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Francisco Beltrão
domingo, 22 de junho de 2025

Edição 8.230

21/06/2025

Pedro João Rodrigues de Moraes: um cristão devoto dedicado à vida em sociedade

 

Autoridades municipais de Verê e familiares do homenageado, no ato inaugural. 
Foto: Assessoria

 

O ano é 1950. A região Sudoeste ainda pouco colonizada. Muitas áreas de mato, estradas de difícil acesso e o transporte em sua maioria feito com cavalos ou bois. Foi época que a atual comunidade de Maracajá, no interior de Verê, recebia o catarinense Pedro João Rodrigues de Moraes acompanhado do irmão João. Pedro, assim como o do Bíblia, foi um cristão devoto e cheio de entusiasmo. Pioneiro do local e um dos responsáveis pela abertura da estrada de acesso de Sede Progresso a Maracajá, que agora leva o seu nome, após a Lei Municipal 235/2017.
Nascido na comunidade de Tenente no Município catarinense de Araranguá no dia 19 de dezembro de 1929, Pedro Moraes, como ficou conhecido, teve uma infância bastante difícil ficando órfão de pai aos quatro anos. Devido a necessidade, aos oito anos deixava a infância de lado para trabalhar ‘catando inço’ no meio das lavouras de arroz e aos 16, passou para as minas de carvão, em Criciúma.
Em busca de novas oportunidades mudou-se para o Paraná, cidade de Pato Branco em 1948, acompanhando a família de Izaltino Teixeira, para trabalhar na lavoura. Após passagem por Barra Grande, no Município de Itapejara, foi na Comunidade de Maracajá (Verê), em 1950, que Pedro Moraes decidiu fixar raízes e investir o dinheiro que havia arrecadado com o trabalho duro nas minas de carvão. 
O lugar abençoado também lhe trouxe uma companheira em 1951: Ceni Benta dos Reis, também catarinense, de Praia Grande, que havia se mudado para a região junto com a família. Após um namoro de pouco mais de um ano, o casal se uniu em matrimônio em 1952.
A terra fértil do local, que tudo que se planta se colhe, também rendeu uma boa colheita de herdeiros, 10 ao total: Alenir, Agenor, Alorino, Benta, Izaurina, Alécio, Assis, Antônio, João Alberto e Pedro Filho. “O pai e a mãe eram muito unidos. Eles tinham amor verdadeiro um para com o outro”, testemunham os filhos, reunidos para contar um pouco das lembranças do ‘velho-guerreiro’.
Pela definição dos filhos um cristão devoto que passava muito tempo rezando e sua arma era o rosário. “Vamos tirar o leite, arrumar a criação e depois todo mundo pra Igreja”, lembram os herdeiros da frase repetida todos os domingos.
Dedicado a vida social, em tempos em que o transporte era difícil, não ia pra cidade sem antes perguntar aos vizinhos se precisavam de alguma coisa, que trazia sem cobrar frete. Entre os grandes feitos os filhos lembram com orgulho que foi o primeiro capelão e o primeiro catequista da Igreja Nossa Senhora Aparecida da Comunidade Maracajá. Também foi inspetor de quarteirão e uma vez por mês ia a cavalo para Clevelândia levar um relatório das ocorrências locais. Na revolta dos posseiros em 1957, foi um dos líderes na região em que enfrentaram os jagunços garantindo a manutenção das terras de muitos colonos. 
Um apaziguador e cidadão dedicado à vida social que deixou a sua contribuição em importantes obras: ajudou na construção da igreja e do pavilhão de Maracajá, do Hospital do Trabalhador de Verê, além da escola na Linha Farroupilha, onde os dez filhos fizeram seus estudos. 
Nos nove alqueires de terra que comprou, junto com a esposa Cení, educou e alimentou os dez filhos. Cultivando feijão, arroz, trigo, milho, soja, batatinha e criando gado, porco e galinhas. “Uma vida sofrida mas não menos alegre. O pai era um cara bom. Sempre dizia que nossa educação devíamos a mãe, pois estava sempre conosco, nas lidas. O pai saía para ajudar na sociedade e mãe tomava conta”, lembram os filhos. 
Em 2005 a união se rompeu com a morte da esposa. Motivo que fez com que as forças do ‘Seo’ Pedro diminuíssem, finalizando sua missão no dia 12 de novembro de 2012. Porém as fortes raízes regadas com muito carinho e união entre a família, fez com que a terra fecunda reproduzisse os Moraes, que hoje somam 66 herdeiros, entre filhos, netos, bisnetos e tataranetos.

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