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Francisco Beltrão
quinta-feira, 29 de maio de 2025

Edição 8.214

29/05/2025

Pipoqueiro palestra na Unipar

Pipoqueiro palestra na Unipar

Valdir Novaki antes de sua palestra, na Unipar.

Um ex-bóia-fria que saiu da pequena São Mateus do Sul, no interior do Paraná, e foi parar em Curitiba, hoje faz o maior sucesso. O motivo é a famosa Pipoca do Valdir que caiu no gosto da clientela da capital e deu um estouro na vida de Valdir Novaki, 40.

Depois de esperar 12 anos para receber a licença e começar o negócio, agora ele se divide entre seu carrinho de pipoca e as palestras que faz em todo o Estado. Sobre a vida que leva estourando pipoca.

Na última quinta à noite, a Pipoca do Valdir foi um dos temas da Semana Acadêmica do curso de Administração da Unipar, em Francisco Beltrão. O negócio faz tanto sucesso que já virou pauta de telejornais estaduais e de revistas nacionais. No site do pipoqueiro (www.pipocadovaldir.com.br), são encontradas curiosidades, fotos, o contato dele e até algumas receitas de pipoca.

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Mas e qual será o segredo para uma vida profissional bem sucedida? Não é nenhum mistério. Pelo contrário, o próprio pipoqueiro faz questão de compartilhar as estratégias.

Atitudes apreendidas com a vontade de crescer diante dos desafios apresentados pela dura vida na roça. ?Eu disse pra minha mãe, se for pra passar necessidade, quero passar lá na cidade grande?, ensina o ousado pipoqueiro. 

O ponto da pipoca
A popular Pipoca do Valdir pode ser encontrada só em Curitiba, na Praça Tiradentes, em frente da Catedral Basílica. Diferente da pipoca dos concorrentes, a do Valdir tem vários atrativos. Além de um produto de qualidade e bem preparado, a primeira preocupação do empreendedor foi com a higiene do local de trabalho.

?O meu diferencial está em cima da falha do meu concorrente, a limpeza. Primeiro porque não tenho contato manual com os alimentos. A abertura do pacote é com material desinfetado com álcool em gel 70%. E o cliente ainda recebe o ?Kit-higiene? que tem um guardanapo, um sache personalizado com fio dental, uma bala de menta e um folder sobre os produtos e horários de atendimento.?

Os carrinhos de pipoca de Curitiba são padronizados com cor e tamanhos iguais. Mas no ponto da Pipoca do Valdir, além de limpeza e organização, os clientes encontram o dono com uniforme, um jaleco branco para cada dia da semana.

A pipoca custa R$ 2,50. Só 50 centavos a mais que a dos concorrentes. ?Antes de mudar para este preço eu avisei todos os clientes 60 dias antes?, lembra Valdir.

A capacidade máxima de produção do pipoqueiro é de 800 pacotes por dia. E o lucro de cada produto é de 150%.

?A primeira coisa que eu fiz quando comecei a ganhar dinheiro foi colocar meu filho em uma escola particular para que ele não sofra como eu sofri por ter estudado só até a 4º série. Hoje eu posso dizer que tenho uma boa casa, plano de saúde que antes eu não tinha; uma vida confortável.?

A história de Valdir
Casado e pai de um filho, Valdir Novaki é natural de São Mateus do Sul, onde vivida com os pais e os irmãos. Cansado da vida simples na roça, ele decidiu morar na ?cidade grande?.

Chegou a Curitiba aos 12 anos de idade. Seu primeiro emprego foi como manobrista de estacionamento. Depois passou a trabalhar em uma banca de revista. Foi quando percebeu seu potencial e decidiu lutar por seu negócio próprio.

?Eu via os vendedores ambulantes e isso me despertou a curiosidade. Eu ainda não pensava em pipoca?, conta. Enquanto isso, Valdir esperou 12 anos para receber a licença da Prefeitura.

?Todos os anos eu ia renovar o meu cadastro. Não desisti. Quando me deram o ponto, o dinheiro que eu tinha só dava pra comprar um carrinho de pipoca?, recorda o homem com um sorriso de gratidão.

?Quando eu comecei a fazer pipoca, as pessoas não vinham comprar no meu carrinho. Aí eu pensei e pedi pra minha esposa emprestar R$ 500 do pro patrão dela. Peguei o dinheiro e fiz mil convites para distribuir convidando as pessoas pra comer uma pipoca de graça. Só distribui 570 convites do mil. Não vencia fazer pipocas porque as pessoas começaram a trazer os amigos e a ver que o meu trabalho era diferente?, conta.

Sem medo da concorrência
Ao conhecer a história, é fácil imaginar que tamanha experiência e iniciativa poderiam dar ao Valdir uma vida de pipoqueiro, palestrante e de consultor para venda de pipoca. Mas essa é justamente a sua próxima meta.

?Estou vendo para fazer uma palestra de graça para os concorrentes. Se todos fizerem como eu, também vão ganhar dinheiro. Porque eu já não consigo atender tantos pedidos. Curitiba é muito grande. Quero ajudar as pessoas?, confessa.

?Tem gente que anda dez quadras só pra comer da Pipoca do Valdir.?

Do seu lucro com a venda de pipoca, Valdir ajuda duas entidades carentes da capital paranaense. E para se desligar dos compromissos de trabalho, a boa renda que vem da praça está longe de se comprometer com uma vida de luxo.

?Eu não quero sair do meu ponto. Quero continuar ali, enfrentando sol ou chuva. Nem quando vou pescar me desligo dos meus dois trabalhos, a pipoca e as palestras. Estou sempre pensando em novas ideias?, ensina.

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