“Costumo dizer aos meus filhos e netos que as pessoas podem se colocar no lugar do outro, amar o outro, perdoar, ajudar o próximo; quem ajuda, recebe amor”, diz a aniversariante.

Maria Narciza da Silva Santos nasceu dia 15 de dezembro de 1940, em Morretes (PR). Filha de Nonato Marques da Silva e Rosa Chierigatti. Viúva de Valdomiro da Silva Santos, mãe de Lilia Cristina, Lilian Carla e Sérgio Maurício, avó da Gabriele, Izadora, Sérgio Júnior e João Vítor. Ela é professora aposentada de Educação Física e artesã.
Quando era criança, Maria Narciza aprendeu a fazer crochê, bordado e costura com a avó Narciza. A família morava em Morretes e, na adolescência, foi estudar em Curitiba. Uma colega de pensão fazia desenhos para ela levar para os alunos no estágio. Um dia, a colega disse que Narciza era capaz de desenhar e ela começou a fazer os desenhos para as crianças.
Depois de formada, durante as aulas trabalhava teatro e produzia os bonecos para o teatro de fantoches. Sempre muito criativa, trabalhava recreação, brincadeiras com música, folclore e danças.
Em 1969 seu Valdomiro veio trabalhar em Francisco Beltrão, e como Narciza era professora do Estado conseguiu transferência para cá. Ela trabalhou muitos anos no Sesc, no Colégio Glória, além de escolas estaduais do interior.
Quando os filhos eram pequenos, e as condições financeiras não eram muito boas, Narciza queria fazer festas de aniversário para os filhos, daí começou a fazer bolos, doces e decoração das festinhas, e passou a fazer bolos para as amigas e vizinhas. Depois, foi para Curitiba fazer curso de chocolates e passou a fazer chocolates artesanais. “Sempre gostei muito de fazer comida, tenho vários livros de receitas e já ensinei muitas pessoas, as preferidas são as receitas de Natal”, diz Narciza.
Algum tempo depois ela fez curso de flores em tecido para vestidos, aprendeu também a fazer enfeites de Natal e durante 15 anos ela enfeitou sua casa e abriu para visitação pública. Era uma atração à parte na época do Natal, já chegou a ter 120 papais noéis, além de anjos, árvores de Natal, bolas e luzes.
A casa ficava totalmente decorada e encantava os visitantes. Foi então que Tânia Penso Ghedin convidou a professora Narciza para ajudar a realizar o Natal Ecológico de Francisco Beltrão. Elas usaram materiais recicláveis e enfeitaram a cidade toda; depois disso a professora foi convidada para ir para Canaã dos Carajás, no Pará, ensinar a fazer enfeites natalinos.
Dona Narciza sempre foi muito ativa e caridosa, sempre pensando em ajudar as pessoas. Durante os anos que enfeitava sua casa para o Natal, recebia doações de fraldas, que eram repassadas para Casa Abrigo.
Ela também doava cestas básicas e alimentos para pessoas carentes. Devota de São Francisco, sempre teve este espírito solidário e se preocupou com o próximo. Enfim, é dando que se recebe. “Costumo dizer aos meus filhos e netos que as pessoas podem se colocar no lugar do outro, amar o outro, perdoar, ajudar o próximo; quem ajuda, recebe amor”, enfatiza Narciza.
Uma pessoa muito ativa, que, após se aposentar, não parou, frequentou diversos cursos. Recentemente terminou um curso on-line, de bolachas. Dona Narciza está conectada e usa a internet para se aperfeiçoar. Além disso, em sua casa, cultiva 130 orquídeas, mantém sua coleção de canecas e está sempre procurando aprender algo diferente.
“Eu nunca me preocupei com a idade, algumas vezes custo acreditar que estou completando 80 anos, sou bastante ativa, gosto de aprender e ensinar. Eu poderia me sentar no sofá e ficar vendo televisão, afinal já trabalhei muito, mas não gosto, gosto de ter alguma coisa para passar o tempo, me ocupar, talvez por este motivo eu não percebi os anos passando”, brinca Narciza.
Quando veio a determinação para todos ficarem em casa, devido à pandemia do coronavírus, a professora pensou em alguma coisa para se manter ocupada. Ela resolveu iniciar uma coleção de 80 bonecas, pelo seguinte motivo: dar de presente para meninas de famílias carentes, no mês de dezembro para o Natal, e para comemorar seu aniversário de 80 anos que é hoje, dia 15.
Quando decidiu fazer as bonecas, não tinha certeza se conseguiria alcançar a meta, mas dois meses antes do Natal já tinha confeccionado todas as. A professora Narciza já sabia fazer bonecas, porém resolveu se aperfeiçoar e, pela internet, fez cursos para produção das mesmas. Ela contou com a ajuda da filha Carla para pintar os olhos e a “tata” Salete para costurar os vestidos.
Narciza conta que resolveu fazer as bonecas porque lembrava que, quando criança, ela teve apenas uma boneca. Quem sabe hoje esteja realizando o sonho de meninas que também vão ganhar sua primeira boneca.
Algumas foram enviadas para Paranaguá, outras para Morretes, algumas serão doadas para o Ceonc para meninas em tratamento de câncer, uma foi para Portugal e outra para Recife (PE). Ela ainda não tem nenhum bisneto (a), mas uma das bonecas que produziu ela já guardou e disse para os filhos e netos: esta boneca é para a minha primeira bisneta. Durante a conversa com a professora Narciza, nossa repórter July Ioris contou sobre seu desejo de ter uma filha, então Narciza presenteou July com uma de suas bonecas e disse para ela guardar para quando ela tiver sua filha.
No início ela não pensava em vender, até que veio uma preocupação: “Eu chego numa casa para entregar uma boneca a uma menina e encontro lá mais um ou dois meninos, aí não tenho nada pra dar pra eles, vão ficar sentidos. Eu já tinha recebido pedidos para comprar as bonecas e pensei: Por que não vender algumas e, com o dinheiro, comprar presentes para os meninos? E assim fui vendendo algumas bonecas e já consegui uma quantia para comprar presentes para os meninos”, relata a professora.
“Cada boneca que vendi confeccionei outra para colocar no lugar, quero entregar todas as 80 bonecas até o Natal para que estas crianças tenham seu presente”, finaliza a aniversariante Narciza.
