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Francisco Beltrão
sábado, 07 de junho de 2025

Edição 8.221

07/06/2025

Paraná Sudoeste: Almir Zanette e Claudiney Del Cielo

Ele começou na Rádio Princesa AM, depois a Princesa FM, mudou para a Continental FM. Em 1991, topou

A Associação Beltronense de Imprensa (ABI Sudoeste), que dia 10 de setembro próximo vai completar duas décadas de existência, iniciou neste ano uma programação mais voltada para valorizar os profissionais locais. As palestras são proferidas por seus próprios associados.

A escolha do órgão de comunicação – primeiro rádio, depois tevê, depois jornal impresso e depois agências de propaganda – foi definido, no voto, pelos associados, que também apontaram os nomes que queriam ouvir.

Os dois mais votados para o rádio, Claudiney Del Cielo e Almir Zanette, da Rádio Educadora, foram os estreantes. Dia 14 de junho, durante uma hora – pontualmente das 20 às 21 horas, como havia sido anunciado – eles falaram sobre suas vidas. Ambos levaram tão a sério que redigiram o que pretendiam dizer – teve também tempo para perguntas e aí eles contaram algumas histórias que fizeram todo mundo rir. É o conteúdo dessas duas páginas, que revelam muitas passagens desconhecidas até para quem viveu intensamente, pelo rádio, as últimas três décadas na cidade.

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Almir Zanette

Almir Valentim Zanette, 43 anos, casado com Marley Dagostini Zanette, é pai do Guilherme Augusto e da Isadora. Filho de Aires Zanette e Marta Helena Zanette, tem dois irmãos: Alcimar e Leonice. Nascido em Francisco Beltrão, Almir está no rádio desde 1985. Formou-se tecnólogo em Marketing e é acadêmico de Direito no Cesul. Trabalhou nas emissoras Princesa AM e FM (atual Super Jovem), Continental FM e atualmente na Rádio Educadora AM. A seguir, em tópicos, sua apresentação na ABI Sudoeste.

 

Rádio, um sonho de criança – Desde criança eu sonhava um dia trabalhar em uma emissora de rádio. Venho de uma família simples, meu pai era agricultor e líder comunitário; minha mãe, professora, somos em três irmãos, sou o mais velho. Quando criança, morei por alguns anos no interior, aliás, sou nascido aqui. Contava minha nona que nasci nas mãos do falecido dr. Walter Pécoits, que lascou um tapa no meu traseiro e falou em alto e bom tom “nasceu mais um PTB”. O tapa do dr. Walter não me contaminou, pois nunca participei ativamente da política. Meu pai sempre gostou de ouvir rádio, na época ele ouvia muito as rádios do Rio Grande do Sul e também do Rio de Janeiro. Na realidade, eram as emissoras que alcançavam uma distância maior, através das ondas curtas, principalmente à noite e aos finais de semana.

 

Influência da família, no tempo de Flávio Morcelli – Um primo do meu pai trabalhou por longos anos no rádio e televisão em Santa Catarina e meu tio Amarildo foi quem me colocou no rádio aqui em Beltrão, em 1985. Comecei na Rádio Princesa AM como sonoplasta, trabalhei na época com Flávio Morcelli, Antônio Córdova, entre outros. Depois de praticamente um ano trabalhando como sonoplasta, recebi uma oportunidade para fazer um programa aos domingos à tarde. Eu era o sonoplasta do Flávio durante a semana e no primeiro programa que eu estava apresentando (no domingo) ele estava no estádio para transmitir uma partida de futebol e não reconheceu minha voz e, através da linha de serviço, comentou com o técnico e eu naturalmente ouvi o seu comentário: “Esse cara tem futuro”. Imagine para alguém que está iniciando na profissão ouvir um comentário desses! Foi uma verdadeira injeção de ânimo. Após alguns meses, recebi mais uma oportunidade, na Princesa FM [hoje Super Jovem]. Fui chamado para ser disc jókei, neste caso já teria um programa diário.

 

Cartilha de Seleski – Seo Agustinho Seleski gostava de dar oportunidades para jovens que queriam seguir a carreira de locutor, mas antes de encarar um microfone, obrigatoriamente, todos tinham que ler uma cartilha que falava sobre responsabilidade, profissionalismo, ética, enfim, era uma obra que trazia dicas de como se comportar diante de um microfone de rádio. Logicamente, li a cartilha e até hoje coloco em prática algumas dicas que li neste livro.

