Em 12 meses, queda já chega a 4,5% no Paraná e 3,4% no Brasil.

O faturamento real (descontada a inflação) do comércio varejista paranaense caiu 0,2% em março deste ano em relação ao mesmo mês de 2014. Na média nacional houve recuo de 0,7%, segundo a Pesquisa Mensal do Comércio realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada ontem, 14. Esses resultados são da pesquisa ampliada, que contempla, além do varejo, as atividades de veículos, motos, partes e peças e de materiais de construção.
No Paraná, os setores que mais influenciaram os resultados foram livros, jornais, revistas e papelaria (-10,3%), tecidos, vestuário e calçados (-6,9%), veículos, motocicletas, partes e peças (-5,7%), e móveis (-4,4%).
Setores mais prejudicados
No acumulado do primeiro trimestre do ano, o comércio varejista paranaense recuou 5,2%, ante decréscimo de 5,3% na média nacional. As principais contribuições negativas vieram dos ramos de veículos, motocicletas, partes e peças (-15,5%), livros, jornais e revistas (-14,2%), material de construção (-8,1%) e tecido, vestuário e calçados (-6,3%).
Queda de 4,5% em um ano
Já no indicador acumulado em 12 meses, encerrados em março de 2015, as vendas do comércio regional caíram 4,5%, contra queda de 3,4% na média nacional.
Para o economista Francisco José Gouveia de Castro, do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), os resultados do comércio varejista paranaense em março de 2015 são uma consequência da redução da renda líquida disponível dos consumidores.
“Isso decorre da combinação do aumento do endividamento das famílias, da elevação dos juros, da interferência da aceleração da inflação no poder aquisitivos dos consumidores e, principalmente, do aumento das incertezas em relação ao futuro da economia nacional”, afirma Gouveia.
Na mensuração restrita, que não considera os ramos de veículos, motos e material de construção, o volume de vendas no Estado subiu 2,4% no mês de março, cresceu 2,2% no acumulado do primeiro trimestre de 2015 e avançou 1,9% no acumulado em doze meses (terminados em março).
No Brasil, o faturamento comercial mostrou variação positiva de 0,4% no mês, redução de 0,8% no acumulado do ano e crescimento de 1% em doze meses.
As principais retrações em vendas
– veículos, motocicletas, partes e peças: -15,5%
– Livros, jornais e revistas: -14,2%
– Materiais de construção: -8,1%
– Tecido, vestuário e calçados: – 6,3%
No setor de atacado, queda nas vendas é maior
Para o empresário Euclécio “Kecho” Goldoni, proprietário de distribuidora de calçados e de rede de lojas neste segmento, a retração nos negócios no atacado foi maior que os índices constatados pela pesquisa da Fecomércio. “No atacado caiu até mais, na faixa dos 18%”, sublinha.”
Ao analisar o desempenho das vendas no varejo, Kecho diz que na região Sudoeste a queda está na faixa dos 6%, como constatou a pesquisa, “mas tem região que (a baixa) chega até 18%”. A recessão econômica e os aumentos das taxas de inflação e de desemprego forçaram as pessoas a reduzir os seus gastos.
Além destes fatores, as pessoas estão tendo que pagar o Imposto sobre Propriedade de Veículo Automotor (IPVA) – no Paraná o imposto teve aumento de 40% -, o Seguro Obrigatório de Veículos (DPVAT) e também há pessoas com receio de perder seus empregos. “Isso tira o dinheiro de circulação do comércio”, resume o empresário.
Kecho lembra que há muita inadimplência no comércio. Isso, por si só, já limita o poder de compra das pessoas.