altista segue justificado pela necessidade de importação da sua principal matéria prima, o trigo. Nesse sentido, a desvalorização do real eleva o custo do pão, na medida em que se paga mais pelo trigo importado. Em Beltrão e em Pato Branco, no entanto, contrariou-se o movimento altista observado pelo Dieese, já que nos dois municípios a ocorrência foi de queda no preço do pão (-3,71%) e (-0,16%), respectivamente.
A carne, o produto que maior peso exerce na composição percentual do valor total da cesta de alimentação apresentou alta em 13 das 18 cidades pesquisadas pelo Dieese e também nos municípios de Francisco Beltrão (0,77%) e de Pato Branco (1,78%).
A batata também aparece na pesquisa do Dieese com o preço mais elevado em oito das dez capitais do Centro-Sul onde se faz a coleta de preços do referido produto. Também em Beltrão e em Pato Branco o comportamento foi de alta (14,43%) e (27,22%), respectivamente.
Dicas na hora de ir ao mercado
A economista Roselaine Navarro, que coordena a pesquisa, observa que neste momento de crise no país é importante os consumidores fazerem pesquisas de preço. “A diferença de preço entre os estabelecimentos é muito grande, em alguns casos chega a ser abusiva. Portanto, priorizar a pesquisa nos estabelecimentos, especialmente de produtos como a carne, o tomate, o leite, a batata e o pão, que têm peso maior na composição percentual da cesta (conjuntamente eles representam entre 60% e 70% em média do valor integral da cesta).”
Ela salienta que, no caso da carne, que é o produto que tem percentual de participação maior, é importante trocar a carne vermelha pela carne branca (suíno e aves). “Por que não fazer uma dieta mais rica em vegetais, sem comprometer a saúde, é claro, mas tentando sim consumir mais tubérculos, vegetais, verduras e legumes?”
Subiu, agora desce
Outra dica importante de Roselaine é a pesquisa de marcas novas, “às vezes são tão boas ou equivalentes às antigas e mais baratas”. Desde o começo do ano, a cesta básica aumentou 4,77% em Beltrão. A economista relata que nos primeiros meses a elevação dos preços foi bastante expressiva, maior inclusive do que as elevações ocorridas em municípios maiores. “Acho que foi uma espécie de temor excessivo que levou a reajustes expressivos em diversos produtos.”
No entanto, conforme disse, nos últimos quatro meses ocorreram reduções tímidas, mas persistentes, que podem retratar a conscientização de que se elevou demasiado alguns produtos “e também o fato de que o consumidor tem sido mais exigente em suas compras, tem se preocupado mais no ato da compra – mesmo do alimento que é essencial”.
Roselaine conta que os consumidores têm pesquisado mais, têm tido mais consciência do momento econômico e, em face disso, as elevações têm sido mais contidas. “Como subiu muito no início do ano, as quedas ocorridas de quatro meses pra cá contrabalancearam o comportamento altista do começo.” Para os próximos meses, a elevação dos preços dos combustíveis pode influenciar na inflação dos alimentos. *Com informações da assessoria.