Caso a dívida seja alta, deve-se fazer um acordo, sugere professor.

Com a crise batendo na porta do brasileiro, mais do que nunca é hora de economizar e, para aqueles que estão endividados, fazer cortes no orçamento se tornou uma necessidade. Apesar da alta carga tributária, a classe média atingiu um patamar de consumo jamais visto nas últimas décadas. As famílias conseguiram viajar para o exterior com mais frequência, trocar de carro todo ano, mandar os filhos para escolas de inglês, TV por assinatura deixou de ser um luxo, a vida seguiu e a roda da economia girou. Ocorre que este mesmo consumo desenfreado acabou trazendo de volta a inflação e com ela a crise. O Banco Central, em seu último relatório trimestral, admite que a inflação deverá chegar ao final do ano em 9%.

e economista.
O professor de Economia do Instituto Federal do Paraná (IFPR), campus de Palmas, Edmundo Pozes, observa que o excesso de consumo no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff (PT), estimulada por expansão do crédito e segurança do emprego, iniciou a escalada da inflação. Agora, o medo do desemprego, renda em queda e restrições fortíssimas ao endividamento do consumidor são uma combinação perfeita à redução da demanda privada na economia. “Somada a esse efeito existe também a redução de investimentos e gastos do governo. Não há inflação que resista a este cenário, por isso, crê-se que esta situação começará a ceder em 2016.”
Só neste ano o saldo negativo no mercado de trabalho é de 278 mil vagas. Sem emprego, é praticamente impossível honrar as dívidas e muitos estão ficando com o nome sujo na praça. De acordo com o SPC Brasil, mais de 2 milhões de brasileiros entraram para a lista de inadimplentes entre dezembro de 2014 e maio deste ano. No total, o SPC estima que em maio havia cerca de 56,5 milhões de inadimplentes. Para os consumidores negativados no SPC, vale a tentativa de renegociar a dívida, pedir mais prazo e redução de juros. Uma opção é buscar um empréstimo, contanto que seja o consignado, que tem as menores taxas do mercado.
Como sair do atoleiro
O professor Robson Faria, especialista em Educação Financeira, salienta que com o custo de captação do dinheiro mais caro, o jeito é arrumar grana economizando mesmo. Segundo ele, a melhor maneira de superar o momento de dificuldade, é a disciplina financeira. A primeira coisa é saber quanto se ganha e se gasta por mês, eleger prioridades e começar a passar a tesoura. “Depois de saber a renda, a pessoa deve calcular seus gastos separando-os como fixos e variáveis. Aluguel, seguro, alimentação, água, luz e telefone são exemplos de gastos fixos, os quais não tem como fugir. Já os gatos variáveis, como lazer, viagens, uma roupa nova, podem aguardar um pouco. O importante dessa análise é o equilíbrio entre o que você ganha e o que você gasta.”

Trabalhe mais, se for preciso
Robson afirma que o melhor caminho é identificar as dívidas, separar em prioridades, e priorizar aquelas que podem comprometer as atividades. “Caso a dívida seja muito alta, vale a pena um acordo ou refinanciar a juros mais baratos, como crédito consignado, empréstimos pessoais. Fuja do cartão de crédito. Procure ampliar sua renda. Use a criatividade, aumente a carga de trabalho, utilizando tempo que está sobrando para desenvolver alguma atividade. Isso ajuda a pagar algumas dividas, ou começar a pensar num investimento com essa renda extra.”
De acordo com ele, guardar 10% do que se ganha é um bom começo. Uma reserva financeira é de extrema importância em casos de imprevistos, como desemprego, acidentes, entre outros. “Em tempos de crise também surgem oportunidades, mas só aproveita quem se preparou para isso. Hoje um investimento no tesouro direto atrelado ao IPCA (inflação) ou Selic (taxa de juros) é um excelente negócio.”