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Francisco Beltrão
domingo, 25 de maio de 2025

Edição 8.211

24/05/2025

Saúde mental vai além da ausência de doenças psicossomáticas

Amanhã, 10 de outubro, é o Dia Mundial de Saúde Mental.

Verlaine Maria Scabeni, psicóloga e membro dos Comitês de Prevenção ao Suicídio e de Saúde Mental da Secretaria de Saúde de Francisco Beltrão.

A psicóloga Verlaine Maria Scabeni comenta sobre a importância do Dia Mundial de Saúde Mental, comemorado amanhã, 10 de outubro. “O Dia Mundial de Saúde Mental é de suma relevância, considerando que visa chamar a atenção às questões da saúde mental global, perpassando barreiras sociais, culturais, políticas e econômicas, além de combater os estigmas a respeito da saúde psicológica.”
Verlaine é membro dos Comitês de Prevenção ao Suicídio e de Saúde Mental da Secretaria de Saúde de Francisco Beltrão e integra a Comissão de Humanização do Hospital Regional de Francisco Beltrão e Ouvidora do HRSWAP. Confira a entrevista.


JdeB – Como identificar que não estamos mentalmente saudáveis?

Verlaine Maria Scabeni: Quando a qualidade de vida é afetada pela gravidade dos sintomas, e estes perduram por longos períodos, afetando a capacidade cognitiva, há indícios de que o indivíduo não está mentalmente saudável. Um dado pertinente apresentado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é de que 23 milhões de brasileiros (12% da população) apresentam sintomas de transtornos mentais, e, de acordo com as pesquisas, cerca de 5% dos brasileiros sofrem com transtornos mentais graves e persistentes. Ainda cabe mencionar que aproximadamente 50% dos adultos tendem a sofrer de doença mental em algum momento da sua vida. Para a OMS, a saúde mental vai além da ausência de doenças psicossomáticas e se caracteriza por “um estado de bem-estar no qual um indivíduo percebe suas próprias habilidades, pode lidar com os estresses cotidianos, pode trabalhar produtivamente e é capaz de contribuir para sua comunidade.

Nesse sentido, carecemos estar mais atentos às mudanças de comportamentos, emoções, pensamentos e aos sintomas, que vão desde uma alteração do sono e alimentar, até uma alteração nas relações sociais e familiares, nas atividades escolares e laborais. Os efeitos de uma doença mental podem ser duradouros ou temporários, desencadeando sérias implicações na vida de um indivíduo quando não tratado corretamente.

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Quais as principais doenças mentais?
As principais doenças mentais são transtorno de ansiedade; depressão; transtorno bipolar; esquizofrenia e outras psicoses; demência; transtornos do desenvolvimento (intelectual e autismo); transtornos alimentares, como anorexia, bulimia e ortorexia [obsessão pela alimentação saudável]; estresse pós-traumático; Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) e síndrome do pânico.


Como elas são tratadas?

As doenças mentais, em sua maioria, podem ser abordadas através de dois segmentos: tratamentos somáticos, que incluem medicamentos, eletroconvulsoterapia e outros tipos de terapia estimulando o cérebro, e tratamentos psicoterapêuticos, que abrangem psicoterapia, individual, grupal ou familiar e conjugal, técnicas de terapia comportamental, através de métodos de relaxamento ou terapia de exposição, e hipnoterapia. Lembrando que, para o resultado ser mais eficaz, é necessário que as intervenções de um tratamento venham a complementar o outro. Não menos importante, é essencial buscar manter uma rotina de vida saudável, incluindo uma alimentação balanceada, boas noites de sono, atividade física, cultivar o convívio social com amigos e familiares, o que resulta em equilíbrio da saúde mental e, consequentemente, elevação do bem-estar. Progressos extraordinários estão sendo alcançados, tanto no âmbito da Psicologia quanto da Psiquiatria, o que possibilita celeridade no diagnóstico, além de tratamentos mais adequados e eficazes de acordo com cada patologia.

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De que forma a Psicoterapia contribui para amenizar essas doenças?
A Psicoterapia vem conquistando avanços significativos nos últimos anos, uma vez que o terapeuta promove alternativas para a mudança de comportamentos, permitindo que o indivíduo obtenha perspectivas positivas para uma melhor qualidade de vida.

Na Psicologia, há diversas ênfases, como a TCC (Terapia Cognitivo-Comportamental), que tem se apresentado, segundo pesquisas científicas, altamente eficaz na redução de sintomas de doenças mentais, uma vez que auxilia o indivíduo a identificar as distorções do seu pensamento e a compreender de que maneira essas distorções causam problemas em sua vida. Desse modo, o indivíduo aprende a pensar de diferentes formas sobre suas experiências, logo, reduzindo sintomas e resultando numa melhora expressiva dos comportamentos e dos sentimentos conflitantes. Estamos vivendo um marco na história da humanidade, um cenário permeado em incertezas, sofrimentos, perdas, ausências, enfrentamentos, em que as dores emocionais estão imergindo numa proporção avassaladora.

De fato, os desafios para a saúde mental são, de certa forma, obscuros, considerando que o contexto acerca da pandemia ainda não acabou e que muitas situações de vulnerabilidade surgem diariamente de acordo com os índices. Para tanto, precisamos ter um olhar mais atento às pessoas com quem convivemos, um colega de trabalho, um familiar, um amigo. Necessitamos, principalmente, nós, enquanto profissionais de saúde mental, estarmos presentes, ouvirmos, demonstrando mais empatia, compaixão, cuidado, solidariedade e afeto nas relações, fortalecendo os vínculos e construindo redes de apoio com o intuito de evitarmos mais adoecimentos psicológicos.

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