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Francisco Beltrão
domingo, 25 de maio de 2025

Edição 8.211

24/05/2025

Pioneiros da Vila Nova atendem em sua loja há 60 anos

“Acho que são os únicos no mundo, casal nessa idade atendendo em sua loja não vai existir”, diz o filho Kecho.

Hilário e Maria Goldoni em frente a sua loja, na Avenida União da Vitória, que fica a apenas uma quadra de sua casa.

Na Avenida União da Vitória, próximo à esquina com a Rua Argentina, num prédio de piso único para a rua, tem duas lojas, a Goldoni Calçados, que é atendida por um homem, e a Maria Modas, que é atendida por uma mulher. Internamente tem um corredor que liga as duas lojas, que pertencem a um casal de pioneiros do Bairro Vila Nova: Hilário e Maria Goldoni.

O que chama a atenção é a idade dos dois: 82 anos. Todos os dias eles saem de casa a pé (fica a apenas uma quadra) e atendem de manhã e à tarde, sozinhos. Eles não têm funcionários, nem empregada doméstica. “Me incomodei muito com peão, então faço tudo sozinho”, diz seu Hilário. Ele revela que gostaria mesmo é de ter uma fazenda, “mas tudo é caro pra comprar, então fico aqui, tá bom assim, tá cem por cento”.

“Acho que são os únicos no mundo, casal nessa idade atendendo em sua loja não vai existir”, diz o filho Euclécio, o popular Kecho, proprietário da Calcebel Calçados.Euclécio é o segundo dos três filhos: Elizabeth, esposa de Jorge Maraschin, reside em Francisco Beltrão; Éwerson, o Preto, está em Palmas. Os filhos já lhes deram nove netos e sete bisnetos.

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Aos 82 anos, Hilário Goldoni continua sempre ocupado. “Ficar devarde não dá, trabalhar é bom, não pode parar”, ele diz. Além da loja e o envolvimento com a família, gosta de caçar, mas de um jeito diferente. Sem armas. Solta seus dois cachorros no mato só pelo prazer de vê-los “correndo atrás dos bichinhos”.

60 anos de Francisco Beltrão
Hilário nasceu em 3 de maio de 1938 (completa 83 anos nesta segunda-feira). Seu pai era agricultor em Ponte Serrada (SC). Quando mudou para Francisco Beltrão, em 1960, já era casado com dona Maria Bizzatto Goldoni e tinha a filha mais velha, Elizabeth; Euclécio e Éwerson nasceram aqui (mais o Eunevio, que é falecido).

Numa sociedade com dois Ires — Ires Goldoni, seu irmão, e Ires Macagnan —, abriu a empresa Hilário Goldoni e Cia., razão social que continua ativa, mas agora só dele e da esposa, porque seus sócios já faleceram.A Hilário Goldoni e Cia. comprava porcos pra vender em São Paulo. Hilário era um dos motoristas, com um caminhão F600 (Ford), para 6.000 quilos. Na volta, trazia açúcar e outras mercadorias para sua loja. “Naquele tempo corria dinheiro que nem água, uma carga de porco dava um saco desse tamanho. Levava no banco com um fecho de dinheiro assim, deixava lá pra contar.”

Naquele tempo nem existia a Avenida União da Vitória. “Quando cheguei tinha só umas sete ou oito casas aqui na Vila Nova”, conta Hilário, referindo-se aos arredores de sua morada, que hoje está toda urbanizada, mas naquele tempo ficava na estrada que seguia para a Seção São Miguel (atual Rua Londrina). Ajudado por dona Maria, começa a citar nomes: “Tinha o Coser, o Raldi, o Martini, o Marcon, o Adão Côman, e só”.

Compraram terreno com casa do Basílio Marcon. Cinco anos depois, reconstruíram, na esquina das ruas Londrina e Argentina. Dona Maria diz que é a única residência, ainda em pé, construída naquela época.

Falta calçada
Tanto seu Hilário como dona Maria gostam do lugar onde moram e trabalham. Dizem que a crise da pandemia cortou as vendas em 50%, mas ainda vendem porque têm muitos conhecidos, clientes de longa data; e a Avenida União da Vitória é bem movimentada. Uma queixa do casal é a falta de passeio na Rua Argentina, atrás do Colégio Estadual Beatriz Biavatti. É por ali que eles passam, todos os dias, a pé. A rua é estreita, quando dois carros se encontram, o pedestre precisa “ir pro mato”, onde devia estar o passeio. “Já pedi desde o tempo do prefeito Reichembach, mas ainda não fizeram”, revela seu Hilário.

Hilário e Maria Goldoni num encontro de família, com filhos, nestos e bisnetos.

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