 

Primeiro programa, encerrado uma hora antes – Na Princesa FM, o programa era das 17 às 19 horas e logo no primeiro dia o nervosismo fez com que eu encerrasse o programa uma hora antes. Fui salvo pelo meu amigo João Gabriel Júnior, o “Macarrão”, que me ligou na hora e alertou que eu havia me enganado no horário. Mas aí eu já tinha anunciado em alto e bom tom “vem aí a Voz do Brasil”. Logo em seguida, tive que voltar ao microfone e pedir desculpas aos ouvintes e prosseguir com a programação.

 

Proposta da Continental FM – No ano de 1986, recebi uma proposta para trabalhar na Continental FM e aceitei. Essa minha fase na Continental FM durou uns cinco anos, foi onde aprendi muito sobre rádio. Tive excelentes profissionais como colegas: Tadeu Malta, Adair De Toni, Claudiney Del Cielo, Olisses Machado, Sidnei Foppa, Nediro Peninha Modanese, entre outros que passaram. Na Continental, fazíamos um rádio padrão, tudo era muito certinho, esquematizado, superprofissional. A rádio se destacava por trazer os lançamentos musicais em primeira mão para a região, tocava os sucessos bem antes dos concorrentes. Às vezes, demorava até dois ou três meses para as músicas tocarem nas outras. Por isso que a gente coloca vinhetas com o nome da rádio em cima das músicas, exatamente para a concorrência não copiar, claro que o ouvinte detestava isso, mas era necessário. Recebíamos as músicas diretamente de Porto Alegre, onde o Tadeu Malta trabalhava. Na época, era vinil e fitas de rolo que eram tocadas em um aparelho chamado Akay, depois vieram o MD e outras tecnologias.

 

1988 novo desafio: uma rádio AM – Por volta de 1988, ingressei na Rádio Educadora buscando aprender e conhecer como funcionava uma rádio AM. Naturalmente a realidade é outra. Passei por dificuldades de adaptação. O rádio AM exige que o profissional esteja a par de todos os fatos que estão acontecendo, isso engloba sociedade, economia, política etc. Na Rádio Educadora AM, trabalhei em vários setores. Comecei apresentando os correspondentes de hora em hora. Nossas fontes de informações eram as emissoras dos grandes centros. Assim, tínhamos que ter um bom rádio que sintonizasse rádios de Porto Alegre, São Paulo, Rio. Dificuldade era compreender o que o locutor estava lendo, imagine você quando era uma notícia internacional falando sobre a Rússia, França ou outro país, a dificuldade de compreender os nomes era terrível. Isso porque ouvia-se a notícia e datilografava na sequência, muitas vezes tinha que voltar a fita várias vezes, até entender o que o locutor estava falando. Devido a essas dificuldades, demorava-se de 20 a 30 minutos para redigir uma lauda de notícias.

 

Convite de Chapecó – Nessa época, recebi convite para trabalhar em Chapecó na Rádio Índio Condá AM e Oeste Capital FM. Estive nessas emissoras, onde realizei testes e os diretores queriam que eu fosse pra lá, mas como era jovem e muito ligado à família, acabei não aceitando.

 

Entrevista com Gonzaguinha – Em 1989, comecei a apresentar um programa vespertino de variedades das 14h30 às 16h30. Nele, entrevistei o cantor Gonzaguinha. Quatro dias antes do acidente (que o vitimou, em 29 de abril de 1991), ele esteve ao vivo no programa.

 

O desafio de substituir Roberval Bastos  – Em meados de 1991, recebi uma oportunidade de ouro, a grande chance da minha vida profissional. Roberval Bastos, locutor que estava na Educadora há muitos anos e comandava um programa matinal de grande audiência, recebeu proposta para trabalhar em outra emissora, a Princesa AM. Aí o nosso diretor Cláudio Liston convocou toda a equipe que restou e pediu para que abraçássemos um projeto de comandar as manhãs da Educadora. Imaginem o desafio pela frente, o cara que tinha a maior audiência seria o nosso concorrente direto. Me lembro muito bem o dia que o Liston foi na minha casa e me convidou para ser o âncora do programa e explicou o projeto. Fiquei uns três dias sem dormir. Foi difícil aceitar, porque eu na realidade não tinha muita experiência com programa de jornalismo. Mas, graças à equipe que tínhamos, conseguimos equilibrar a audiência. Prova disso foi que dois anos depois o Roberval voltou para a nossa emissora e dividimos a manhã da Educadora por mais alguns anos. Depois, ele acabou indo trabalhar em Pato Branco e eu assumi a manhã juntamente com o Parangolé, o Claudiney e equipe.

