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Francisco Beltrão
quinta-feira, 29 de maio de 2025

Edição 8.214

29/05/2025

Por que uma árvore cai?

Por que uma árvore cai? Porque foi uma espécie inadequada, plantada num local também inadequado.

Passados os eventos climáticos extremos das últimas semanas, que atingiram, principalmente, o Sul do Brasil, ficou evidente a destruição causada pelas chuvas, ventos e granizo, com danos diversos ao patrimônio público e particular, assim como feridos e vidas que foram atingidas, resultando em 13 mortes, sendo que, destas, apenas uma pessoa veio a falecer por motivo de queda de árvores em Santa Catarina. Atualmente, no Paraná, numa busca rápida da ocorrência de quedas de árvores em mídia aberta na internet, de janeiro a julho (até 8/7/2020), verificaram-se 1.011 registros de queda de árvores em áreas urbanas em 35 municípios e, destes registros, 81,8% ocorreram durante a passagem do Ciclone Bomba no dia 30/6/2020. Diante de tal cenário, vem a pergunta: “Porque uma árvore cai?”. Vamos analisar os principais motivos, os quais impomos às árvores em ações do dia a dia: – Espécie inadequada ao local: quando se planta uma espécie inadequada ao espaço existente para o plantio, ela sofrerá diversos níveis de estresse durante seu crescimento, que levarão a mesma a estar propensa à queda; – Preparo da cova e mudas para arborização urbana: esse é um ponto de grande impasse, qual o tamanho para uma muda de árvore ser plantada na rua, praças ou parques nas cidades? A melhor escolha é uma muda com mais de 1,80m de altura e com embalagem adequada ao tamanho da parte aérea (vasos grandes). A realidade regional, no entanto, é muito abaixo deste padrão, o que ocasiona uma maior chance de insucesso no pegamento da muda e, se associarmos a uma cova aberta de forma errada, pequena demais, ou seja, com pouca largura para o desenvolvimento das raízes, vai resultar, no futuro, em uma árvore com grandes chances de cair; – Plantio em solo muito compactado: um solo muito compactado (duro) impede o adequado crescimento das raízes, deixando a árvore com estabilidade limitada e suas raízes vindo futuramente a danificar a calçada, sujeitando a queda destas por ventos e chuvas fortes; – Poda de raízes: Na construção ou reforma de calçadas, muitas vezes, as raízes são podadas (cortadas), fato que gera a perda da sustentação da árvore, pela falta de ancoramento, tornando a mesma susceptível ao vento e as chuvas extremas (mais de 50 mm num mesmo dia, por exemplo) que estão cada vez mais frequentes; – Ausência de área livre (canteiro): este problema está diretamente ligado ao anterior, onde a ausência de área livre impede a infiltração de água e o bom crescimento das raízes e da parte aérea de forma adequada. Árvore com restrição de crescimento é árvore estressada, propensa a cair; – Podas drásticas frequentes: toda a árvore que sofre poda drástica (retirada total ou da maior parte da copa viva) tem perdas significativas tanto de suas folhas como de suas raízes vivas que absorvem água, nutrientes e a sustentam em pé, deixando-a sujeita à ocorrência de pragas e doenças que a debilitam, levando a uma maior propensão à podridão de suas raízes, cancros no tronco, ataque de cupins e brocas e, por fim, a queda de seus galhos ou sua queda por inteiro. Por tudo isso, a palavra chave para diminuirmos a ocorrência de quedas de árvores é o manejo preventivo, ou seja, cada árvore plantada na cidade precisa ser acompanhada, principalmente, em relação aos itens acima, de forma que possam ser tomadas as decisões corretas em relação à cada uma. Esse acompanhamento precisa ser feito por profissionais com conhecimento profundo no assunto: os engenheiros florestais, que estudam profundamente, em sua formação, as árvores, seus produtos e serviços diversos, são habilitados legalmente pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA) para estas ações, estando preparados para fazerem a implantação, o monitoramento e o manejo correto das árvores nas cidades.

*Texto dos engenheiros florestais professora dra. Flávia Gizele Konig Brun e professor dr. Eleandro José Brun, da UTFPR de Dois Vizinhos, associados da Associação dos Engenheiros Florestais do Sudoeste e Oeste do Paraná (Aefos) e conselheiros do CREA-PR.

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