“A greve continua pelo menos até dia 5 de maio, próxima terça-feira, ou seja, até essa data não haverá aula.

A cor preta predominou na sede da APP Sindicato de Francisco Beltrão na tarde de quinta-feira, 30 de abril. Professores e demais servidores estaduais se reuniram para uma coletiva de imprensa com o objetivo de fazer um balanço da participação nos protestos da última quarta-feira, 29, em frente à Assembleia Legislativa de Curitiba. De acordo com Roseli Ribeiro de Jesus, da direção da APP Sindicato – Regional de Francisco Beltrão, somente na quarta 242 funcionários estaduais pertencentes à APP Beltrão participaram da manifestação. “A greve continua pelo menos até dia 5 de maio, próxima terça-feira, ou seja, até essa data não haverá aula. A Unioeste campus Beltrão também não retornará da greve”, informou Roseli.
A greve foi motivada pelo projeto do governo estadual de mudar a forma de custear a ParanaPrevidência, o regime da Previdência Social dos servidores do Estado.
Próximos passos
Do dia 1º a 3 de maio serão realizadas reuniões com os comandos de greve regionais. No dia 4 acontece reunião do Conselho Estadual em Curitiba onde conselheiros da APP Beltrão também devem estar presentes. O dia 5 de maio, terça-feira, pode ser chamado de o “Dia D” para a educação paranaense em 2015. Conforme Roseli, nesta data será realizada uma concentração na Praça 19 de dezembro, às 9h, em Curitiba, com caminhada pelas ruas da cidade. Um dos objetivos será mostrar à sociedade que os professores continuarão firmes em suas reivindicações. “Não fomos intimidados pelo que o governo do Estado fez com a gente nesta semana. Isso serviu para continuarmos ainda mais fortes nessa luta”, garante a dirigente.
À tarde acontece a Assembleia Estadual que decidirá os rumos da greve onde participarão todas as categorias de funcionalismo estadual, sem local definido. “No dia 6 teremos em Curitiba uma audiência pública para debater o plano estadual de educação. São decisões muito importantes para os próximos 10 anos na educação pública estadual. Nós aqui da APP temos várias metas para expor nessa assembleia. É justamente neste encontro que sai a definição de retornar ou não às aulas”, descreve Roseli.
Miguel segue em Porto Alegre
O presidente da APP Sindicato de Beltrão Miguel Forlim continua em tratamento de saúde na capital gaúcha. Roseli lembra que ele sempre esteve à frente das mobilizações, mas devido às condições de saúde, que o fizeram ficar internado em hospital de Porto Alegre, provavelmente por problemas estomacais, não está participando dos encontros.
Servidores da região foram agredidos
Segundo Roseli, na “batalha” da última quarta-feira em Curitiba, professores ligados à APP Beltrão também sofreram ferimentos. Genésio Pinheiro, de Capanema, foi um deles. “Balas de borracha atingiram a região da barriga, mas nada grave. Ele também ficou com marcas de cassetete dos policiais”, diz. “A professora Simone Veroneze, de Beltrão, também teve algumas lesões no rosto. Ela contou que não sabe o que a atingiu e continua em Curitiba”, emendou.
Desabafos emocionados
“A machucadura maior foi em nossa alma. Os governantes estão querendo acabar com nossos ideais de vida. Eles disseram que pessoas ligadas ao black blocs estavam juntas com a gente, que os policiais que estavam lá para garantir o exercício da democracia. Aí a gente pergunta: o que é democracia para eles? Democracia é fechar a casa do povo? É aprovar um projeto de lei a toque de caixa, tirando dinheiro que é do funcionalismo público? Usar o poder de forma desordenada para agredir o povo que colocou eles no poder? Entendo que a ditadura está no Paraná e a educação chora nesse momento por tudo que aconteceu com nossos educadores.” “O governo estadual está mexendo num dinheiro que vai garantir a nossa aposentadoria. O pior é que em nenhum momento ele nos dá garantias de que esse dinheiro será reposto. Quem vai pagar é a população em geral, porque de algum lugar os próximos governantes vão ter que tirar dinheiro aumentando impostos. Temos a certeza que o governo não vai ter como repor esse dinheiro”, disse Roseli.
Direção da APP busca medidas legais
A ex-presidente da APP Sindicato de Beltrão e militante Cléo Parabocz disse que “cada lágrima desta é revertida em coragem. A convicção de que ontem (quarta) nós demos uma demonstração do que nós queremos para essa sociedade paranaense. Vamos ir à Justiça, nossa direção está reunida com o Ministério Público, OAB, com todas as instâncias. Vamos tomar todas as medidas para que a verdade seja reestabelecida”, encerrou Cléo.