 

27 anos de amor à profissão – Estou nessa profissão há 27 anos e no programa Cidade Aberta há 21, mas confesso que me considero um aprendiz. Quero afirmar que errei muito, mas também tirei boas lições dos tropeços e erros. Tenho a satisfação e a honra de trabalhar em uma emissora com uma excelente estrutura e equipe de excelentes profissionais. Importante citar e destacar a liberdade que temos em nossa rádio para desenvolver nosso trabalho, isso é fundamental para que você cresça e consiga demonstrar sua capacidade.

 

Profissão desafiadora – Sempre afirmo aos iniciantes que nossa profissão é desafiadora, exige que a cada dia estejamos preparados para enfrentar o microfone e superar a expectativa dos nossos ouvintes, que estão cada vez mais exigentes, mais informados, mais politizados. Como iniciei uma faculdade quando era jovem e não concluí, senti a necessidade de retomar os estudos. Em 2008, concluí uma faculdade de Marketing e, em 2009, iniciei a faculdade de Direito, na qual devo colar grau ano que vem. Gostaria de reiterar que precisamos nos reciclar, buscar algo mais para que estejamos em sintonia com as novidades que surgem todos os dias.

 

Realidade e desafios da profissão – Durante estes anos todos de comunicação, divulguei muitas informações. Foram notícias alegres, empolgantes e também notícias tristes, tragédias, notícias que ninguém gostaria de dar, mas que fazem parte do nosso difícil e árduo trabalho. Por isso, é necessário não deixar a emoção falar mais alto que a razão. É importante saber respeitar o ouvinte e, acima de tudo, ter responsabilidade, ética e comprometimento.

 

Como escreveu o poeta – Para finalizar, deixo uma frase de Mario Quintana para uma reflexão: “Antes de julgares a minha vida ou meu caráter, calça os meus sapatos e percorre o caminho que eu percorri, vive as minhas tristezas, as minhas dúvidas, as minhas alegrias. Percorre os anos que eu percorri, tropeça onde eu tropecei e levanta-te assim como eu o fiz! Cada um tem a sua própria história! E então, só aí poderás julgar-me!”

 

O rádio atual no Sudoeste – (respondendo perguntas, após sua explanação) Eu acho que o nosso rádio hoje, aqui em Francisco Beltrão, é um rádio profissonal, que tem uma boa qualidade, gente que viaja de vez em quando, ouve emissoras de fora, eu gosto muito de ouvir também. Eu percebo que aqui a gente tem boas emissoras de rádio. Evidentemente que se a gente buscar aí um espelho, um modelo de rádios das capitais, nós deixamos a desejar em alguns aspectos. Mas num geral eu acredito que é bom o nosso trabalho, enfim, há muito a se buscar ainda. Depende muito também da questão regional, do gosto do ouvinte. As emissoras hoje têm de se adaptar com o que o ouvinte quer, não vai ficar “ah, vou fazer um rádio estilo capital, eu vou ser moderno”. Tem que atentar para essa questão do nosso ouvinte. Hoje se prioriza muito a informação, o rádio é instantâneo, leva essa vantagem, talvez, perante alguns veículos. Mas, de um modo geral, a gente tem cumprido com a nossa missão.

 

 

Claudiney Del Cielo, 44 anos, nasceu na cidade de Ibiporã, Norte do Paraná, dia 28 de novembro de 1967. Chegou a Francisco Beltrão em 1981, aos 13 anos. É casado há 23 anos com Iliane Beal Del Cielo, com quem tem uma filha, Claudiane, hoje com 22 anos. Quando adolescente, Claudiney trabalhou na agricultura, foi cobrador e entregador de jornal. Porém, só tem um registro em sua carteira profissional, na Rádio Educadora, onde está desde janeiro de 1984. São 28 anos de atividades na empresa. Atua nos setores de jornalismo e esporte, áreas em que encontrou a sua verdadeira vocação no rádio. Também é sócio-fundador do Jornal de Beltrão, onde atua desde 1989. Em sua carreira, também já atuou nas assessorias de imprensa das prefeituras de Francisco Beltrão e de Eneas Marques e da Câmara de Vereadores de Francisco Beltrão.

