
Diretor do Sindicato das Indústrias Avícolas do Paraná (Sindiavipar) e da Gralha Azul Avícola, de Francisco Beltrão, Roberto Mano Pécoits tem visão diferente em relação aos que criticam o setor e a remuneração aos integrados. Ele argumenta que “os críticos do sistema integrado vem aí dizendo que é um setor contido, que a história desmente esse discurso por todos esses dados. Na verdade, o produtor bom todo ele já construiu um segundo aviário, todo ele quer construir e investir mais, porque ele tem resultado e isso não há duvidas, e os periféricos dessa atividade avícola, diferentemente de outro tipo de indústria que venha pro município, a indústria do vestuário, por exemplo, não tem todo esse poder de capital, de sustentação”.
Pécoits salienta que a avicultura “segura o homem no campo, o que é muito importante. Eu sempre cito quando falam em segurar o homem no campo, dando um exemplo: há alguns anos atrás eu estava fazendo uma viagem pra França, na época eu era vice-presidente da União Brasileira da Avicultura, que hoje já tem outro nome (Ubabef), e estava visitando uma fábrica de ração. Então, perguntei ao proprietário, gerente lá da fabrica, se o povo francês, o contribuinte, não se revoltava de pagar aquele monte de imposto pra transformar em subsídio para o produtor de milho, que era um valor elevadíssimo, e aí a resposta dele serve bem pra ilustrar toda a história.
Ele me disse o seguinte: é muito mais barato a esse cidadão francês pagar esse subsídio do que sustentar favelas na periferia da cidade. Então isso tem que ter esse foco, quanta gente ficou no campo porque tem rendimento, a pessoa fica quando o rendimento dele é sustentável, ninguém fica pagando pra trabalhar, então é muito importante a gente entender o significado da indústria avícola nesse aspecto social também”.
A conversão do milho em frango
Roberto Pécoits cita outra vantagem da avicultura. No Oeste do Paraná, que tem uma grande produção de milho e soja, as cooperativas Unitá, Coopacol, Lar, Coopavel, Coopagril, Frimesa e C-Vale – absorvem grande parte da produção para transformar em ração que alimenta as criações de suínos e aves daquela região – conversão de grão em proteína animal. No Sudoeste do Paraná, as integradoras aproveitam grande parte da produção de milho para a produção de ração. Mas muitas cargas de milho e soja vêm do Mato Grosso do Sul para serem transformadas aqui em ração para aves e suínos.
“O Oeste paranaense é um grande produtor de soja e milho que deixou de exportar soja e milho pra exportar frango e o que é um grande avanço em termos de conscientização, que só faço a seguinte conta: um frango tem basicamente, sem precisar fazer muita conta científica, 65% de milho, uma tonelada de frango custa dois mil dólares, portanto, mil trezentos dólares custa dois quilos de milho (peso médio do frango para abate), uma tonelada de milho exportada custa cento e trinta. Quando ele tá caro, então nós colocamos pelo menos dez vezes o valor, exportamos o frango”.