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O milho tem importância vital para a economia, ocupou no Paraná na safra 2020/2021 uma área de 2,7 milhões de hectares, 87% na segunda safra com uma produção de 15,5 milhões de toneladas. Representa 15% da produção nacional de milho e é responsável por 37% da riqueza produzida pelo agro do Paraná, por conta dos reflexos diretos nas cadeias produtivas de aves, suínos, bovinos e peixes. Por essa razão, o IDRParaná criou a “Força Tarefa da Cigarrinha”, coordenada pelo agrônomo de Pato Branco Edivan Possamai, da unidade regional do órgão, para estudar os impactos da cigarrinha do milho e apontar soluções para o problema que abrange questões não apenas econômicas, mas de segurança alimentar do país.
A cigarrinha do milho provoca doenças causadas por bactérias que são transmitidas através do inseto que voa nas lavouras levando a doença das plantas infectadas para as sadias. Edivan destaca que o complexo de enfezamento, associado ao quebramento de colmos, pode provocar perdas de até 100 % na produtividade do milho, quando cultivares altamente suscetíveis são utilizadas. Por essa razão, foi criada a “Força Tarefa da Cigarrinha” com técnicos do IDRParaná e Adapar, que estudaram o impacto da praga nas lavouras paranaenses, entre novembro e dezembro de 2020. Foram coletados insetos de plantas espontâneas (guaxas) e milho cultivado em 200 pontos de cinquenta municípios do estado. A cigarrinha se fez presente em quase a metade dos municípios da amostra, com a presença das diversas formas de enfezamento nas plantas.
Uso de inseticidas foi seis vezes maior por causa da cigarrinha
Na segunda safra deste ano o inseto mostrou-se ainda mais agressivo. Em Mariópolis, o agricultor Cleodomir Brandelero plantou a segunda safra de milho, e relatou que entrou sete vezes na lavoura para atacar a cigarrinha. “Foram sete entradas na minha lavoura com dois dias de intervalo, nunca vi nada igual em décadas de trabalho na agricultura”, declarou, assustado, o produtor. A ação custa em torno de R$ 300,00 por alqueire, elevando drasticamente os custos de produção, sem falar das implicações ambientais com o aumento do uso de inseticidas.
Em diferentes lavouras e híbridos foi possível observar variação na incidência e na severidade dos danos pelo enfezamento, mas a agressividade é assustadora. Observou-se ainda que cigarrinhas infectadas têm alta capacidade migratória de lavouras mais velhas para mais novas e transportam a praga para plantas sadias, no início do ciclo de desenvolvimento da cultura. Edivan Possamai diz que o aumento do ciclo com plantas vivas de milho por conta da segunda safra, e das plantas guaxas foram fatores que contribuíram para o crescimento da incidência da praga.
Como combater a cigarrinha do milho
O IDRParaná – em parceria com Adapar, Ocepar, Embrapa e Faep – está empenhado em projetos para o monitoramento contínuo das lavouras. “O caminho é utilizar variedades resistentes ao enfezamento, no que estamos empenhados com os parceiros na orientação dos agricultores sobre as melhores estratégias de enfrentamento da doença.” Alguns produtores perderam 70% da safra 2020/2021 por conta da agressividade da doença, na conjunção dos fatores clima/cigarrinha. A pesquisa está trabalhando para chegar a variedades resistentes ou tolerantes, mas os próximos dois anos ainda serão desafiadores no enfrentamento da praga que chegou com força nas lavouras do Paraná. É preciso ficar atento às plantas tigueras, que a cigarrinha pode utilizar, não apenas do milho, mas do sorgo, Braquiária ruziziensis e o milheto para abrigo e alimentação, sobrevivendo no sorgo e na braquiária por até três semanas e no milheto por até cinco semanas.
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