Antes de fazer seu relato, Claudiney agradeceu a quem votou nele para falar de sua vida e de sua profissão, assim como à ABI Sudoeste pelo convite, e sugeriu que todos os sócios tenham a oportunidade de contar suas histórias nos próximos encontros.

 

Fazer o que mais gosta – Acho que devemos fazer aquilo que gostamos, que melhor nos adaptamos. Às vezes, a vida não nos dá esta oportunidade, mas, no meu caso, com certeza, faço o que mais gosto. Eu escrevi a minha fala de hoje principalmente para não esquecer algumas pessoas que foram e continuam sendo importantes na minha vida profissional.

 

Importância da família – Sou casado com a Iliane, com quem convivo há 26 anos. Quero destacar que é uma pessoa de suma importância na minha vida, tanto no convívio do dia a dia como também na vida profissional, sempre dando apoio e incentivo para o que faço. Nós temos uma filha, a Claudiane, hoje com 22 anos, e que daqui a dois meses terá sua formação universitária, no curso de Oceanografia, na Univali de Itajaí (SC), inclusive já foi aprovada em concurso para ingresso na Petrobrás. Eu cito isso porque é um orgulho para os pais conseguir formar seus filhos.

 

Origens – Quero deixar claro também que não estou aqui para contar a história do rádio no Sudoeste e sim a minha história dentro das comunicações em nossa região, até porque não sou pioneiro na radiodifusão. Inicialmente, gostaria de falar de minhas origens. Sou o mais novo de uma família de quatro irmãos – três homens e uma mulher -, todos residentes em Francisco Beltrão, assim como meus pais. Sou natural de Ibiporã, Norte do Paraná, ao lado de Londrina, mas me sinto beltronense, já que vivo nesta terra desde 1981. Antes de mudar pra cá, residia no interior de Cruzeiro D’Oeste, região Noroeste do Estado, próximo de Umuarama, onde vivia na agricultura. Cheguei aqui com 13 anos, mas desde os 11 trabalhei na roça e isso é um motivo de orgulho. Acho que, pra juventude de hoje, grande parte perdida no álcool e nas drogas, um cabo de enxada faria muito bem. No pouco tempo que fiquei na roça, aprendi a valorizar cada conquista. Muitos perguntam como vim parar em Beltrão, já que nasci no outro extremo do Estado e, quando nos mudamos, também estávamos distantes do sudoeste. A minha família veio para Beltrão por intermédio de minha irmã, a Claudete, que trabalha no jornal Folha do Sudoeste, e que na época era casada com Juarez Stori, que trabalhava na Rádio Educadora. Chegamos aqui em 1981, época em que eu só estudava. Porém, os meses foram passando e a família precisava do rendimento de todos para sobreviver. Meu primeiro emprego foi de cobrador. O Juarez e o Roberval Bastos, um dos maiores comunicadores da época, tinham uma empresa de publicidade que exibia slides no Cine Cacique, o cinema de Beltrão na época. Me contrataram de cobrador da empresa.

 

Jornaleiro sem salário – Na sequência, surgiram na minha vida o Ivo Pegoraro e o Luiz Carlos Bággio, que eram representantes pra região do jornal o Estado do Paraná. Faziam matérias e eram responsáveis pela distribuição. Continuei fazendo cobranças e fui contratado como jornaleiro. O problema é que não havia salário. Ganhava sete jornais ao dia e tinha que vendê-los para ter o meu salário. No início foi difícil, mas com o tempo formei a minha clientela. O negócio se tornou bom e, às vezes, dava até vontade de vender os jornais dos assinantes para ganhar um pouquinho mais, mas nunca fiz isso. Um dos assinantes do jornal era a Rádio Educadora. Diariamente eu entregava o jornal nas mãos do diretor da emissora, Domingos Bertaioli, um dos pioneiros da radiodifusão na região, e uma das pessoas mais interessantes que conheci. Eu sempre busquei fazer as coisas da melhor forma possível. Não importava se estivesse chovendo, frio, enfim, o jornal chegava às mãos de todos os assinantes, dentre eles o seu Domingos. Mesmo durante as enchentes de 82 e 83, ele recebeu o seu jornal e isso o impressionou. Ele sempre dizia que, quando surgisse uma vaga na rádio, me contrataria. Até que um dia veio o convite tão esperado. Isso aconteceu dia 24 de janeiro de 1984, ou seja, há 28 anos. Na época, eu tinha 16 anos.

