Geral

Esta é uma pergunta que também intitula um essencial livro da psicanalista Elizabeth Roudinesco. A psicanálise é uma abordagem que trabalha com o que mora nas profundezas do inconsciente, como memórias, traumas, desejos reprimidos, mecanismos de defesa e outras verdades do desejo que não são encontradas prontas, mas que estão camufladas a fim de que sejam suportadas.
Neste formato de tratamento, o psicanalista é um facilitador para que o paciente consiga montar o seu quebra-cabeças interno, favorecendo para que a angústia atenue. Certamente não é simples ficar cara a cara com suas próprias questões. Conhecer a si mesmo requer boa dose de tempo e valentia.
A psicanálise não classifica o indivíduo, nem tenta adaptá-lo à sociedade segundo um modelo tido supostamente como ideal. Em uma análise, o poder está nas palavras e na sua interpretação. Por isso, em geral, é um tratamento que pode ser mais demorado, porém, que desenvolve autoconhecimento para lidar com as possíveis adversidades da vida.
A psicanálise não é uma abordagem específica para transtornos mentais. Qualquer pessoa pode se beneficiar com ela. Enquanto algumas situações exigem tratamento farmacológico, algumas tristezas, lutos, desilusões e frustrações não devem ser encaradas como doença, portanto não podem ser resolvidas com medicamentos porque são naturais à condição humana, da qual não podemos ser curados. O que podemos fazer, por meio da escuta, é aprender a lidar com nossas desventuras.
Quando nossa preocupação gira somente ao redor do sintoma, ou seja, aquilo que nos causa algum mal-estar, perde-se um tempo valioso. Simplesmente abafar o sintoma faz com que ele mude de máscara, e volte a causar desconforto. Engana-se quem acredita que um sofrimento psíquico pode ser simplesmente retirado de forma cirúrgica. Pelo contrário, requer uma busca por sua origem que perpassa por ressignificações e aprendizados. Algo que somente pode acontecer por intermédio da linguagem.
Se a vida parece um fardo difícil de se carregar, procure ajuda.