
Um carro, um roteiro mais ou menos definido, a companhia de amigos e disposição para percorrer, entre ida e volta, quase 3 mil quilômetros. Essa foi a receita utilizada por Ed Macagnan, 28 anos, Fábio Guerro, 26, e Marcelo Demartini, 31, ao decidirem conhecer o Uruguai sem depender de agência de viagens, companhias aéreas e afins. Uma das vantagens, diz Marcelo, é a liberdade de não depender de horários. Outro ponto positivo é poder alterar o roteiro conforme a necessidade ou a curiosidade dos viajantes.

O grupo partiu de Francisco Beltrão para Porto Alegre no dia 30 de abril. Na capital gaúcha, assistiram ao festival Monsters of Rock, com apresentações de Ozzy Osbourne, Judas Priest e Motorhead. No dia 2 de maio, os rapazes pegaram a estrada até Chuí, divisa brasileira com o Uruguai. Para entrar no país vizinho, é importante estar com os documentos do automóvel em dia e tirar a Carta Verde – seguro obrigatório exigido em todos os territórios do Mercosul.

Entrada no Uruguai
Dia 3 de maio, eles iniciaram o percurso pelas planícies uruguaias, seguindo rotas litorâneas. “O asfalto é diferente do brasileiro, parece macio, é mais poroso, quase não há curvas, só retas imensas”, relata Marcelo. Embora seja fácil trafegar pelas estradas, é bom se programar com o dinheiro – a gasolina chega a custar 5 reais o litro e refeições ficam, em média, 40 reais – e com as paradas para abastecer, já que os postos são raros e a maioria fica nas entradas e saídas das cidades.
Como viajaram em baixa temporada, os amigos não fizeram reservas de hospedagem antecipadamente. “Em todos os hostels havia pouco movimento, a gente resolveu arriscar, chegava na cidade e procurava algum”, comenta Ed. Apenas em Montevidéu o carro ficou na garagem do hostel. Nos outros lugares, “o carro ficou na rua mesmo. Não percebi se existem estacionamentos pagos, acredito que não é muito comum como no Brasil e que eles não tenham problemas com roubo de carros no Uruguai”, completa.
Durante os sete dias que os beltronenses passaram lá, conhecendo lugares como Punta Del Diablo, Laguna Negra, La Paloma, Punta Del Este e Punta Ballena, as temperaturas estiveram mais baixas que no sul do Brasil, à noite principalmente. O vento constante aumenta a sensação de frio. E eles confessam terem dado sorte, porque não pegaram chuva um dia sequer, mesmo viajando uma semana pelo litoral.
Da gastronomia tradicional, experimentaram a “parrillada”, em Montevidéu. “São vários tipos de carnes, tudo feito em uma grelha, que é chamada parrilla. A impressão que tivemos é que todas as carnes eram saborosas, mas com pouco sal para o nosso paladar, nós compensávamos com os temperos, como o chimichurri”, conta Fábio.
A volta para Francisco Beltrão aconteceu dia 9 de maio, pela cidade uruguaia de Rivera, que faz fronteira com Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul.

está vazia. As construções são rústicas, feitas com materiais alternativos.
Cabo Polonio e Colonia del Sacramento
Estreante em viagens internacionais, Fábio destaca dois dos lugares que mais gostou de conhecer: “Colonia Del Sacramento por ser uma cidade histórica, mas com várias opções de bares, restaurantes e hostels. A cidade é muito bonita, é uma das mais antigas do Uruguai e também é a mais próxima da Argentina. Fica a uma hora de balsa de Buenos Aires”, diz. Mas, segundo ele, o lugar mais impressionante é Cabo Polonio. Na reserva ambiental existem aproximadamente 400 casas, a maioria está vazia, feitas de forma rústica e com materiais alternativos. Apenas 40 “nativos” moram na vila atualmente, mas a praia recebe muitos turistas na alta temporada. “Lá não tem energia elétrica, isso deixa o lugar ainda mais bonito, ainda mais quando é noite de lua cheia. Logo na chegada tivemos o cartão de visita. O cabo é um braço de terra com mar dos dois lados, então você consegue ver o sol se pôr no mar de um lado e a lua nascer também no mar do outro lado, ao mesmo tempo”, descreve.
Ed, que já visitou Argentina, Chile, Peru e Bolívia, compartilha a opinião do amigo. “O lugar é surreal. Primeiro que você não chega com seu carro lá, você para em um local onde compra um ingresso para entrar e deixa seu carro em um estacionamento, a viagem até Cabo Polonio é feita de caminhão 4×4, próprio para levar e trazer os turistas que visitam a vila”, relata. Mesmo havendo restaurantes e hostels, que possuem geradores próprios, não é permitido novas construções, com a intenção de preservar a o local. A internet, onde havia, era liberada somente uma hora por dia. Conforme define Ed, Cabo Polonio é, realmente, “um local para esquecer o resto do mundo”.