 

Percorrer toda a cidade de bicicleta – No início foi carne de pescoço. Tinha que fazer as cobranças. Ganhei uma bicicleta e percorria toda a cidade. Alguns meses depois, fui trabalhar no departamento de gravação. Na sequência, assumi como técnico de som. Era muita responsabilidade ser o técnico de Roberval Bastos, o principal comunicador da região naquela época. Mas foi melhor do que eu esperava. Me lembro que tinha que abrir a rádio aos domingos às 6 horas da manhã. O locutor era o Doracílio de Andrade, o Canhão. Mas o seu Domingos queria mais e disse que era hora de eu ir para o ar, de ter um programa. Confesso que achei que não ia conseguir. Criamos o programa “Brincando com as crianças”, que era apresentado aos domingos de manhã. E agora uma revelação que poucos sabem, somente os mais antigos. Eu apresentava este programa com uma comunicadora, a Ida De Toni, esposa do Adair De Toni. E foi um sucesso, pelo menos distribuímos centenas de sorvetes pra garotada.

 

 
 

Claudiney Del Cielo: “Sozinhos não somos ninguém. Somente o trabalho em equipe, todos jogando no mesmo time,

é que dará o resultado esperado”.

 

 

Músicas longas pra falar menos – Logo em seguida surgiu a Continental FM e o Adair De Toni, que trabalhava na Educadora, se transferiu para a FM e o seu programa da tarde ficou sem apresentador. O seu Domingos determinou que eu apresentasse o programa. Eu diria que a história de locutor começou realmente aí. No programa só tocava música longa, com mais de cinco minutos. Quanto maior o tempo da música, menos eu tinha que falar. Mas foi desta forma que perdi o medo, as mãos pararam de suar e as coisas começaram a acontecer de forma natural.

 

Oportunidade na FM, com músicas inéditas – Um pouco mais experiente, embora muito jovem, veio a oportunidade de trabalhar na Continental FM. Isso aconteceu nos anos de 1986 e 1987. A programação era coordenada por dois gaúchos, vindos de Porto Alegre: Júlio Rafael e Tadeu Malta, que revolucionaram a rádio FM na região, eles tinham contato com grandes gravadoras. Conseguiam músicas que seriam lançadas somente dali a 90 dias ou mais e isso era o grande diferencial. Ao lado do Júlio e do Tadeu, Adair De Toni, Ulisses Machado, Luiz Carlos Bággio e Almir Zanette. Foram dois anos de muito sucesso. A Continental se tornou uma das rádios mais ouvidas na região.

 

Experiência e prática, a melhor escola – Depois disso veio o retorno em definitivo para a Educadora. Mesmo fazendo um programa na Continental FM, o Luiz Carlos Bággio era o responsável pelo jornalismo e pelo esporte da Rádio Educadora. Partiu dele a iniciativa de me convidar para deixar a Continental e começar uma nova etapa nestas duas áreas da Educadora. A decisão foi difícil, mas aceitei. Tive o melhor professor, foi a minha melhor faculdade. Por isso agradeço ao Bággio, já que o meu trabalho nas áreas de esporte e jornalismo aprendi com ele. Aliar a experiência de quem atua na área e a prática do dia a dia é a melhor escola pra qualquer pessoa. Desde 1988 atuo nas áreas de jornalismo e esporte, fazendo reportagens, redigindo matérias e apresentando os jornais e programa esportivo da emissora.

 

Antes da internet – Na época não existia a facilidade da internet. As matérias eram redigidas na máquina de escrever. Os jornais de circulação estadual ainda eram grandes fontes de notícia. A rádio-escuta era uma necessidade. Quanto às notícias locais e regionais, tínhamos ótimas fontes. Era mais difícil, mas sem dúvida mais prazeroso. No esporte atuei primeiro como plantão esportivo, depois como repórter e por último como narrador. Me lembro do início nas narrações. Campeonatos internos da Ajub e do Marrecas. Foi uma escola inesquecível.

