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Francisco Beltrão
quinta-feira, 29 de maio de 2025

Edição 8.214

29/05/2025

Parto no sistema antigo, 40 dias sem lavar a cabeça

Geral

Sidnei, Silvânia, Domingos, Simoni e Neci. Foto de 2015, durante a festa das bodas de ouro do casal Neci e Domingos Radin.

No passado, quando uma mulher ganhava um bebê, os antigos seguiam vários costumes que hoje, com o avanço da tecnologia, já não existem mais. Nesta edição, as mães: Neci Radin e Fabiane Girardi vão contar como foi a dieta delas. A Neci conta no sistema antigo e a Fabiane, no jeito atual. Neci mora no Bairro Aeroporto (KM-4), em Francisco Beltrão. Neci teve seus três filhos, Silvânia, Sidnei e Simone todos em casa, de parto normal e pelas mãos de parteiras. Neci está com 75 anos. Ela foi casada com Domingos Radin durante 56 anos. Dia 9 de setembro fez um ano que ficou viúva.

Quando Neci estava grávida da Silvânia, ela lembra que trabalhou o dia todo, na roça, ajudando o Domingos. À tarde, arrancou mandioca, puxou pasto, tirou leite e preparou a janta. Às 21h, começou a sentir as dores do parto. Então, o Domingos pediu pro peão Bilo ir chamar a parteira, a nona Porpócio, que morava na Linha São Marcos. Nona Porpócio logo chegou para fazer o parto, pois veio em seu cavalo.

Deu tudo certo durante o parto. Às 2h da madrugada nasceu a Silvânia. Dois anos depois, às 23h, nasceu o Sidnei. A parteira foi, novamente, a nona Porpócio. Em mais uma vez, Bilo foi chamá-la. Depois de três anos, a Neci estava grávida da Simone. No dia do nascimento, ela trabalhou o dia todo e, à tarde, ajudou a trilhar milho. Era Neci que enchia as latas de milho. Às 16h30, sentiu que, pelas dores, logo iria nascer. Chegando em casa, tirou o leite e fez uma polenta pra janta e começou a sentir as contrações. Imediatamente, seu cunhado Balduíno Daros pegou seu Jeep e foi buscar a parteira. Dessa vez foi a nona De Carli. “O nascimento da Simone foi rapidinho”, diz Neci. Às 21h, ela nasceu. Neci fez a mesma dieta com os três filhos. Seguindo o sistema antigo e sempre contando com a ajuda da sogra.

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Neci ficava sete dias sem sair do quarto. Enfaixava o umbigo, enrolava uma faixa larga chamada de ‘coero’, onde prendia os braços e as pernas dos bebês, que ficavam bem durinhos e retinhos, sem poder se mexer. As crianças ficavam enfaixadas, assim, por três meses.

Durante 30 dias, a mãe só comia sopa de galinha caipira, canja com pão torrado e misturava pó de noz moscada pra dar mais energia. Os alimentos eram feitos na hora, todos os dias. Depois, aos pouquinhos, comia arroz, feijão e carne. Lavar a cabeça, só depois de 40 dias. No cabelo só passava um talco.

O banho era de bacia e dentro do quarto. Não podia sair no sereno. Neci usava um lenço na cabeça. A primeira saída do nenê era para ir na igreja ou pra batizar. Neci nunca teve acompanhamento médico, nem antes e nem depois dos partos. Seus filhos nasceram saudáveis, e com a média de três quilos cada. Neci lembra que os partos eram bem sigilosos.

Quando as mães iriam ter mais um filho, o mais velho era levado pra casa de um vizinho. Só voltava quando o maninho já havia nascido. Daí, os pais falavam que foi a cegonha que trouxe ou que eles tinham achado lá no banhado do sítio, e todos acreditavam.

Neci lembra que, quando era menina, muitas mães morriam durante o parto, pois não tinham recursos. Ela agradece a Deus pois, com ela, sempre foi tudo muito bem.

O casal Fabiane e Edilson Nunes, com o filho Bento, nascido no dia 21de agosto. A família, dia 12 de setembro, estava na Igreja Cristo Rei, da Cango, na primeira missa que Bento participou.

Fabiane Girardi e Edilson Nunes residem no Bairro São Cristóvão, Francisco Beltrão. Bento é o primeiro filho do casal. O garoto nasceu dia 21 de agosto, um sábado, às 9h43, na Policlínica São Vicente de Paula. O parto foi por cesariana. O médico que acompanhou toda a gestação da Fabiane foi o dr. João Manoel Gonçalves. Mas a cirurgia foi feita pela médica de plantão, dra. Mariana Torres. Deu tudo certo durante o procedimento. Ao contrário da Neci, Fabiane parou de trabalhar dez dias antes do Bento nascer.

No sábado mesmo, ela já tomou um banho e se alimentou normalmente, porém, com mais cuidado e não enfaixou nem o umbigo do Bento.

Na terça-feira, dia 24, lavou a cabeça. Saiu do hospital e ficou uns dias na casa da sua mãe, a Salete, que a ajudou, devido à cirurgia. Na semana seguinte levou o Bento consultar e foi na missa com o filho. O batizado do Bento aconteceu no dia 12 de outubro, na Capela Nossa Senhora Aparecida, do Bairro Novo Mundo e está tudo bem com Fabiane e Bento (e Edilson).

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