 

O ano mais importante – Acho que todos têm um ano que é considerado o mais importante. Pra mim, até agora, foi 1989, ano que me casei, que nasceu a minha filha e o ano do nascimento do Jornal de Beltrão, que a exemplo da Rádio Educadora também é muito importante na minha vida profissional. Sei que o foco é a história no rádio, mas este fato não pode ficar de fora. Fiz parte de um grupo de sete pessoas, ao lado de Ivo Pegoraro, Luiz Carlos Bággio, Itamar Pereira, Celso Reichert, Jacir Walter e Quintino Girardi. Eles me convidaram para ser sócio-fundador do Jornal de Beltrão. Pra variar, já respondi que não tinha dinheiro. Mas logo entendi que eles queriam trabalho, força de vontade e luta por um sonho que parecia impossível. E o resultado está aí, um dos jornais mais importantes e influentes do Paraná. Fazer parte da fundação, da história e da existência do Jornal de Beltrão me enche de orgulho. Por estes fatores acredito que 1989 foi o ano de melhor sorte e sucesso em minha vida.

 

Momentos importantes no rádio – Bem, continuando a minha história no rádio, no setor de esporte, gostaria de citar dois momentos importantes: eu e o Bággio estivemos no Estádio Pinheirão, em Curitiba, em 1986, transmitindo o jogo amistoso entre Brasil e Chile. Ele narrando e eu de repórter. Tive a oportunidade de ficar frente a frente com craques como Zico, Falcão, Sócrates, Casagrande, Muller, Careca e o técnico Telê Santana. Outro momento importante foi em 1995, quando estive em Porto Alegre, narrando o meu Corinthians contra o Grêmio, partida final da Copa do Brasil. O Corinthians ganhou e sagrou-se campeão. Foram dois momentos marcantes no esporte.

 

Morte do Gonzaguinha – Na área de jornalismo, esse período também foi marcante. Em 1991, o cantor Gonzaguinha morreu em acidente de carro em Marmeleiro. Quando soube do acidente, o Bággio pediu que eu fosse dar cobertura. Os feridos tinham sido trazidos para a Policlínica. Quando cheguei ao hospital, fui levado ao corredor, onde um homem estava morto em uma maca. O diretor do hospital me disse que a vítima poderia ser o cantor Gonzaguinha, mas ele não tinha certeza. Quando ele retirou o lençol que estava sobre o corpo, tive a certeza e fui o primeiro repórter a confirmar a notícia.

 

Entrevistando a presidente Dilma – No ano passado, também tive um momento importante, ao ter a oportunidade de entrevistar a presidente da República. Ficar frente a frente com a figura política mais importante do país é algo que nos engrandece.

 

Lições de vida das pessoas simples – Citei pessoas famosas, mas confesso que em todo este período sempre aprendi com as pessoas mais simples, mais humildes. Estas é que nos mostram lições de vida e o verdadeiro aprendizado. Seja em bons ou maus momentos.

 

Trabalho gratificante – Trabalhar no rádio em Francisco Beltrão é muito gratificante. Por si só o rádio já tem toda a sua magia e nunca vai perder o seu encanto. Mas no Sudoeste existe um diferencial. Mesmo com os avanços da mídia e de opções, aqui as pessoas ouvem e valorizam o rádio. Por isso acredito que o futuro continua promissor. Hoje existem muitos meios de interagir com o ouvinte. Ele participa diretamente do que fazemos, criticando, sugerindo ou elogiando. Esse contato aumenta ainda mais a nossa responsabilidade e, principalmente, o compromisso com a verdade.

 

Vínculo com os ouvintes – Quero destacar ainda que as pessoas confiam e muito nas pessoas que atuam nos meios de comunicação. Na maioria das vezes, as pessoas nos procuram para relatar os seus problemas, seus conflitos. Mais que isso, elas procuram auxílio para resolvê-los. Isso cria um vínculo, uma fidelidade, e mostra a responsabilidade de cada um de nós na área em que atuamos.

 

Ótimo relacionamento – Em todo este período, também procurei ter um ótimo relacionamento não só com os meus colegas de trabalho, mas com os companheiros dos demais órgãos de imprensa. Acredito que esta relação é das melhores. Pra finalizar, eu quero agradecer a todos os meus companheiros de trabalho. Os do passado e os atuais. Sozinhos não somos ninguém. Somente o trabalho em equipe, todos jogando no mesmo time, é que dará o resultado esperado.

 

Muito melhor – Uma última colocação: trabalhar onde a gente gosta é muito bom. Agora, fazer o que gostamos, trabalhar onde a gente gosta e estar diariamente ao lado das pessoas que a gente gosta é muito melhor!

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